As teorias da comunicação, seus tipos e objetivos

Conheça as escolas, autores e modelos que ajudaram a moldar os estudos sobre os meios e seus impactos sociais.

As teorias da comunicação englobam diversas investigações baseadas em abordagens sociológicas, antropológicas, psicológicas, linguísticas e filosóficas sobre a forma como os seres humanos se comunicam, ou seja, sobre a comunicação social. A linguagem, tanto verbal quanto não verbal, é o principal foco de estudo nesse campo, já que a comunicação representa um elemento fundamental para o desenvolvimento das sociedades.

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Por isso, inúmeros estudiosos dedicam-se a compreender como a comunicação surgiu, como é utilizada e qual a sua relevância nas interações humanas.

Quais são as teorias da comunicação?

Escolas, conceitos e teóricos – visão geral

Este é um campo multidisciplinar, analisado sob diferentes perspectivas por diversas áreas do conhecimento. O interesse acadêmico pelas teorias da comunicação se intensificou no século XX, especialmente com o avanço dos meios de comunicação em massa.

A seguir, destacam-se algumas das principais escolas, conceitos e tendências associadas ao tema.

Escola norte-americana

A chamada Mass Communication Research surgiu nos Estados Unidos por volta da década de 1920, tendo como foco a relação entre os meios de comunicação de massa e o comportamento social dos indivíduos.

Essa linha de estudos pode ser dividida em duas abordagens principais, ambas voltadas para as formas de interação:

1. Escola de Chicago

Esta escola foi marcada pelas contribuições de Charles Horton Cooley (1864–1929), sociólogo, e Georg Herbert Mead (1863–1931), filósofo. Seus trabalhos abordam temas como a dinâmica da interação social e os comportamentos coletivos.

2. Escola de Palo Alto

Conhecida pela formulação do modelo circular da comunicação, destacou-se graças ao trabalho do biólogo e antropólogo Gregory Bateson (1904–1980), que trouxe uma abordagem mais sistêmica à comunicação interpessoal.

Teorias funcionalistas

Com uma visão voltada para os meios de comunicação e suas funções sociais, a corrente funcionalista inclui pensadores como:

  • Paul Lazarsfeld (1901–1976), sociólogo nascido na Áustria;

  • Harold Lasswell (1902–1978), cientista político norte-americano;

  • Robert King Merton (1910–2003), sociólogo dos Estados Unidos.

Um dos modelos mais conhecidos é o de Lasswell, que propôs a análise da comunicação por meio de cinco questões: Quem comunica? O que é comunicado? Por qual canal? Para quem? Com qual efeito?

Teoria dos efeitos

As Teorias dos Efeitos são geralmente divididas em duas vertentes principais: a Teoria Hipodérmica, também conhecida como “Teoria da Bala Mágica”, e a Teoria da Influência Seletiva.

A Teoria Hipodérmica tem base no behaviorismo e defende que as mensagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa afetam diretamente os indivíduos, quase como uma injeção de informações que geram respostas automáticas. Entre os principais estudiosos dessa linha estão o psicólogo americano John B. Watson (1878–1958) e o francês Gustave Le Bon (1841–1931), psicólogo e sociólogo.

Já a Teoria da Influência Seletiva é dividida em duas abordagens complementares:

  • A Teoria da Persuasão, que considera fatores psicológicos individuais na recepção das mensagens;

  • E a Teoria dos Efeitos Limitados, também chamada de “Teoria Empírica de Campo”, que enfatiza os contextos sociais e os aspectos sociológicos da comunicação.

Nessa vertente, destacam-se os pesquisadores Carl Hovland (1912–1961), psicólogo dos Estados Unidos, e Kurt Lewin (1890–1947), psicólogo germano-americano.

Escola canadense

No Canadá, os estudos sobre comunicação de massa ganharam força na década de 1950 com os trabalhos do teórico, filósofo e educador Marshall McLuhan (1911–1980).

Ele foi responsável por cunhar o termo “aldeia global” na década de 1960, conceito que expressa a interconexão global proporcionada pelas tecnologias da informação. Para McLuhan, “a nova interdependência eletrônica recria o mundo como uma aldeia global”.

McLuhan também ficou conhecido por sua famosa frase “o meio é a mensagem”, indicando que o canal utilizado para transmitir a mensagem influencia significativamente a forma como ela é percebida, podendo até modificar seu conteúdo original.

O autor classificou os meios de comunicação como extensões dos sentidos humanos:

  • Os meios quentes, como o cinema e o rádio, transmitem grande quantidade de informação e ativam apenas um sentido, exigindo menor participação do receptor.

  • Já os meios frios, como o diálogo e o telefone, oferecem menos informações e envolvem múltiplos sentidos, exigindo maior envolvimento do público.

As teorias da comunicação, seus tipos e objetivos (Foto: Unsplash).
As teorias da comunicação, seus tipos e objetivos (Foto: Unsplash).

Escola francesa

Na França, a Teoria Culturológica começou a se desenvolver nos anos 1960, impulsionada pela obra “Cultura de Massas no Século XX”, do pensador Edgar Morin (1921). Seus estudos focaram na industrialização da cultura e na emergência do conceito de Indústria Cultural.

Outros pensadores que contribuíram com essa escola incluem:

  • Roland Barthes (1915–1980): sociólogo, semiólogo e filósofo, conhecido por suas análises semióticas da linguagem visual em publicações e anúncios publicitários.

  • Georges Friedmann (1902–1977): sociólogo marxista que explorou as dinâmicas entre produção e consumo na era industrial, com foco nas relações entre humanos e tecnologia.

  • Jean Baudrillard (1929–2007): sociólogo e filósofo que analisou a sociedade de consumo e introduziu o conceito de hiper-realidade, em que a comunicação de massa cria realidades artificiais.

  • Louis Althusser (1918–1990): filósofo que desenvolveu o conceito de aparelhos ideológicos de Estado (AIEs), como mídia, escola e família, que reproduzem a ideologia dominante.

  • Pierre Bourdieu (1930–2002): sociólogo que examinou criticamente o papel da mídia, especialmente na obra “Sobre a Televisão”, denunciando a busca por audiência como fator de manipulação jornalística.

  • Michel Foucault (1926–1984): filósofo e historiador que criou o conceito de panóptico, comparando a televisão a uma forma de vigilância invertida, que organiza e controla o tempo e o espaço dos espectadores.

Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “A beleza e origem das palavras aportuguesadas”, ou seja, termos que nasceram em outros idiomas, mas que, ao longo do tempo, foram abraçados pela nossa língua com novas formas, pronúncias e sentidos.

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