Hora literária: 7 contos de Machado de Assis para conhecer o autor – parte II

Descubra mais da genialidade de Machado de Assis com 7 contos imperdíveis. Acompanhe histórias cheias de ironia, mistério e críticas sociais que marcam a obra do maior escritor brasileiro.

Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, é conhecido por suas narrativas profundas e seu olhar perspicaz sobre a sociedade do século XIX. Seus contos, muitas vezes considerados pérolas literárias, apresentam personagens complexos, ironia afiada e reflexões que continuam ressoando até hoje.

Leia também: Hora literária – conheça “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães

Nesta parte II da nossa série “Hora Literária”, mergulharemos em mais sete contos emblemáticos desse mestre das letras, desvendando camadas de significados e conhecendo um pouco mais da genialidade que eternizou Machado como um ícone da nossa literatura. Prepare-se para novas histórias que provocam, emocionam e surpreendem.

7 contos populares de Machado de Assis

1. “Pai contra mãe”, de Relíquias de casa velha
Cândido Neves e Clara enfrentam dificuldades financeiras extremas, ao ponto de considerar abandonar o filho recém-nascido na roda dos enjeitados caso não consigam dinheiro. Para evitar esse destino, Cândido decide capturar escravos fugidos como meio de sustento. Ele acaba capturando Arminda, uma escrava grávida, que implora pela liberdade, mas em vão. Assim, Machado de Assis apresenta um dilema cruel: pais lutando para criar seus filhos, mesmo que à custa do sofrimento de outros.

2. “Suje-se gordo”, de Relíquias de casa velha

Neste conto, um julgamento de um pequeno roubo expõe a hipocrisia social. Lopes, jurado do caso, critica o ladrão por roubar uma quantia insignificante, declarando que, se é para cometer um crime, deve-se “sujar-se gordo”, ou seja, roubar muito. Anos mais tarde, Lopes se vê no banco dos réus por desviar uma grande quantia de dinheiro de seu trabalho em um banco. Apesar da gravidade do crime, ele é absolvido, revelando as contradições de sua moralidade.

3. “Uns braços”, de Várias histórias

Inácio, um jovem de 15 anos, vive na casa de Borges e dona Severina. Fascinado pelos braços da mulher, que estão sempre à mostra, o rapaz desenvolve uma atração sutilmente explorada pelo narrador. Quando dona Severina percebe o fascínio de Inácio, passa a fantasiar um relacionamento com ele. A tensão culmina em um beijo entre os dois, o que leva Inácio a decidir deixar a casa.

4. “Pílades e Orestes”, de Relíquias de casa velha

A relação de amizade entre Quintanilha e Gonçalves é o centro deste conto que remete aos personagens da Grécia Antiga, Pílades e Orestes. A narrativa levanta questões sobre a intensidade do vínculo entre os dois, sugerindo a possibilidade de sentimentos além da amizade. Quando Quintanilha herda uma fortuna, surgem dúvidas sobre as verdadeiras intenções de Gonçalves. A chegada de Camila, prima de Quintanilha, adiciona mais complexidade, ameaçando abalar o equilíbrio dessa relação ambígua.

5. “A causa secreta”, de Várias histórias

A amizade entre Garcia e Fortunato revela a verdadeira natureza do último: um homem sádico que encontra prazer no sofrimento alheio. Juntos, eles abrem uma casa de saúde, onde Garcia exerce a medicina e Fortunato gerencia. No entanto, Fortunato demonstra sua crueldade ao torturar um rato e ao observar, com prazer mórbido, a agonia da própria esposa, Maria Luísa, durante sua doença.

6. “Um homem célebre”, de Várias histórias

Pestana é um compositor talentoso que alcança grande sucesso compondo polcas; no entanto, ele se sente infeliz, pois considera esse estilo musical inferior. Seu sonho é criar obras de música clássica, mas a inspiração para polcas o domina. A frustração de Pestana reflete o conflito entre o talento natural e o desejo de realizar algo grandioso.

7. “Missa do galo”, de Páginas recolhidas

Na noite de Natal, Nogueira, com 17 anos, está hospedado na casa de Meneses, um escrivão, e sua esposa, Conceição. Enquanto espera a hora de ir à missa do galo, o jovem conversa com Conceição e se sente atraído por ela. A troca de olhares e palavras carregadas de tensão criam uma atmosfera de desejo e melancolia, revelando o talento de Machado para explorar sutilezas emocionais.

BÔNUS

“Marcha fúnebre”, de Relíquias de casa velha

Cordovil, deputado e protagonista do conto, reflete sobre a morte após saber, em um cassino, do falecimento de um inimigo. No caminho de volta para casa, encontra outro morto na rua, o que o leva a imaginar como será a sua própria morte. Essas reflexões sombrias o consomem e o fazem perder o sono, mostrando o quanto a inevitabilidade da morte pode assombrar a mente humana.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.