Dúvidas de Português: Contrata-se ou contratam-se?

Para responder a esta questão: contrata-se ou contratam-se, é essencial compreender a concordância verbal

Você já se deparou com a dúvida: “Contrata-se ou contratam-se profissionais?” Essa é uma questão comum, especialmente em anúncios de emprego e contratações. O que fazer quando se deparar com frases desse tipo? Qual é a forma correta de usá-las? A resposta está mais próxima do que você imagina, mas há detalhes importantes sobre concordância verbal e voz passiva que será explicado aqui.

Nesta matéria, você aprenderá as regras que regem a concordância verbal e entender por que o correto é “contratam-se profissionais” e não “contrata-se profissionais”. Você saberá tudo para que não tenha mais dúvidas sobre o tema!

O que é concordância verbal?

Antes de mais nada, é essencial entender o que é concordância verbal. A concordância verbal estabelece uma relação de adequação entre o verbo e o sujeito da frase. Isso significa que o verbo precisa ser flexionado conforme o número (singular ou plural) e a pessoa (primeira, segunda ou terceira) do sujeito.

Essa concordância é essencial para assegurar que as frases sejam claras e coerentes. Quando o verbo não concorda com o sujeito, a frase se torna difícil de entender e soa errada. Por isso, é fundamental estar atento a esse detalhe ao formar frases, especialmente quando há uma construção pronominal ou passiva.

O que é a voz passiva?

Agora que ficou entendido a concordância verbal, será abordado a voz passiva. A voz passiva é uma estrutura gramatical onde o sujeito da oração recebe a ação do verbo. Em outras palavras, na voz passiva, o destaque vai para o paciente da ação (quem recebe a ação), e não para o agente (quem realiza a ação).

Existem duas formas principais de voz passiva:

  • A voz passiva analítica é formada pelo verbo auxiliar “ser”, seguido do particípio do verbo principal. Um exemplo disso é: “A prova foi corrigida pelo professor.”
  • Voz passiva sintética (ou pronominal): Utiliza o pronome apassivador “se” para transformar a frase em passiva, sem a necessidade de indicar quem faz a ação. Exemplo: “Vendem-se livros.”

Contrata-se ou contratam-se: Qual a forma correta?

Agora, será desvendada a questão principal: “Contrata-se ou contratam-se profissionais?”.

A voz passiva sintética

A forma correta de se expressar nesse caso é “contratam-se profissionais”. Isso porque, ao utilizar a construção pronominal passiva, o sujeito da frase (no caso, “profissionais”) deve concordar com o verbo, que estará no plural. Assim, o verbo “contratar” deve ser conjugado no plural, já que o sujeito, “profissionais”, também está no plural.

Exemplo: “Contratam-se profissionais para o departamento de recursos humanos.”

Essa construção está na voz passiva sintética, que visa tornar a frase mais impessoal. Ou seja, não se esta especificando quem está contratando os profissionais, mas apenas que a ação de contratar está acontecendo.

Comparação com a voz passiva analítica

Para entender melhor, a frase será transformada na voz passiva analítica. Na voz passiva analítica, a frase seria:

“Profissionais são contratados para o departamento de recursos humanos.”

Perceba que, na voz passiva analítica, o sujeito, “profissionais”, continua no plural, e o verbo, “ser”, também está no plural, acompanhando o sujeito. Como a frase não especifica quem faz a ação (quem está contratando), a frase se torna mais formal, clara e estruturada.

Por que usar o plural?

A dúvida surge porque, ao ler a frase “Contrata-se profissionais”, parece que o verbo “contrata-se” deveria concordar com o sujeito “quem contrata”, ou seja, com uma pessoa não especificada. Porém, em construções de voz passiva como essa, quem realmente é o sujeito da ação é o objeto da contratação, no caso, os profissionais. Por isso, o verbo deve concordar com esse sujeito, e não com a pessoa ou agente que está realizando a ação.

Quando se usa a voz passiva pronominal, o foco da ação muda. O verbo “contratar” não se refere mais diretamente à pessoa que realiza a ação, mas sim ao grupo de pessoas que recebe a ação. Portanto, o correto é usar o verbo “contratam-se”, no plural.

O verbo "contratar" não se refere mais diretamente à pessoa que realiza a ação, mas sim ao grupo de pessoas que recebe a ação. Imagem: Freepik
O verbo “contratar” não se refere mais diretamente à pessoa que realiza a ação, mas sim ao grupo de pessoas que recebe a ação. Imagem: Freepik

Exemplos para fixar a regra

Aqui estão mais alguns exemplos para ajudar a fixar o conceito de concordância verbal na voz passiva:

  • Vendem-se carros (correto: o sujeito é “carros”, no plural, logo o verbo está no plural).
  • Precisa-se de ajuda (verbo no singular porque o sujeito da ação é “ajuda”, que é um sujeito impessoal).
  • Alugam-se apartamentos (o sujeito “apartamentos” está no plural, logo o verbo também está no plural).

Esses exemplos ilustram a forma correta de aplicar a voz passiva pronominal. O verbo sempre concorda com o sujeito paciente, e não com o agente da ação.

Quando utilizar “contrata-se”?

Embora o correto seja “contratam-se profissionais”, há situações em que “contrata-se” no singular é adequado. Esse caso ocorre quando o sujeito da frase é singular. Por exemplo:

  • Contrata-se engenheiro (a vaga é para uma única pessoa, logo o verbo está no singular).
  • Precisa-se de profissional qualificado (o sujeito impessoal “precisa-se” exige o verbo no singular).

Esses exemplos mostram que, quando o sujeito da frase é singular, o verbo deve acompanhar essa característica.

Dicas para evitar erros

Para evitar erros de concordância verbal, é importante:

  1. Identificar corretamente o sujeito da frase: Pergunte-se sempre: quem ou o que está fazendo a ação? O sujeito é plural ou singular?
  2. Transformar a frase em voz passiva analítica: Caso haja dúvida, tente reescrever a frase na voz passiva analítica. Isso pode ajudar a esclarecer a concordância do verbo com o sujeito.
  3. Ler em voz alta: Muitas vezes, ao falar a frase, a concordância correta fica mais evidente. Se a frase soar estranha, provavelmente há um erro de concordância.
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