“Balé” ou “ballet”? Como escrever corretamente?

Apenas uma forma é correta ou as duas expressões são aceitas?

Já se deparou com a expressão “falar bonito”? Ela sugere que pessoas que utilizam frases mais complicadas ou termos sofisticados são vistas como mais cultas e respeitadas. Porém, no esforço de soar eloquente, algumas pessoas acabam cometendo erros ou, no mínimo, falando de maneira desnecessariamente complicada. Um exemplo disso ocorre com o uso das palavras “balé” e “ballet”. Você sabe qual é a forma correta de escrever?

A Raiz francesa da palavra

Antes de adentrarmos nas regras gramaticais, é fundamental compreender a origem da palavra em questão. O termo “ballet” tem suas raízes no francês, uma língua que sempre exerceu – e ainda continua a exercer – uma influência marcante no português. Ao longo dos séculos, diversos vocábulos franceses foram gradualmente incorporados e adaptados ao nosso idioma, em um processo que conhecemos como aportuguesamento.

Esse fenômeno é exatamente o que ocorreu com a palavra “ballet”. Quando assimilada pelo português, a palavra passou por algumas modificações fonéticas e ortográficas, resultando na forma “balé”. Essa transição reflete não apenas a tendência natural dos idiomas de ajustar palavras estrangeiras às suas próprias regras e pronúncias, mas também a evolução contínua e dinâmica da língua portuguesa ao longo do tempo, influenciada por diversos fatores culturais e históricos.

A Versão Oficial Segundo as Normas Ortográficas

Quando se trata de definir a grafia correta de uma palavra em português, a principal referência é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). Esse documento, elaborado pela Academia Brasileira de Letras em conjunto com outras instituições lusófonas, estabelece as normas ortográficas oficiais a serem seguidas.

De acordo com o VOLP e os principais dicionários da língua portuguesa, a única forma aceita e reconhecida para se referir à dança artística é “balé”. Portanto, a versão “ballet”, apesar de ser amplamente utilizada em contextos informais, não é considerada correta do ponto de vista normativo.

Exemplos Práticos do Uso Correto

Para solidificar o entendimento, vejamos alguns exemplos de como empregar adequadamente a palavra “balé” em diferentes contextos:

  • As crianças da turma de balé clássico se apresentarão no final do semestre.
  • Assisti a um espetáculo deslumbrante de balé contemporâneo na última semana.
  • Os dançarinos de balé precisam seguir uma rotina rigorosa de treinamento.
  • Você prefere assistir a espetáculos de balé ou de dança moderna?

Nesses casos, a grafia correta é “balé”, sem o uso do “t” final ou do duplo “l”. Essa forma aportuguesada está em conformidade com as normas ortográficas vigentes e é amplamente reconhecida por falantes nativos do idioma.

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A Persistência do Estrangeirismo “Ballet”

Embora a forma oficial seja “balé”, é inegável que o termo “ballet” ainda é muito utilizado, especialmente em contextos mais informais ou em referências diretas à sua origem francesa. Essa persistência do estrangeirismo se deve, em parte, à forte influência cultural que a França exerceu – e continua exercendo – sobre as artes, incluindo a dança.

Muitos profissionais da área, companhias de dança e espetáculos optam por manter a grafia original “ballet” como uma forma de preservar a autenticidade e o vínculo com as raízes francesas dessa manifestação artística. No entanto, é importante ressaltar que, do ponto de vista normativo, essa forma não é considerada correta em português.

A Importância de Seguir as Normas Ortográficas

Embora possam parecer sutis, as normas ortográficas desempenham um papel determinante na preservação da unidade e da clareza da língua portuguesa. Ao seguir as diretrizes estabelecidas pelo VOLP e pelos dicionários de referência, garantimos a consistência e a compreensão mútua entre falantes, evitando ambiguidades e desvios desnecessários.

Além disso, o domínio das regras ortográficas é essencial em contextos formais, como na redação de documentos oficiais, trabalhos acadêmicos ou comunicações profissionais. Nesses cenários, a adesão às normas é um requisito fundamental para transmitir credibilidade e profissionalismo.

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