Para que serve o travessão? Entenda quando e como usar

Explore suas aplicações em diálogos, ênfases e interjeições para aprimorar seus textos!

O travessão é um sinal de pontuação representado por um traço horizontal (—) e é utilizado em textos para diferentes funções. Ele é mais comumente encontrado em diálogos, onde serve para introduzir ou separar o discurso direto, indicando as falas dos personagens. Além disso, o travessão pode ser utilizado para destacar informações adicionais ou intercalar explicações no meio de uma frase, sem o uso de parênteses. Outra função do travessão é indicar interrupções bruscas em uma conversa ou pensamento.

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Uso do travessão

O travessão é um sinal de pontuação representado por um traço horizontal (—) e é utilizado para marcar o discurso direto ou destacar partes específicas de um texto.

  • Discurso direto

O uso mais frequente do travessão é para indicar o discurso direto. As aspas também podem ser usadas com essa finalidade. Confira o exemplo extraído de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos:

“Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

— Anda, condenado do diabo! — gritou-lhe o pai.”

Note que a fala “Anda, condenado do diabo!” está inserida em discurso direto, marcada pelo uso do travessão.

Apesar de tanto o travessão quanto as aspas servirem ao mesmo propósito, o travessão é mais comumente utilizado em diálogos, conferindo maior fluidez ao texto.

Exemplo:

Pneu furado

O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonitinha. Tão bonitinha que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo “Pode deixar”. Ele trocaria o pneu.

— Você tem macaco? — perguntou o homem.

— Não — respondeu a moça.

— Tudo bem, eu tenho — disse o homem. — Você tem estepe?

— Não — disse a moça.

— Vamos usar o meu — disse o homem. E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça. Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava esperando. Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar. Dali a pouco chegou o dono do carro.

(Luís Fernando Veríssimo. Pai não entende nada. L&PM, 1991).

Para que serve o travessão? Entenda quando e como usar (Foto: Unsplash).
Para que serve o travessão? Entenda quando e como usar (Foto: Unsplash).
  • Ênfase em termos

O travessão pode ser usado para substituir as vírgulas em trechos que se deseja destacar ou dar mais ênfase dentro de um texto. Exemplo:

“O Brasil — maior produtor e exportador de carnes do mundo — acaba de enfrentar um escândalo sem precedentes envolvendo as maiores empresas de frigorífico. Além de casos de corrupção, surgiram denúncias de violação de normas sanitárias e uso de matéria-prima inadequada para a produção de embutidos.”

No texto acima, os travessões substituíram as vírgulas que isolavam o aposto explicativo.

Resumindo

O travessão é um sinal de pontuação representado por um traço horizontal (—), maior que o hífen, e é usado tanto para marcar o discurso direto quanto para destacar trechos intercalados, substituindo as vírgulas para dar ênfase.

Curiosidade

Na literatura norte-americana, o uso de aspas para indicar falas de personagens, em vez de travessão, está enraizado em uma preferência editorial e cultural. Esse estilo surgiu como uma convenção ao longo da história literária anglófona e é amplamente utilizado por escritores e editores nos Estados Unidos e outros países de língua inglesa. O motivo principal é a tradição: o uso de aspas para diálogos remonta a séculos e se consolidou como uma norma, enquanto o travessão para marcar diálogos é mais comum em países de língua latina, como o Brasil e a França.

Além disso, o uso de aspas permite uma apresentação visual mais fluida em textos contínuos, especialmente quando se mesclam diálogos curtos e descrições. As aspas facilitam a distinção entre discurso direto e indireto, e a prática de utilizá-las se manteve com o tempo, tanto em prosa ficcional quanto em não ficcional, por ser o padrão mais aceito nesses países. Em outras palavras, não existe uma razão técnica específica, mas sim uma questão de tradição editorial e de preferência estilística.

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