Adeus à ambiguidade – o que é, quais são os tipos e exemplos comuns
Confira também exemplos claros para evitar confusões na linguagem e aprimorar sua comunicação.
A ambiguidade acontece quando um enunciado é elaborado de forma a permitir múltiplas interpretações, o que pode comprometer a clareza da comunicação. Por isso, ela pode ser vista tanto como um erro linguístico quanto como um recurso estilístico, dependendo do objetivo de quem a utiliza.
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A ambiguidade e suas confusões
Como mencionado, a ambiguidade é um fenômeno da linguagem em que um enunciado apresenta mais de uma possibilidade de interpretação, podendo causar falhas na comunicação. Entre os tipos mais comuns de ambiguidade, destacam-se os relacionados ao uso de pronomes possessivos, estrutura sintática inadequada, formas verbais nominais e a conjunção “que”. Esse fenômeno pode ser utilizado como um recurso estilístico intencional ou ser visto como um erro linguístico, dependendo do contexto e do propósito.
Por outro lado, a polissemia refere-se à característica de uma palavra possuir múltiplos significados. Diferentemente da ambiguidade, a polissemia está ligada ao vocabulário em si, enquanto a ambiguidade surge de problemas na estrutura de um enunciado.
Quais são os principais tipos?
Enunciados ambíguos são mais comuns do que se imagina. A língua portuguesa, com sua riqueza e complexidade, frequentemente apresenta construções que podem gerar diferentes interpretações. Algumas formas de ambiguidade são mais recorrentes e merecem atenção. A seguir, apresentamos os tipos mais comuns:
1. Ambiguidade causada pelo uso de pronomes possessivos na terceira pessoa
Os pronomes possessivos como “seu” e “sua” podem gerar dúvidas, pois servem tanto para a 3ª pessoa do singular (“ele”/“ela”) quanto para o pronome de tratamento “você”. Veja o exemplo:
“Milena perguntou se você pegou sua mochila.”
A quem pertence a mochila? A “Milena” ou a “você”? Para evitar a ambiguidade, é possível utilizar os pronomes possessivos mais específicos, como “dela” (se for de Milena):
“Milena perguntou se você pegou a mochila dela.”
A questão também se aplica quando há dois sujeitos de gêneros diferentes:
“Edgar perguntou se Milena pegou sua mochila.”
Nesse caso, pode-se optar por:
- “Edgar perguntou se Milena pegou a mochila dele.” (se for do Edgar)
- “Edgar perguntou se Milena pegou a mochila dela.” (se for de Milena).
2. Ambiguidade devido à construção sintática
A ordem dos elementos em uma oração, conhecida como sintaxe, pode influenciar a clareza do enunciado. Algumas construções podem ser reescritas para evitar múltiplas interpretações.
Exemplo:
“A mãe cansada saiu apressada do trabalho.”
Aqui, não está claro se a mãe estava cansada naquele momento ou se ela sempre vive cansada. Para corrigir:
- “Cansada, a mãe saiu apressada do trabalho.” (se o cansaço for momentâneo).
- “A mãe, sempre cansada, saiu apressada do trabalho.” (se for uma característica constante).
3. Ambiguidade relacionada às formas nominais do verbo
Os verbos podem aparecer em três formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio. Seu uso, aliado a problemas de sintaxe, pode gerar confusão.
Exemplo:
“Eu vi muitos peixes nadando.”
Não está claro se quem nadava era a pessoa que viu os peixes ou se eram os próprios peixes. Para esclarecer:
- “Quando eu nadei, vi muitos peixes.”
- “Eu vi que muitos peixes nadavam.”
4. Ambiguidade entre pronome relativo e conjunção integrante
A palavra “que” pode funcionar como pronome relativo ou como conjunção integrante, dependendo do contexto.
Exemplo:
“Peguei emprestada a roupa da minha amiga que é muito bonita.”
Aqui, não se sabe se o termo “muito bonita” refere-se à roupa ou à amiga. Reorganizando:
- “Peguei emprestada a roupa muito bonita da minha amiga.” (se refere à roupa).
- “Peguei emprestada a roupa da minha amiga muito bonita.” (se refere à amiga).
Ambiguidade: vício ou recurso estilístico?
Ela pode ser considerada um problema ou uma ferramenta, dependendo da intenção do autor:
- Vício de linguagem: ocorre quando ela é acidental, tornando o enunciado confuso e dificultando a compreensão.
- Recurso estilístico: acontece quando é proposital, usada para gerar múltiplos sentidos ou instigar a reflexão do leitor.
Diferença entre ambiguidade e polissemia
Enquanto a ambiguidade está ligada à interpretação confusa de um enunciado como um todo, a polissemia refere-se à capacidade de uma palavra de assumir diferentes significados dependendo do contexto.
Exemplo:
- “A manga da camiseta está descosturando.” (parte de uma roupa).
- “Minha fruta preferida é a manga.” (fruta tropical).