Filosofia da linguagem: o que é, origem, objetivo e autores

Ela investiga a natureza e o significado das palavras, frases e enunciados, explorando como o fenômeno molda nossa compreensão do mundo.

Antes de embarcamos na filosofia da linguagem, me responda: quantas vezes você já se envolveu em discussões, desentendimentos ou conflitos devido a mal-entendidos? Em quantas ocasiões foi necessário fazer uma pausa durante uma conversa para que uma palavra ou expressão fosse corrigida, revisada ou reinterpretada? Se isso já aconteceu com você, veja a importância de entender o complexo fenômeno conhecido como linguagem.

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Filosofia da linguagem

Esse campo da filosofia explora não apenas o uso das palavras como meio de comunicação entre as pessoas, mas também o significado delas como termos, expressões e frases dentro do pensamento humano. Além disso, a filosofia da linguagem busca compreender o processo de internalização e externalização das ideias e sentimentos de cada indivíduo. Dessa forma, ela não se limita a analisar as interações com o mundo externo, mas também se preocupa com a formação das concepções internas do pensamento.

Origem e principais autores

A linguagem passou a ser um foco central de investigação na filosofia apenas no século XX. Anteriormente, embora fosse um tema recorrente, sua importância era secundária. Os filósofos da época começaram questionando se a linguagem era capaz de descrever o mundo de maneira fiel.

Outras questões emergiram: como a intenção do comunicador pode ser compreendida? Compartilhamos um conjunto comum de significados e estruturas de pensamento ou cada indivíduo tem um universo próprio, difícil de comunicar? Quais são as formas de linguagem disponíveis para transmitir uma mensagem? E quais são os limites desse processo? Em essência, que tipo de mundo comunicamos por meio da linguagem?

O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein é amplamente reconhecido como um pioneiro. Ele deu início aos estudos filosóficos focados na linguagem, partindo da filosofia analítica, que buscava estabelecer um sistema lógico formal capaz de representar a realidade de maneira precisa e racional.

Essa corrente filosófica contemporânea teve como principais figuras Bertrand Russell e Gottlob Frege, que consideravam os fenômenos linguísticos como elementos essenciais para definir a linguagem.

Filosofia da linguagem: o que é, origem, objetivo e autores (Foto: Unsplash).
Filosofia da linguagem: o que é, origem, objetivo e autores (Foto: Unsplash).

Wittgenstein acreditava que a linguagem só incluía proposições que refletiam fatos do mundo, podendo estabelecer uma referência concreta e verificável na realidade, como na biologia, química e física. Para ele, qualquer coisa fora disso significava dizer coisas sem sentido e operar fora do campo da linguagem.

Contudo, após começar suas investigações, o filósofo reconheceu um erro em sua visão e revisou sua tese. Em sua obra “Investigações Filosóficas”, ele passou a valorizar o contexto e afirmou que “jogamos jogos de linguagem”. Ele explicou que cada um desses jogos funciona apenas num grupo específico, em determinadas circunstâncias, e, assim, está diretamente ligado a uma interpretação particular da realidade desse grupo social.

Embora isso pareça óbvio hoje, Wittgenstein foi além: afirmou que os limites da nossa linguagem também são os limites do nosso pensamento.

É sobre compreender e ser compreendido

A compreensão da linguagem está intimamente ligada à filosofia da mente, pois investiga como as mentes do falante e do ouvinte interagem. Neste campo da filosofia, o significado das palavras vai muito além das definições dos dicionários e enciclopédias. Não se limita a isso. É algo bem mais profundo. Em vez de apenas estudar o significado em si, a filosofia da linguagem se concentra na natureza do significado, explorando como as frases formam um todo significativo mesmo quando se referem a entidades inexistentes no mundo material e, acima de tudo, como utilizamos a linguagem em contextos sociais ou para nos relacionarmos com o mundo.

Dizer que a comunicação ocorre via jogos implica a existência de diversas linguagens possíveis, cada uma governada por suas próprias regras e contextos. Aqueles que compreendem a lógica específica de um jogo de linguagem e aceitam suas regras comunicam-se de maneira mais eficaz. Sem isso, a linguagem perderia sua essência, conforme a famosa afirmação de Wittgenstein: “Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.”

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