Linguagem não literária – veja suas características e funções

Veja como ela se diferencia da linguagem literária e sua aplicação em diversos tipos de textos.

A linguagem é uma ferramenta essencial na comunicação humana, presente em diferentes contextos e com propósitos variados. Enquanto a literária se destaca por sua expressividade, criatividade e busca estética, a linguagem não literária prioriza a objetividade, a clareza e a funcionalidade. Encontrada em textos informativos, científicos, publicitários e cotidianos, essa forma de comunicação busca transmitir mensagens de maneira direta, eficiente e acessível.

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Hoje, exploraremos as principais características e funções da linguagem não literária, destacando como ela se adapta aos diferentes tipos de textos e aos seus respectivos públicos. Veja como essa modalidade linguística é indispensável para a transmissão de informações práticas e para a organização de diversas esferas da vida.

Linguagem não literária – que tipo é esse?

Sabemos que um texto é essencialmente um conjunto de palavras organizadas para transmitir sentidos, desde que estejam inseridas em um contexto específico. O termo “texto” deriva da ideia de “tecido”, onde as palavras são os fios. Quando entrelaçadas de forma harmônica, essas palavras produzem significados e efeitos interpretativos.

Os textos podem ser agrupados em dois grandes tipos: literários e não literários. Enquanto a linguagem literária não se compromete com a transparência de significados, permitindo múltiplas interpretações baseadas em nossas emoções e vivências culturais, a linguagem não literária tende a ter um sentido mais restrito. Ainda que possa haver dificuldades na compreensão por parte do leitor, a linguagem não literária apresenta características bem definidas e busca construir um discurso com foco direto no objeto linguístico.

Linguagem não literária – veja suas características e funções (Foto: Unsplash).
Linguagem não literária – veja suas características e funções (Foto: Unsplash).
  • Para facilitar a identificação das diferenças entre textos literários e não literários, veja a seguir dois exemplos que evidenciam as características de cada tipo de linguagem:

Descuidar do lixo é sujeira

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.

(Veja São Paulo, 23-29/12/92)

O bicho 

 

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

O primeiro texto, uma reportagem publicada em uma revista de ampla circulação, ilustra bem o uso da linguagem não literária. Caracterizada por sua clareza e objetividade, essa modalidade discursiva tem como principal propósito informar de maneira direta e acessível. Diferentemente da linguagem literária, que valoriza a subjetividade e o uso criativo de figuras de linguagem, a linguagem não literária evita recursos que possam comprometer a transmissão eficiente da mensagem.

Já o segundo texto, um poema de Manuel Bandeira, aborda uma temática que dialoga com a apresentada no primeiro texto; no entanto, ele utiliza recursos específicos da linguagem literária, como metáforas, simbolismos e jogos de palavras, que subvertem aspectos semânticos e conferem ao texto maior expressividade e riqueza interpretativa. Esse contraste evidencia as diferenças fundamentais entre as duas formas de linguagem e suas respectivas finalidades.

Exemplos comuns de textos que empregam a linguagem não literária incluem notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de dicionários e enciclopédias, propagandas, trabalhos científicos, receitas culinárias e manuais técnicos. Em todos esses casos, o objetivo é garantir que a mensagem seja transmitida com precisão e simplicidade, evitando ambiguidades ou barreiras que dificultem a compreensão. Assim, predomina uma linguagem objetiva, direta e concisa, cujo foco está na eficiência comunicativa e na acessibilidade ao público-alvo.

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