Qual a relação entre baixos níveis de escolaridade e desemprego?
Entenda como se aplica a relação emprego e educação no Brasil
A relação entre educação e desemprego é um tema amplamente discutido em diversos estudos ao redor do mundo. No Brasil, essa questão é especialmente importante, considerando as diferenças nas taxas de desemprego entre pessoas com diferentes níveis educacionais. Nesta matéria, você irá descobrir como a falta de educação afeta o mercado de trabalho e por que pessoas com menos escolaridade muitas vezes encontram menos oportunidades de emprego. Além disso, você irá conferir dados recentes que mostram como essa realidade se apresenta no Brasil e em outros países.
Qual o impacto dos baixos níveis de escolaridade no desemprego?
A educação desempenha um papel determinante na inserção no mercado de trabalho. Em geral, quanto maior o nível de escolaridade de uma pessoa, maiores são as suas chances de conseguir um emprego. Isso acontece porque pessoas mais qualificadas tendem a ter mais habilidades técnicas e cognitivas, que são altamente valorizadas pelas empresas. Além disso, trabalhadores com maior formação têm mais flexibilidade para se adaptar a diferentes setores econômicos.
Entretanto, essa lógica nem sempre se aplica da mesma forma em todos os países. No Brasil, por exemplo, as taxas de desemprego entre aqueles que concluíram o ensino médio são mais elevadas do que entre aqueles que não completaram essa etapa. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de desemprego para brasileiros com ensino médio é de 6,1%, enquanto para aqueles que não concluíram essa etapa é de 4,7%. Esse dado chama a atenção e contraria a tendência observada em países membros da OCDE.
Comparação internacional
Em comparação com os países da OCDE, a situação brasileira se destaca de forma preocupante. Nos países desenvolvidos, a taxa de desemprego entre pessoas que completaram o ensino médio é de 4,9%, enquanto para os que não possuem essa formação, o índice é de 8,7%. Ou seja, em países mais desenvolvidos, a falta de escolaridade impacta de forma muito mais negativa as chances de conseguir um emprego, o que demonstra que, em geral, a educação realmente abre portas no mercado de trabalho.
No entanto, no Brasil, a realidade é diferente. A economia brasileira, conforme explica o economista Etienne Albiser, da OCDE, demanda uma quantidade significativa de mão de obra menos qualificada. Isso pode ser uma das razões pelas quais pessoas com menos escolaridade ainda conseguem se manter no mercado de trabalho, ao contrário do que acontece em economias mais desenvolvidas, onde há uma maior exigência de qualificação técnica.
Desigualdade de gênero no desemprego
Outro fator que deve ser considerado ao analisar a relação entre educação e desemprego é a desigualdade de gênero. No Brasil, as taxas de desemprego variam significativamente entre homens e mulheres. Entre as mulheres, a taxa de desemprego geral é de 6,9%, enquanto entre os homens, o índice é de apenas 3,4%. Quando analisa-se apenas aqueles que concluíram o ensino médio, as mulheres enfrentam um desemprego de 8,5%, enquanto os homens apresentam uma taxa de 3,9%.
Essa diferença pode ser explicada por diversos fatores, incluindo a discriminação de gênero no mercado de trabalho e a falta de oportunidades iguais para homens e mulheres. Além disso, mulheres enfrentam mais desafios em equilibrar a vida profissional e pessoal, o que muitas vezes as coloca em desvantagem na busca por emprego.
Causas da situação no Brasil
Diversos fatores contribuem para a desconexão entre educação e desemprego no Brasil. Um deles é a estrutura econômica do país, que, como mencionado anteriormente, demanda uma grande quantidade de trabalhadores menos qualificados. Em setores como a agricultura e a construção civil, por exemplo, há menos exigência de escolaridade formal, o que permite que pessoas com baixos níveis de educação se mantenham empregadas.
Outro fator importante é a baixa taxa de escolaridade geral da população brasileira. Segundo a OCDE, cerca de dois terços das pessoas entre 25 e 64 anos no Brasil não possuem ensino médio completo. Essa realidade cria um mercado de trabalho onde a competição por vagas menos qualificadas é alta, o que mantém as taxas de desemprego relativamente baixas para essa faixa da população.
O que deve ser feito?
Diante dessa situação, é importante refletir sobre os desafios que o Brasil enfrenta para alinhar o sistema educacional às demandas do mercado de trabalho. Melhorar a qualidade da educação e aumentar o acesso a níveis mais altos de ensino são passos fundamentais para que o país possa competir em um cenário econômico globalizado, onde a qualificação é cada vez mais importante.
Ademais, a economia brasileira precisará passar por transformações estruturais que valorizem mais as qualificações técnicas e acadêmicas. Isso passa por políticas públicas que incentivem a educação de qualidade e por um fortalecimento da indústria e do setor tecnológico, onde a demanda por trabalhadores mais qualificados é maior.