Linguagem literária – entenda suas características e funções

Entenda como ela se expressa mediante diferentes formas, como a lírica, narrativa, dramática e descritiva, e como cada uma contribui para a criação literária.

A linguagem literária distingue-se por sua natureza única, marcada pela subjetividade, pelo uso predominante de conotações, pela exploração de elementos ficcionais e pela ausência de uma função utilitária imediata. Ela se concentra em despertar emoções, provocar reflexões e proporcionar uma experiência estética ao leitor, indo além da simples transmissão de informações.

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Em contraste, a linguagem não literária tem como principal objetivo a comunicação clara, objetiva e prática, utilizando-se de palavras em seu sentido denotativo e privilegiando uma função utilitária. Enquanto a primeira busca envolver o leitor artisticamente, a segunda foca na eficiência e na funcionalidade do conteúdo.

É justamente essa combinação de elementos literários que confere à linguagem literária um caráter artístico, transformando o texto em uma obra capaz de transcender a mera informação e alcançar as nuances mais profundas da expressão humana.

Linguagem literária – tipo e exemplos

A linguagem literária distingue-se por não ser, obrigatoriamente, utilitária, uma vez que as obras literárias não são criadas visando cumprir uma função prática específica. Seu principal traço é o caráter subjetivo, que reflete a percepção individual do autor sobre um acontecimento, uma ideia ou uma emoção. Essa subjetividade confere à linguagem literária uma riqueza interpretativa, permitindo que ela seja lida e compreendida de diferentes formas, com múltiplos significados.

Outro aspecto marcante é o seu teor ficcional. Mesmo quando inspirada na realidade, ela retrata o mundo sob o olhar único de quem escreve. Cada autor ou autora imprime em suas obras uma visão singular, baseada em suas experiências, sentimentos e interpretações. Assim, a linguagem literária se transforma em uma janela para a pluralidade de perspectivas humanas, revelando que a realidade não é apenas um dado objetivo, mas também uma construção subjetiva, diversa e única.

Acompanhe os exemplos abaixo

Temos uma estrofe do poema “Os doentes”, do autor Augusto dos Anjos (1884-1914).

“Como uma cascavel que se enroscava,
A cidade dos lázaros dormia…
Somente, na metrópole vazia,
Minha cabeça autônoma pensava!”

Como é possível observar, o texto apresentado não tem uma utilidade prática definida. Para que ele foi escrito? Não há uma única resposta para essa questão. Enquanto textos como uma bula de remédio têm funções práticas bem estabelecidas, um texto literário não se define por sua utilidade imediata. Assim, sua função depende da interpretação subjetiva de cada leitora e leitor.

Linguagem literária – entenda suas características e funções (Foto: Unsplash).
Linguagem literária – entenda suas características e funções (Foto: Unsplash).

A subjetividade do autor, que confere à linguagem um caráter ficcional, também pode ser observada. No caso de um poema, por exemplo, há uma perspectiva única do autor sobre uma cidade, o que caracteriza a linguagem como fictícia. É por isso que chamamos a voz presente no poema de eu lírico, um conceito literário que evidencia o aspecto imaginativo e interpretativo do texto poético.

Além disso, o aspecto conotativo do texto é evidente, como em uma comparação entre uma cidade e uma cascavel. Para compreender esse trecho, o leitor precisa associar as qualidades da cascavel com a imagem da “cidade dos lázaros”. Diferentemente de textos informativos, como uma bula de remédio, os textos poéticos não possuem clareza literal; sua interpretação requer um olhar mais subjetivo e associativo.

Principais tipos

A linguagem literária apresenta diversas formas de expressão, cada uma com características próprias que a tornam única. Confira os principais tipos:

  • Lírica ou poética: caracterizada por elementos que provocam múltiplas interpretações ou despertam certo estranhamento. É comum em poesias, seja em versos ou em prosa.
  • Narrativa: utilizada para contar histórias, apresentando uma sequência de fatos. Assim como a linguagem lírica, pode estar presente tanto em textos em verso quanto em prosa.
  • Dramática: amplamente empregada em peças teatrais e roteiros cinematográficos. Essa modalidade possui um caráter instrucional, descrevendo ações e diálogos dos personagens.
  • Descritiva: destaca-se por detalhar lugares, pessoas, objetos e animais, permitindo que o leitor visualize ou imagine com precisão o que está sendo descrito.

Vale ressaltar que esses tipos de linguagem frequentemente se entrelaçam em textos literários. Por exemplo, a linguagem descritiva pode ser encontrada em textos narrativos, poéticos ou dramáticos. Além disso, outras características, como a conotação (uso figurativo), a ficcionalidade (criação de uma realidade simulada) e a não utilitariedade (ausência de função prática), também se combinam para enriquecer a experiência literária.

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