7 traços de personalidade de pessoas autoritárias, segundo a psicologia
O estudo sobre o assunto ganhou força depois da Segunda Guerra Mundial

O autoritarismo é um fenômeno complexo que permeia diversos aspectos da sociedade, desde relações familiares até estruturas políticas. A psicologia tem se dedicado a compreender os traços de personalidade que caracterizam indivíduos com tendências autoritárias, buscando desvendar as raízes desse comportamento e suas implicações sociais. Conheça a seguir, sete traços marcantes que definem a personalidade autoritária, baseando-nos em estudos psicológicos e observações contemporâneas.
A origem dos estudos sobre personalidade autoritária
O interesse científico pela personalidade autoritária ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, em resposta aos horrores do Holocausto e à ascensão de regimes totalitários. Pesquisadores como Theodor W. Adorno, inspirados pelas teorias de Erich Fromm, dedicaram-se a investigar os fatores psicológicos e sociais que contribuíam para o surgimento e a propagação de ideologias autoritárias.
O estudo de Berkeley, liderado por Adorno, foi um marco nesse campo de pesquisa, estabelecendo as bases para a compreensão da personalidade autoritária dentro de um referencial psicanalítico e psicossocial. Embora realizado em um contexto histórico específico, as descobertas desse estudo continuam relevantes para entender as manifestações contemporâneas do autoritarismo. Confira!
1. Rigidez ideológica e moral
Visão dicotômica do mundo
Um dos traços mais marcantes da personalidade autoritária é a tendência a enxergar o mundo em termos absolutos de certo e errado, bom e mau. Essa visão dicotômica simplifica a complexidade da realidade, criando categorias rígidas e inflexíveis.
Adesão inflexível a valores tradicionais
Pessoas autoritárias frequentemente demonstram uma lealdade inabalável a valores, costumes e ideais específicos, geralmente associados a tradições conservadoras. Essa adesão inflexível pode se manifestar em diferentes áreas da vida, como religião, política ou moral.
Intolerância à ambiguidade
A rigidez ideológica se estende à dificuldade em lidar com situações ambíguas ou nuançadas. Indivíduos autoritários tendem a buscar respostas simples e definitivas, evitando a complexidade e a incerteza.
Resistência à mudança
A rigidez de pensamento também se traduz em uma forte resistência a mudanças, sejam elas sociais, culturais ou pessoais. Pessoas autoritárias frequentemente se apegam ao status quo, vendo qualquer alteração como uma ameaça à ordem estabelecida.
2. Etnocentrismo e preconceito
Superioridade do próprio grupo
O etnocentrismo é um traço característico da personalidade autoritária, manifestando-se na crença de que o próprio grupo étnico, cultural ou nacional é superior aos demais. Essa visão distorcida alimenta atitudes discriminatórias e xenofóbicas.
Rejeição do diferente
Pessoas com traços autoritários tendem a rejeitar e desvalorizar tudo aquilo que é diferente ou estranho aos seus padrões culturais. Essa rejeição pode se estender a grupos étnicos, religiosos ou culturais distintos.
Estereótipos e generalizações
O pensamento autoritário é propenso a fazer uso extensivo de estereótipos e generalizações, simplificando a diversidade humana em categorias rígidas e frequentemente negativas.
Medo da diversidade
No cerne do etnocentrismo autoritário está o medo da diversidade e da pluralidade cultural. Esse temor muitas vezes se traduz em políticas e atitudes que visam à homogeneização e à exclusão de grupos minoritários.
3. Manipulação através do medo
Criação de ameaças imaginárias
Um traço marcante da personalidade autoritária é a tendência a criar ou exagerar ameaças externas para manipular e controlar os outros. Isso pode envolver a demonização de grupos específicos ou a amplificação de riscos potenciais.
Uso de retórica alarmista
Pessoas autoritárias frequentemente empregam uma retórica alarmista e catastrofista para gerar ansiedade e insegurança na população. Essa tática visa a aumentar a dependência emocional e a submissão ao líder autoritário.
Promoção da desconfiança
Ao promover um clima de desconfiança generalizada, indivíduos autoritários buscam minar a coesão social e reforçar a necessidade de uma liderança forte e centralizadora.
Exploração de vulnerabilidades emocionais
A manipulação através do medo também envolve a exploração de vulnerabilidades emocionais das pessoas, aproveitando-se de inseguranças e ansiedades preexistentes para reforçar a narrativa autoritária.
