Capacitismo: o que é e como evitar
Dentre as diversas formas de preconceito que Pessoas Com Deficiência (PCDs) sofrem, um dos mais sutis é o capacitismo.
Termo foi traduzido literalmente do inglês – Ableism – o capacitismo é uma forma de preconceito, mas ela acontece de maneira velada, muitas vezes disfarçada por eufemismos, ou argumentos pífios.
Porém, na maior parte dos casos, trata-se de um equívoco cometido por pessoas sem nenhuma intenção de ofender. Uma fala capacitista, na maior parte das vezes, é apenas falta de conhecimento, daquele que a comete.
Inclusão no Brasil: muitos ideais, poucas realizações
Antes de falarmos de capacitismo, é preciso lançar um olhar franco para a situação de PCDs no país.
No Brasil, temos o discurso da inclusão e equidade, mas poucas ações práticas. Ou seja, poucas ações educativas, para adultos e crianças e uma fiscalização deficitária, em termos de adaptação de espaços públicos.
Logo, as pessoas até sabem os porquês de incluir, e as defesas são quase sempre fervorosas nesse sentido.
Entretanto, não sabemos como fazer, e – o ponto-chave do capacitismo – o que não fazer, primeiramente.
Capacitismo: preconceito relativizado e menosprezado
Diferente de preconceitos explícitos, que são extremamente chocantes e aversivos, o capacitismo é uma fala carregada de valores danosos à PCDs, com a diferença que, nesse caso elas soam como “piadas”, “expressões idiomáticas” ou “apontamentos”.
Vale ressaltar que, quando trazemos a definição entre aspas, é porque na verdade o capacitismo é preconceito – ponto.
Para ficar mais claro, podemos citar algumas falas de caráter capacitista:
- “Você é cego?” quando uma pessoa comete algum erro motivado por distração. Pressupõe a incapacidade de uma pessoa cega, em ter atenção e responsabilidade.
- “Debiloide”, “Retardado”, usado como ofensa. Pressupõe doenças e deficiências mentais e cognitivas, enquanto falta de caráter.
- “Você está surdo?”, usado para reforçar que alguém desatenta. Pressupõe que pessoas surdas sejam displicentes..
- “Mancada”, “dar uma de João-sem-braço”, para falar de uma ação feita com desleixo, ou com resultados negativos. Pressupõe que PCDs sem membros superiores ou inferiores sejam incapazes de realizar tarefas, de maneira adequada.
Poderíamos citar mais exemplos, mas provavelmente, com esses, o capacitismo fica mais claro. Outros exemplos, que sequer merecem ser citados, são as piadas.
O “aleijado”, cuja prótese é objetificada sexualmente. O “ceguinho” que confunde pessoas e objetos. O “doido” que fala frases sem nexo. Temos muitos exemplos, mas eles são de baixo calão e moral.
Por que o capacitismo é uma forma de preconceito?
Para além da questão de convívio social e educação formal, o capacitismo é, também, uma maneira de prejulgar e menosprezar PCDs,
A essência do capacitismo pode ser entendida assim: é a dificuldade ou incapacidade de uma Pessoa Com Deficiência, porém, usada para ofender alguém, ou para surtir efeito cômico.
O capacitismo reduz as pessoas à uma característica – uma que elas não escolheram viver, diga-se de passagem – a sua deficiência.
Entender o porquê do erro é um começo. Entretanto, as únicas soluções possíveis são estudos a autovigilância, para a acabarmos com a normalização de falas capacitistas.