4 frases gordofóbicas que passam despercebidas no seu dia a dia

Estas frases são comumente ditas no dia a dia!

A gordofobia é uma forma de preconceito que, muitas vezes, está tão enraizada em nossa cultura que passa despercebida em situações do dia a dia. Esse tipo de discriminação se manifesta não apenas em atitudes explícitas, mas também em palavras e frases aparentemente inofensivas. O problema é que, mesmo quando ditas com boa intenção, essas expressões podem reforçar estigmas negativos sobre corpos gordos, impactando emocionalmente quem as ouve.

É importante entender que as palavras têm poder. Elas podem contribuir para perpetuar padrões de beleza irreais, discriminação e até exclusão social. Por isso, é fundamental refletir sobre o que dizemos e como nossas palavras podem ser interpretadas. Identificar frases e comportamentos gordofóbicos é um passo essencial para construir conversas mais respeitosas, empáticas e inclusivas.

Neste texto, vamos abordar quatro frases comuns que muitas pessoas utilizam sem perceber o peso que elas carregam. Além disso, apresentaremos alternativas para melhorar a comunicação, promovendo uma convivência mais saudável e respeitosa. Essas mudanças, embora simples, têm o potencial de transformar relações e combater preconceitos de maneira significativa.

1. “Eu me sinto tão gordo”

Essa frase, comum em desabafos sobre o corpo, pode parecer inofensiva. No entanto, ao dizer isso, você associa o desconforto ou a insatisfação a um corpo gordo, como se fosse algo negativo. Caroline Burkholder, especialista em distúrbios alimentares, afirma que essa frase reforça a ideia de que gordura é algo errado ou indesejável.

Além disso, gordura não é um sentimento. Quando usamos essa expressão, desviamos o foco do que realmente estamos sentindo, como ansiedade, cansaço ou desconforto.

O que dizer no lugar disso: Substitua essa frase por algo mais preciso, como “Estou me sentindo desconfortável hoje” ou “Sinto que estou inchado”. Assim, você evita estigmatizar corpos gordos e expressa suas emoções de maneira mais clara.

2. “Você não é gorda, você é linda!”

Esse “elogio” reflete uma visão preconceituosa ao separar beleza e gordura, como se fossem características opostas. Ao dizer isso, você sugere que pessoas gordas não podem ser bonitas, perpetuando padrões irreais de beleza.

A verdade é que a beleza é subjetiva e não depende do tamanho ou forma do corpo. Quando usamos essa frase, mesmo com boas intenções, reforçamos a ideia de que a magreza é superior.

O que dizer no lugar disso: Se quiser elogiar alguém, seja direto: “Você é linda!” Não associe a beleza ao peso ou ao tamanho do corpo. Dessa forma, você valoriza a pessoa pelo que ela realmente é.

Gordofobia.
Gordofobia. Imagem: Freepik

3. “Você está incrível! Perdeu peso?”

Comentários sobre a aparência de alguém, especialmente ligados à perda de peso, podem ser prejudiciais. Muitas vezes, não sabemos o motivo por trás da mudança corporal. A pessoa pode ter emagrecido devido a uma doença, estresse ou outros fatores negativos.

Além disso, ao elogiar a perda de peso, você reforça a ideia de que corpos magros têm mais valor do que corpos maiores. Isso pode afetar a autoestima de quem ouve, mesmo que não seja a intenção.

O que dizer no lugar disso: Concentre-se em outros aspectos, como a energia ou o estado emocional da pessoa: “Você parece tão feliz hoje!” ou “Adoro o brilho nos seus olhos!” Esses elogios são mais genuínos e não se baseiam em padrões estéticos.

4. “Estou tão fora de forma”

Embora comum em conversas informais, essa frase está carregada de idealizações sobre o que significa estar “em forma”. Associar boa forma a um tipo específico de aparência física reduz a saúde a uma questão meramente estética.

Estar em forma envolve muito mais do que a aparência. Saúde e condicionamento físico englobam força, mobilidade, bem-estar mental e outros fatores que não podem ser medidos apenas pelo tamanho do corpo.

O que dizer no lugar disso: Seja mais específico ao falar sobre seu nível de atividade ou condicionamento físico. Use frases como: “Tenho me sentido menos disposto para exercícios” ou “Percebo que preciso cuidar mais da minha saúde.” Isso evita promover padrões estéticos e foca em seu bem-estar pessoal.

Qual a importância da autoaceitação?

Praticar a autoaceitação é essencial para combater a gordofobia. Segundo a psicóloga Amanda Gallo, a autoaceitação nos ajuda a abandonar pensamentos mágicos, como a ideia de que só seremos felizes se atingirmos um corpo perfeito. Ela ressalta que o bem-estar não está no futuro, mas no presente.

Aceitar o corpo não significa conformismo. Trata-se de respeitar quem você é e cuidar de si mesmo de forma saudável. Como diz a nutricionista Nathália Petry, autoaceitação não exige amar cada detalhe do corpo. É sobre enxergá-lo de forma neutra, sem vê-lo como um obstáculo para a felicidade.

Criar um vínculo de respeito com o próprio corpo é um passo fundamental para viver de maneira mais leve. Quando cuidamos de nós mesmos, passamos a valorizar nossa individualidade e entender que o corpo é uma ferramenta para experiências, e não um molde a ser preenchido.

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