Português na prática: quando NÃO posso usar a vírgula?

A língua portuguesa possui diversos sinais de pontuação, como a vírgula e as aspas. Um dos pontos que mais geram dúvidas é uso da vírgula. Afinal, é tão difícil compreender as regras para seu uso. Nesta matéria de hoje, o Pensar Cursos te ajuda!  Primeiro, é importante destacar: Via de regra, a vírgula, nossa amiga é utilizada para tornar o discurso organizando, separando termos dentro de uma mesma frase ou período. É essencial notar que essa separação refere-se a termos que já apresentam certa distinção.

O que é a vírgula?

A vírgula é um sinal de pontuação essencial na escrita, utilizado para separar elementos dentro de uma frase. Sua função principal é indicar uma pausa breve, ajudando a organizar as ideias e tornar o texto mais claro e compreensível. Pode ser usada para separar itens em uma lista, delimitar orações intercaladas, ou introduzir conjunções adversativas, como “mas” e “porém”. Além disso, é útil na introdução de explicações, exemplos ou frases explicativas, proporcionando um ritmo adequado à leitura. Contudo, seu uso excessivo ou inadequado pode confundir o leitor, por isso, é importante entender suas regras e aplicá-las corretamente.

Qual não usar vírgula?

Por exemplo, não é apropriado usar vírgulas para separar elementos de uma oração que possuem uma relação estreita, como sujeito e predicado, já que isso representa um erro grave, pois ambos mantêm uma conexão fundamental. Ou seja, entre sujeito e predicado, não se usa vírgula.

Exemplo:  “Joana jogou bola  a tarde inteira”. Note que entre “Joana” e “jogou bola” não há vírgula, pois NUNCA se deve separar sujeito e predicado, sendo este um erro grave de português.

Regras fundamentais de uso

Veja abaixo algumas regras fundamentais a cerca do uso da vírgula:

1. Separação de Elementos em Listas: Uma função comum da vírgula é separar itens em uma lista, o que torna a leitura mais clara e evita ambiguidades. Exemplo: “Gosto de trabalhar, ler, malhar e viajar.” Aqui, as vírgulas destacam cada item, esclarecendo a intenção do autor.

• Isolamento de Adjuntos Adverbiais: Vírgulas também são usadas para destacar adjuntos adverbiais, que são termos ou expressões que modificam o verbo em uma frase. Exemplo: “Ela correu rapidamente, vencendo a competição.” A vírgula isola o adjunto adverbial, ressaltando sua relação com a ação principal.
• Delimitação de Vocativos e Apostos: Vocativos (termos utilizados para chamar ou se dirigir a alguém) e apostos explicativos são separados por vírgulas. Exemplo: “João, você está atrasado!” ou “O carro de Maria, que estava quebrado, foi consertado.” No primeiro caso, a vírgula separa o vocativo do restante da frase; no segundo, destaca uma informação adicional.

Uso da vírgula em orações compostas

Como relação ao uso da vírgula em orações compostas, note alguns pontos importantes:

• Separação de Orações Independentes: A vírgula é usada para separar orações independentes ligadas por conjunções coordenativas, como “e”, “ou”, “mas”. Exemplo: “Eu gosto de estudar, e ela prefere ler.” Aqui, a vírgula distingue as duas ideias completas. Quando as orações são curtas e intimamente ligadas, a vírgula pode ser dispensada, mas seu uso é preferível em frases mais complexas ou para maior clareza.
• Orações Subordinadas e Vírgulas: O uso da vírgula em orações subordinadas depende da estrutura e do tipo de oração. Em orações subordinadas adverbiais que iniciam a frase, geralmente é usada uma vírgula. Exemplo: “Embora estivesse chovendo, saí para correr.” Se a oração subordinada adverbial estiver no final da frase e não causar ambiguidade, a vírgula pode ser omitida. Exemplo: “Eu saí para correr porque estava chovendo.”
• Orações Subordinadas Substantivas e Adjetivas: O uso da vírgula depende do contexto e da necessidade de destacar ou isolar a oração subordinada. Exemplo: “A notícia de que ele passou no exame, me deixou feliz.”
• Cláusulas Explicativas e Restritivas: As cláusulas explicativas, que adicionam informações sobre um substantivo, são precedidas por vírgulas e podem ser omitidas sem alterar o sentido da frase. Exemplo: “Meu amigo, que é músico, tocou no concerto.” Já as cláusulas restritivas, que são essenciais para identificar o substantivo, não são precedidas por vírgulas. Exemplo: “Os estudantes que passaram no exame estão felizes.”

Casos especiais e erros comuns no uso da vírgula

Observe ainda os seguintes pontos com relação ao uso da vírgula:

• Conectivos: Conectivos como “entretanto”, “portanto” são seguidos por vírgulas quando no início de uma frase, ou entre vírgulas quando no meio. Exemplo: “Portanto, concluímos que a pesquisa é necessária.”
• Omissão e Uso Excessivo de Vírgulas: A omissão indevida de vírgulas pode causar ambiguidades.  Exemplo de omissão da vírgula: “Eu gosto de malhar mas não gosto de correr.” (Deveria ser “Eu gosto de malhar, mas não gosto de correr.”) Já o uso excessivo pode desorganizar a escrita. Exemplo: “O livro, que estava na prateleira, foi emprestado, para o amigo, da biblioteca.” (As vírgulas aqui são desnecessárias e podem confundir o leitor.)

Outros Usos da Vírgula

• Listas e Oposições: A vírgula separa termos com a mesma função sintática, como em listas, ou orações coordenadas assindéticas. Exemplo: “Peguei minhas malas, meu violão, meus livros.” ou “Vim, vi, venci.”
• Opostos e Vocativos: Usada para indicar aposto explicativo ou vocativo. Exemplo: “A cidade que amava, o Rio de Janeiro, está violenta.” ou “João, venha aqui!”
• Orações Subordinadas Adjetivas Explicativas: Exemplo: “A mulher, que trabalha, tem valor.”
• Omissões: Indica a ausência de verbos, como em “A casa era verde; o portão, branco.”
• Partículas e Conectivos: Usada para separar elementos coesivos e partículas explicativas, correções, concessões, etc. Exemplo: “Chegou às 14h, aliás, às 15h.”
• Datas e Locais: Usada em cabeçalhos para separar cidade e data. Exemplo: “São José dos Campos, 21 de junho de 2017.”
• Adjuntos Adverbiais e Conjunções: Após elementos coesivos e conjunções no início da frase. Exemplo: “Acordou atrasada. Apesar disso, chegou no horário certo.”