Condoreirismo: definição, autores e exemplos

Conheça suas obras icônicas e seu impacto nas lutas abolicionistas e republicanas.

O Condoreirismo, ligado à terceira geração romântica brasileira, destacou-se como um movimento poético que focava em temas sociais e abolicionistas. Suas obras exploravam críticas sociopolíticas e apelos emocionais, sendo liderado pelo poeta Castro Alves. Para mais informações, consulte o artigo completo sobre o movimento.

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O que é Condoreirismo?

O termo Condoreirismo tem suas raízes na figura majestosa do condor, símbolo das altas montanhas dos Andes. Esta ave, que voa nas alturas, foi escolhida pelos poetas como um ícone de liberdade. Para os autores deste movimento, o Condoreirismo representa os ideais libertários. Esses princípios foram profundamente influenciados pela poesia de Victor Hugo (1802-1895), o renomado escritor francês célebre por sua obra “Os Miseráveis”, o que levou a essa fase ser também conhecida como a “Geração Hugoana”.

Embora seja reconhecido como parte do romantismo brasileiro, o Condoreirismo divergia dos estilos predominantes das fases românticas anteriores. Em contraste, suas obras não eram permeadas por melancolia.

Durante a regência de D. Pedro II (1825-1891), no século XIX, surgiram leis importantes contra a escravidão. A Lei Eusébio de Queirós (1850), que proibiu o tráfico de escravos, e a Lei do Ventre Livre (1871), que concedeu liberdade aos filhos de escravas nascidos a partir daquela data, foram marcos significativos.

Essas legislações impulsionaram diversos artistas a buscar uma identidade nacional e a abraçar o abolicionismo como tema central de suas obras. Os adeptos do movimento Condoreirismo foram especialmente influenciados por essas questões políticas e sociais, dedicando-se a expressar-se contra a instituição da escravidão.

Características do movimento

  • Busca pela identidade nacional;
  • Realismo social;
  • Crítica sociopolítica;
  • Temas sobre escravidão;
  • Busca por justiça;
  • Libertação do egocentrismo;
  • Liberdade poética;
  • Caráter subjetivo;
  • Imagens hiperbólicas;
  • Apelo emocional;
  • Uso de vocativos e exclamações;
  • Visão libertária.
Condoreirismo: definição, autores e exemplos (Foto: Unsplash).
Condoreirismo: definição, autores e exemplos (Foto: Unsplash).

Artistas e suas obras

O Condoreirismo contou com muitos artistas, sendo Castro Alves (1847-1871), o poeta principal, também conhecido como “Poeta dos Escravos”, um dos mais destacados. Suas obras mais importantes da época foram:

  • “O Navio Negreiro”;
  • “Os Escravos”;
  • “Vozes D’África”.

Além dele, Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902), também conhecido como “Sousândrade”, e Tobias Barreto (1839-1889), foram nomes com muita visibilidade no movimento.

Sousândrade, defensor dos ideais abolicionistas e republicanos, foi um dos primeiros poetas brasileiros com referência à modernidade. Suas principais obras foram:

  • “Harpas de Oiro”;
  • “Harpas Selvagens”;
  • “O Guesa Errante”.

Já Tobias Barreto, além de poeta, foi filósofo e jurista. Considerado um dos fundadores do Condoreirismo, tem como destaques as obras:

  • “A Escravidão”;
  • “Amar”;
  • “O Gênio da Humanidade”.

Exemplo de poesia condoreira

Abaixo, veja um bom exemplo de poesia condoreira do autor Castro Alves:

Mater Dolorosa

Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama – o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,

As asas de ouro vais além abrir.

Ai! rosa branca no matiz tão pálida,

Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte

Nas folhas secas do sombrio chão!

Folha dest’alma como dar-te à sorte?

É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas… Num amor sem termo

Bebi a força de matar-te a mim

Viva eu cativa a soluçar num ermo

Filho, sê livre… Sou feliz assim…

– Ave – te espera da lufada o açoite,

– Estrela – guia-te uma luz falaz.

– Aurora minha – só te aguarda a noite,

– Pobre inocente – já maldito estás.

Perdão, meu filho… se matar-te é crime

Deus me perdoa… me perdoa já.

A fera enchente quebraria o vime…

Velem-te os anjos e te cuidem lá.

Meu filho dorme… dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

CASTRO ALVES

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