Aprender línguas com um nativo ou com um estrangeiro? É melhor ter aulas de idiomas com um “gringo”

 

Um dos grandes chamarizes de certas escolas de idiomas é apresentar o seguinte informe: “Aulas com professores nativos”. À primeira vista, parece uma boa propaganda, afinal, quem fala sobre o Inglês melhor do que um americano, não é verdade?

Porém, aqui entramos em uma questão um pouco “polêmica”. Primeiro, porque aprender uma língua não é algo tão simples quanto parece.

Pense bem: você, que nasceu no Brasil, sabe Português desde que aprendeu a falar… E mesmo assim teve aulas de português, como pode ser isso?

A resposta não é tão simples. Primeiro, porque temos vários níveis de conhecimento. Segundo, porque ensinar algo depende de mais do que apenas “conhecer” ou “fazer parte”.

 

O saber e os saberes

Quando vamos falar sobre conhecimento, temos de ter em mente que isso acontece em vários níveis. Por exemplo, quando vamos falar sobre correr, quase todo mundo que consegue se mover sobre duas pernas, sabe como fazê-lo. Já saber correr uma maratona – isso exige outro nível de sabedoria, seja sobre seu próprio corpo, seja sobre as técnicas empregadas.

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A mesma coisa vale para as línguas.

Todos nós sabemos falar português desde que nascemos. A questão aqui é que o nível e português que sabemos é básico. Sabemos palavras do nosso contexto básico – por exemplo, crianças de famílias com um conhecimento linguístico maior saberão palavras menos comuns.

O contrário também acontece: quando temos um conhecimento linguístico mais restrito, algumas situações de nossa comunicação acontecem de forma (gramaticalmente) incorreta.

Isso não é, necessariamente, um problema, se você quiser pensar situações cotidianas.

Você entra em um restaurante e pede ao garçom: “faz favor, traz dois hamburguer”. Gramaticalmente a frase está inadequada, mas como modalidade comunicativa, ela funciona razoavelmente bem.

Aprender uma língua “na prática”, isso é, sem uma formalização gramatical, depende do nível de conhecimento linguístico do professor. E se ele não tiver estudos em gramática, talvez aconteçam incorreções do tipo acima.

Ou seja, se você simplesmente conviver com pessoas de uma língua estrangeira, é quase certo que você aprenderá elementos de uma comunicação básica, e com imprecisões gramaticais, dessa língua.

Ainda é valido lembrarmos: um estrangeiro não vai pensar instintivamente nossa língua da mesma maneira que nós. Logo, dificuldades linguísticas próprios de um falante de português, provavelmente, vão ser relevados ou ignorados por alguém que não é nativo.

 

A importância da didática

O segundo ponto que falamos lá em cima se refere à questão da didática. Ensinar não é, simplesmente, passar conteúdos, mas passar eles de uma forma que seja apreensível pelo público em questão.

E isso não se faz apenas pela transmissão de uma informação. Há um conjunto de técnicas e teorias relativas ao aprendizado de línguas. Procurar ensinar uma língua sem essas é possível – mas pode tornar o ensino mais difícil e demorado.

Ensinar não pode ser visto apenas pela perspectiva do “falar sobre”. É antes, uma forma de transmitir e auxiliar a apreensão de conhecimentos.

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