O grande Fernando Pessoa – vida, heterônimos e características literárias

Veja as características literárias que o tornaram um dos maiores poetas do modernismo, transitando entre diversas estéticas e estilos únicos.

Fernando Pessoa veio ao mundo em 13 de junho de 1888, em Lisboa, Portugal. Passou boa parte da infância e adolescência em Durban, na África do Sul. Em 1905, retornou para Portugal, onde desenvolveu sua produção literária, criou seus famosos heterônimos, fundou duas editoras, atuou como tradutor e teve seu único relacionamento amoroso.

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Quem foi Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, renomado poeta português, nasceu em Lisboa no dia 13 de junho de 1888. Ele perdeu o pai aos cinco anos de idade e, dois anos mais tarde, sua mãe se casou com o cônsul João Miguel Rosa. Em 1896, a família se mudou para a África do Sul, onde Pessoa frequentou instituições como a Convent School, a Durban High School e a Commercial School de Durban.

Em 1905, Pessoa retornou a Portugal e ingressou no curso de Letras na Universidade de Lisboa, abandonando-o dois anos depois. Em 1909, após receber a herança de sua avó paterna, fundou a tipografia e editora Íbis, que acabou falindo em pouco tempo. Nos anos seguintes, ele concentrou-se na literatura, criando seus famosos heterônimos. Em 1912, publicou na revista “A Águia” o ensaio A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada. Três anos depois, em 1915, seus textos O marinheiro, Opiário, Ode triunfal, Chuva oblíqua e Ode marítima foram lançados na revista Orpheu, um dos pilares do modernismo em Portugal.

Em 1916, ele simplificou a grafia de seu sobrenome, removendo o acento em “Pessôa” para torná-lo mais universal. Seus primeiros livros, Antinous e 35 sonnets, escritos em inglês, foram publicados em 1918 com recursos próprios. Em 1919, conheceu Ofélia Queiroz, sua única namorada, que trabalhava como secretária em uma empresa onde ele prestava serviços como tradutor. Já em 1920, Pessoa fundou a empresa Olisipo, que também atuava como editora, mas o empreendimento encerrou as atividades em 1923. Dois anos depois, ele registrou o Anuário Comercial Sintético, um sistema para catalogar comerciantes e industriais de forma resumida.

Em 1929, Ofélia Queiroz e Fernando Pessoa retomaram seu relacionamento. No ano seguinte, o poeta recebeu em Lisboa a visita do inglês Aleister Crowley (1875-1947), um ocultista com quem mantinha correspondência. Durante essa visita, Pessoa colaborou com Crowley na encenação de um falso suicídio, possivelmente com o intuito de impressionar Hanni Jaeger, namorada do místico.

“Mensagem”, obra que conquistou o Prémio de Poesia Antero de Quental, foi o único livro em português de Fernando Pessoa publicado em vida, em 1934. No ano seguinte, após sofrer com dores abdominais, o poeta foi internado em um hospital em Lisboa, onde faleceu em 30 de novembro de 1935.

Características da obra

Ele foi um dos integrantes da Geração de Orpheu, grupo responsável por trazer o modernismo para Portugal. Suas obras possuem uma abordagem experimental, característica dos movimentos artísticos que surgiram na Europa no início do século XX, que buscavam romper com as normas estéticas tradicionais.

A poesia de Pessoa é tudo, menos convencional. Ela é provocadora, irônica e irreverente, sendo marcada por uma grande liberdade formal, algo típico da estética modernista. Ele utiliza versos livres para dar voz ao seu nacionalismo crítico. Além disso, é possível identificar em sua produção influências de correntes como o simbolismo, o cubismo e o futurismo. Pessoa criou heterônimos, escritores fictícios com estilos e personalidades próprias, o que lhe permitiu explorar diversas vertentes artísticas, mesmo sendo, em essência, um modernista.

Heterônimos

Os heterônimos mais famosos de Fernando Pessoa são:

Ricardo Reis

Nascido no Porto, em 19 de setembro de 1887, às 16h05, é descrito como tendo o rosto liso e sem barba. Foi educado em um colégio jesuíta e vive no Brasil desde 1919, onde exerce a medicina. Monarquista, sua obra é marcada por temas como bucolismo, epicurismo, estoicismo, moralismo, além de um rigor formal e fortes referências à cultura greco-romana.

Alberto Caeiro

Nascido em Lisboa, no dia 16 de abril de 1889, às 13h45, perdeu os pais ainda jovem e passou boa parte da vida no campo, sob os cuidados de sua tia-avó. De cabelos louros e olhos azuis, Caeiro teve uma educação limitada, apenas a instrução primária, e nunca seguiu uma profissão específica. Morreu de tuberculose em 1915. Associado ao Sensacionismo, defendia a liberdade formal na poesia e sua obra se destaca por uma linguagem simples, com forte caráter antifilosófico e antimetafísico.

Álvaro de Campos

Nascido em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890, às 13h30, é descrito como tendo a pele entre branca e morena, com cabelo liso e usando um monóculo. Formado em engenharia mecânica e naval na Escócia, sua produção literária é marcada por elementos como decadentismo, modernismo, futurismo, niilismo, introspecção e pessimismo.

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