Analfabetismo funcional no Brasil: o que é e atual cenário

Para combatê-lo, devemos assegurar um acesso universal à educação básica de qualidade ao mesmo tempo em que se valoriza os educadores e se aprimora a infraestrutura escolar.

No contexto brasileiro, a condição de analfabetismo funcional é associada a pessoas com mais de 20 anos que não concluíram pelo menos quatro anos de estudo formal. Indivíduos nessa situação podem ser capazes de ler; porém, enfrentam dificuldades para compreender o significado das palavras. Além disso, apresentam limitações na expressão escrita. Em essência, essa condição guarda semelhanças com a de pessoas que nunca foram alfabetizadas.

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O que é analfabetismo funcional?

Analfabetismo funcional é uma condição em que a pessoa possui habilidades básicas de leitura e escrita, mas apresenta dificuldades significativas em compreender e interpretar textos simples, realizar operações matemáticas básicas e utilizar a linguagem de forma eficaz para se comunicar.

Em outras palavras, indivíduos com analfabetismo funcional podem ser capazes de decodificar palavras e frases, mas enfrentam dificuldades em entender o significado do que leem e em expressar suas ideias por escrito. Essa condição pode limitar severamente a participação dessas pessoas na sociedade, tanto no aspecto educacional quanto no profissional e social.

O conjunto de indivíduos com analfabetismo funcional pode ser subdividido em dois grupos distintos:

Analfabetos: este grupo compreende aqueles que enfrentam dificuldades para realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases curtas.

Rudimentares: os indivíduos neste grupo conseguem compreender informações explícitas de textos curtos, como bilhetes e anotações. Eles são capazes de ler números simples e realizar operações matemáticas básicas, como calcular o troco.

Por outro lado, os indivíduos funcionalmente alfabetizados são categorizados em três níveis:

  • Elementares

Estes estão um passo adiante dos analfabetos rudimentares, pois conseguem ler e compreender textos de extensão média e resolver problemas matemáticos simples que envolvem sequências, gráficos e tabelas básicas.

  • Intermediários

Este grupo possui habilidades mais avançadas, sendo capaz de interpretar textos mais complexos e resolver problemas matemáticos mais elaborados que exigem análise de dados e relações mais intricadas.

  • Proficientes

Os indivíduos proficientes estão no mais alto nível de habilidade. Eles são capazes de compreender textos complexos, fazer análises detalhadas utilizando conhecimentos específicos e cotidianos, distinguir entre fatos e opiniões, e compreender e interpretar gráficos e tabelas com múltiplas variáveis.

Analfabetismo funcional no Brasil: o que é e atual cenário
Analfabetismo funcional no Brasil: o que é e atual cenário (Foto: Unsplash).

Cenário atual e causas

Conforme os dados mais recentes do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), publicados pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) em parceria com a ONG Ação Educativa em 2018, aproximadamente 29% da população brasileira entre 15 e 64 anos enfrentava dificuldades no domínio da leitura e da escrita, caracterizando-se como analfabeta funcional. Isso significa que quase um terço dos brasileiros nessa faixa etária encontrava obstáculos para compreender textos simples e executar tarefas que exigem habilidades básicas de leitura e escrita.

Essa realidade tem suas raízes em diversas causas, sendo a falta de acesso a uma educação de qualidade uma das principais delas. Em muitas regiões do país, ainda persistem carências de infraestrutura escolar, escassez de professores qualificados e deficiências no sistema educacional. Além disso, a desigualdade socioeconômica desempenha um papel significativo, já que pessoas de baixa renda têm menos oportunidades de acesso a uma educação de qualidade, contribuindo para a perpetuação do ciclo de pobreza e analfabetismo funcional.

Outro fator relevante é a falta de estímulo à leitura e à escrita na sociedade brasileira. A cultura de desvalorização da leitura dificulta o desenvolvimento de habilidades nessas áreas. Estatísticas indicam que o número médio de livros lidos anualmente pela população brasileira é substancialmente inferior ao de outros países, evidenciando a necessidade de investimento e incentivo para reverter esse cenário.

As consequências 

As implicações do analfabetismo funcional são sérias e abrangem tanto o indivíduo quanto a sociedade em sua totalidade. Aqueles que carecem de competências básicas de leitura enfrentam desafios ao lidar com tarefas cotidianas simples, como completar formulários, compreender instruções ou interpretar informações em embalagens de produtos.

No contexto social, ele exerce um impacto direto no crescimento econômico da nação. Indivíduos com baixa escolaridade e habilidades de leitura limitadas têm menos probabilidade de obter empregos bem remunerados, contribuindo para o aumento da disparidade socioeconômica e da pobreza. Ademais, a escassez de educação apropriada também prejudica a participação cívica, a capacidade de análise crítica e a prática plena da democracia.

Para fazer frente, torna-se crucial investir em políticas públicas de educação eficazes.

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