Como escrever um sitcom de sucesso?
Quem gosta de séries de TV sobre situações cômicas do cotidiano – os chamados Sitcons – sabe: as séries de humor bem escritas prendem a gente de uma maneira inexplicável e inevitável.
O formato, que traz elementos do teatro vaudeville francês, bem como de programas humorísticos de rádio e teve seu início nos anos 40, no Reino Unido.
Porém, foi nos Estados Unidos, que o sitcom foi desenvolvido ao longo das décadas seguintes, de forma que hoje temos mais de 5000 séries de TV, em todo o mundo.
Dessa forma, quem quer escrever programas para a TV precisa conhecer a estrutura do Sitcom. Você sabe como é ela? Veja nossas dicas.
1. O mote
Toda sitcom tem um mote, que normalmente é com elementos do dia a dia da classe média, tenha vista sucessos como Friends (1994-2004) ou Seinfield (1989-1998). E mesmo no caso da última, que se propunha a ser uma “série sobre o nada”, há um mote.
Isso é, há elementos básicos de uma narrativa, que direcionam a forma como cada capítulo é construído. No caso de Friends, o mote e a vida de 6 amigos, e sua ascensão social. Seinfield é sobre situações banais do cotidiano.
No mote você também começa a desenvolver a personalidade das personagens, e enredos prováveis, e situações e formas de ação que cada uma vai ter.
2. A estrutura dos episódios
Todas as séries têm uma estrutura composta por abertura, narrativa principal e encerramento. Esse formato pode variar (uma esquete, a música de abertura, o enredo, os créditos de encerramento em um fundo preto, por exemplo), mas é importante que ele seja definido.
Definir essa estrutura é essencial para criar uma sensação de familiaridade e vínculo, do público com ela e com as personagens. Definindo a estrutura, o público se sente mais confortável. Além disso, essa estrutura pode ajudar a compor a narrativa do espisódio.
O melhor exemplo é a sequencia de abertura de Os Simpsons (1989-atual): cada personagem fazendo sua atividade diária, apenas com algumas mudanças na lousa em que Bart escreve ou na música que Lisa toca.
Mas saber a estrutura também pode ser uma forma de inovar – pelo seu não cumprimento. Um exemplo contrário é o da série Black Mirror (2011-atual), que procurar gerar estranhamento, ao fazer cada episódio ter uma estrutura única.
3. Desenvolva os núcleos de cada episódio
Todas as séries núcleos internos, que ajuda a compor a narrativa de um episódio. Algumas séries mais antigas, como Arnold (1978-1986) ou Família Trapo (1967-1971) eram mais focadas em um único núcleo.
Entretanto, o mais comum é que os sitcons tenham dois ou três núcleos de ação, que vão sendo desenvolvidos, no episódio.
Por exemplo em Jovem Sheldon (2017-atual), em cada episódio vemos as questões sociais da personagem principal, mas também, situações envolvendo as demais personagens, e sem a presença do protagonista.
Isso evita que o mote principal da série se desgaste, e permite a ligação afetiva e cultural de pessoas diferentes, com personagens diferentes.