Aliteração – definição da figura de som e para que serve
Saiba como usá-la e seus exemplos para nunca mais errar.
A língua portuguesa é repleta de recursos estilísticos que enriquecem a comunicação, tornando-a mais expressiva e criativa, assim, entre essas ferramentas, destaca-se a aliteração – uma figura de som que tem o poder de capturar a atenção do leitor ou ouvinte por meio da repetição de sons consonantais.
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Frequentemente utilizada em poesias, músicas, slogans publicitários e até em discursos, a aliteração não apenas embeleza o texto, mas também enfatiza ideias e cria efeitos sonoros marcantes. Hoje, exploraremos o conceito de aliteração, sua aplicação em diferentes contextos e como ela pode transformar uma simples frase em uma obra memorável.
O que são recursos linguísticos?
Recursos linguísticos são ferramentas ou estratégias utilizadas na comunicação, oral ou escrita, para tornar a linguagem mais expressiva, eficaz e adequada ao contexto. Eles envolvem elementos que enriquecem a transmissão de ideias, emoções ou intenções, permitindo que o texto ou discurso se conecte mais profundamente com o público.
Esses recursos podem ser explorados em diferentes níveis da língua:
- Fonológico: relacionam-se aos sons das palavras e à musicalidade do texto, como a aliteração, a assonância e a onomatopeia.
- Morfológico: envolvem a formação e a flexão das palavras, como o uso de sufixos ou prefixos para alterar o significado ou a classe gramatical.
- Sintático: dizem respeito à organização e estrutura das frases, como a escolha por orações curtas ou longas para criar ritmos ou destacar ideias.
- Semântico: relacionam-se aos significados das palavras e expressões, como o uso de metáforas, hipérboles ou eufemismos para atribuir mais profundidade ou suavidade ao texto.
- Estilístico: incluem figuras de linguagem e outros recursos que ajudam a construir imagens, provocar sensações ou enfatizar emoções no leitor ou ouvinte.
Aliteração
Os recursos linguísticos desempenham um papel essencial na construção de textos mais expressivos, permitindo que as palavras transmitam sensações, significados e ritmos de maneira mais envolvente. Eles abrangem diversos aspectos da língua, como a morfologia, a sintaxe, a semântica e a fonologia, e, para facilitar o estudo, as figuras de linguagem são tradicionalmente divididas em três categorias principais: pensamento, construção e som.
A categoria “som” engloba figuras de linguagem que utilizam elementos sonoros para reforçar o impacto do texto, sendo exemplos comuns a onomatopeia, a assonância e a aliteração. Este texto, em especial, será dedicado à exploração da aliteração, suas características e aplicações.
A aliteração é caracterizada pela repetição de sons consonantais, embora nem sempre esteja vinculada à repetição de letras. Isso ocorre porque, na língua portuguesa, a relação entre letras e sons nem sempre é direta. Por exemplo, palavras como “táxi”, “exame” e “enxaqueca” possuem a mesma letra, mas diferentes fonemas. Assim, o foco da aliteração está na reprodução sonora e não na grafia.
Um exemplo clássico do uso desse recurso pode ser encontrado no poema “Violões que choram”, de Cruz e Sousa. Observe a seguinte estrofe:
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
Nessa composição, o fonema /v/ é repetido em várias palavras, criando um efeito sonoro que remete ao som produzido por violões. Esse exemplo ilustra claramente o propósito da aliteração: sugerir ou imitar sons para reforçar o significado ou o clima do texto.
Embora seja um recurso poderoso, a aliteração deve ser utilizada com cautela. Quando empregada fora de contexto ou de forma excessiva, pode comprometer a clareza e a qualidade do texto, especialmente em gêneros onde a função poética não é predominante.
Para identificar uma aliteração, é importante considerar os seguintes aspectos:
- Há repetição de consoantes ou sílabas?
- A repetição ocorre em sílabas tônicas?
- O som se repete ao menos duas vezes no verso, estrofe ou frase?
- A repetição está posicionada no início ou no interior das palavras?
Com essas orientações, torna-se mais simples reconhecer e apreciar a aliteração como uma figura de linguagem que, quando bem aplicada, confere riqueza e musicalidade ao texto.