Quando começa o horário de verão 2024?

O Brasil enfrenta desafios no setor energético, com a escassez de recursos hídricos e o aumento da demanda por eletricidade

O debate sobre a volta do horário de verão em 2024 tem gerado discussões acaloradas em todo o país. Enquanto alguns defendem seus benefícios energéticos e econômicos, outros questionam sua real eficácia e impacto na rotina diária dos cidadãos. À medida que o governo avalia o retorno dessa medida, torna-se indispensável compreender os prós e contras envolvidos, bem como as implicações de uma possível implementação.

Por que o governo está considerando a volta do horário de verão em 2024?

O Brasil enfrenta desafios no setor energético, com a escassez de recursos hídricos e o aumento da demanda por eletricidade. Nesse cenário, o horário de verão surge como uma possível solução para otimizar o uso de energia renovável, especialmente a solar, reduzindo a necessidade de acionar usinas termelétricas poluentes e dispendiosas.

Segundo projeções do Ministério de Minas e Energia, a implementação do horário de verão poderia gerar uma economia aproximada de R$ 400 milhões. Além disso, evitaria a necessidade de produzir cerca de 2,5 gigawatts (GW) de energia diariamente em momentos de maior demanda.

A recomendação do CMSE e as considerações do Ministro

Durante uma reunião extraordinária realizada na última quinta-feira, 19 de setembro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) sugeriu a retomada do horário de verão em 2024. A recomendação buscar deslocar o pico de consumo para um horário com maior disponibilidade de energia solar, impedindo a necessidade de ativar usinas termelétricas.

No entanto, o ministro Alexandre Silveira demonstrou cautela, afirmando que, embora a recomendação seja válida, ele ainda não está plenamente convencido da necessidade do horário de verão. O ministro ressaltou que pretende analisar outras medidas antes de tomar uma decisão final, como o adiantamento de linhas de transmissão e mudanças na operação da usina de Belo Monte.

A sociedade quer a volta do horário de verão?

De acordo com um estudo realizado pelo portal Reclame Aqui e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 54,9% dos entrevistados são favoráveis à volta do horário de verão ainda em 2024. Desse total, 41,8% se mostraram totalmente favoráveis, enquanto 13,1% foram parcialmente favoráveis.

O apoio mais expressivo foi observado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o horário de verão era tradicionalmente adotado. No Sudeste, 56,1% dos entrevistados apoiaram a mudança, enquanto no Sul, esse número subiu para 60,6%, e no Centro-Oeste, 40,9% foram favoráveis.

Pesquisa por região

A pesquisa revelou diferenças nas percepções regionais sobre o horário de verão. Na Região Sul, 47,7% dos entrevistados acreditam que o adiantamento do relógio resulta em economia de recursos, enquanto 51,8% consideram que a medida é benéfica para o comércio e serviços, como lojas, bares e restaurantes.

Por outro lado, no Sudeste, apenas 43,6% dos participantes acreditam que a mudança no horário ajuda a economizar energia elétrica e outros recursos. No entanto, 41,7% consideram que suas cidades ficam mais atrativas para o turismo durante o período de vigência do horário de verão.

Segurança e saúde

Embora a pesquisa tenha revelado que 35,2% dos entrevistados se sentem mais seguros durante os períodos em que o horário de verão é adotado, principalmente no horário de saída para o trabalho, alguns especialistas alertam para os impactos negativos da medida nos ciclos biológicos da população.

Com o relógio adiantado em uma hora, não apenas anoitece mais tarde, mas também demora um pouco mais para amanhecer em relação ao horário normal. Isso pode afetar a saúde e a segurança dos trabalhadores que precisam sair de casa ainda no escuro, especialmente nos primeiros dias de adaptação.

Setor de bares e restaurantes

Para o setor de bares e restaurantes, o horário de verão é visto como uma oportunidade para dinamizar suas atividades. A percepção é de que as pessoas saem do trabalho e sentem que ainda está cedo, o que as incentiva a aproveitar happy hours ou jantares fora de casa.

Além disso, defensores do horário especial argumentam que a iluminação natural na volta para casa proporciona uma maior sensação de segurança, e as cidades se tornam mais vibrantes, com impactos positivos no trânsito, transportes públicos e segurança pública.

A decisão sobre a volta do horário de verão deve ser tomada nos próximos 10 dias.
A decisão sobre a volta do horário de verão deve ser tomada nos próximos 10 dias. Imagem: Thinkstock

Qual o impacto energético do horário de verão?

Apesar de os especialistas concordarem que o horário de verão economiza pouca energia elétrica no acumulado total, a medida pode ajudar o sistema elétrico nacional em um momento crítico: o início da noite. Nesse período, algumas fontes renováveis, como a solar e a eólica, geram menos energia, e o horário de verão pode aliviar a demanda por fontes alternativas, como as termelétricas.

No entanto, é importante ressaltar que os hábitos da população mudaram ao longo das últimas décadas, e o pico de consumo de energia agora ocorre no meio da tarde, quando o horário de verão não tem influência significativa.

Qual o horário de verão começou no Brasil?

No Brasil, o horário de verão foi instituído durante a gestão de Getúlio Vargas, em 1931 e 1932, mas só passou a ser adotado sem interrupções a partir de 1985, com o fim da ditadura militar. Ao longo do tempo, ocorreram alterações sobre os estados e as regiões que o adotaram, até sua extinção em 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro.

No cenário global, o horário diferenciado é adotado por dezenas de países, sendo mais comum em regiões fora da zona tropical. Países como Canadá, Austrália, Groelândia, México, Nova Zelândia, Chile, Paraguai e Uruguai são exemplos de nações que implementam essa medida.

Afinal, quando começa o horário de verão 2024?

A decisão final sobre a volta do horário de verão em 2024 caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ainda não foi tomada. No entanto, essa decisão não será apenas técnica, mas também política, uma vez que a mudança no horário afeta diretamente a rotina da sociedade.

De acordo com o ministro Alexandre Silveira, a decisão sobre o horário de verão deve ser tomada nos próximos 10 dias. Se aprovada, a mudança nos relógios acontecerá após o segundo turno das eleições municipais, mas o tempo de duração ainda não foi determinado.

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