4. Necessidade de dominação e controle
Busca por posições de poder
Pessoas com traços autoritários são frequentemente motivadas por um forte desejo de ocupar posições de poder e autoridade, seja em contextos pessoais, profissionais ou políticos.
Microgerenciamento e controle excessivo
No exercício do poder, indivíduos autoritários tendem a adotar um estilo de liderança baseado no microgerenciamento e no controle excessivo sobre as ações e decisões dos subordinados.
Intolerância à dissidência
A necessidade de dominação se manifesta também na baixa tolerância a opiniões divergentes ou críticas. Pessoas autoritárias frequentemente reagem de forma agressiva ou punitiva a qualquer forma de dissidência.
Manipulação de regras e normas
Para manter o controle, indivíduos com traços autoritários podem manipular regras e normas de acordo com seus interesses, aplicando-as de forma seletiva ou alterando-as conforme a conveniência.
5. Agressividade e hostilidade
Respostas emocionais intensas
Pessoas autoritárias tendem a apresentar respostas emocionais intensas e frequentemente desproporcionais, especialmente quando confrontadas com situações que desafiam sua autoridade ou crenças.
Uso da intimidação
A agressividade se manifesta muitas vezes através do uso da intimidação como tática para silenciar oponentes ou coagir pessoas a se conformarem com suas demandas.
Desvalorização do outro
Um aspecto da hostilidade autoritária é a tendência a desvalorizar e diminuir os outros, especialmente aqueles percebidos como diferentes ou inferiores.
Justificação da violência
Em casos extremos, a personalidade autoritária pode chegar a justificar o uso da violência como meio de manter a ordem ou punir transgressores, revelando uma perigosa escalada da agressividade.
6. Pensamento rígido e preconceituoso
Resistência a novas ideias
O pensamento rígido característico da personalidade autoritária se manifesta na forte resistência a novas ideias e conceitos que desafiem suas crenças estabelecidas.
Apego a estereótipos
Pessoas com traços autoritários tendem a se apegar fortemente a estereótipos e preconceitos, usando-os como atalhos cognitivos para interpretar o mundo ao seu redor.
Dificuldade em lidar com ambiguidades
A rigidez de pensamento também se traduz em uma notável dificuldade em lidar com situações ambíguas ou complexas, buscando sempre respostas simples e definitivas.
Rejeição de evidências contrárias
Um aspecto particularmente problemático do pensamento rígido autoritário é a tendência a rejeitar ou ignorar evidências que contradigam suas crenças, mesmo quando confrontados com fatos objetivos.
7. Simplificação excessiva da realidade
Visão reducionista do mundo
Pessoas autoritárias frequentemente adotam uma visão simplificada e reducionista da realidade, ignorando nuances e complexidades em favor de explicações simples e diretas.
Soluções simplistas para problemas complexos
Essa tendência à simplificação se estende à proposta de soluções simplistas para problemas sociais e políticos complexos, muitas vezes ignorando as ramificações e consequências de longo prazo.
Desvalorização do conhecimento especializado
O pensamento simplista autoritário frequentemente leva à desvalorização do conhecimento especializado e científico, preferindo explicações baseadas no senso comum ou em crenças pessoais.
Apelo a explicações conspiratórias
Em casos extremos, a simplificação excessiva pode levar à adoção de teorias conspiratórias como forma de explicar eventos complexos ou fenômenos sociais difíceis de compreender.
Como lidar com personalidades autoritárias?
Para lidar com pessoas autoritárias, algumas dicas são importantes:
Desenvolvimento de habilidades de comunicação assertiva
Aprender a se comunicar de forma assertiva, sem agressividade ou submissão, pode ser uma ferramenta valiosa para interagir com pessoas que exibem traços autoritários.
Estabelecimento de limites claros
Definir e manter limites claros é fundamental ao lidar com personalidades autoritárias, protegendo o bem-estar emocional e psicológico.
Busca por apoio e aliados
Construir uma rede de apoio e buscar aliados pode fornecer recursos emocionais e práticos para enfrentar situações de autoritarismo.
Promoção da educação e conscientização
A educação e a conscientização sobre os traços de personalidade autoritária podem ajudar a sociedade a reconhecer e mitigar seus efeitos negativos.
Nossa, esse texto me lembra Alexandre de Moraes.