Crônica argumentativa: como reconhecer e criar a sua
Aqui, você encontra a definição, as características, exemplos e o como escrever uma do jeito certo!
A crônica argumentativa se destaca por enfatizar a argumentação como traço central. É amplamente empregada pelos meios de comunicação, especialmente jornais e revistas. O termo “crônica” deriva das palavras latinas Chronica e do grego Khrónos (tempo), associando-se à narrativa ao retratar eventos ocorridos em um intervalo específico.
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O que é a crônica argumentativa
Uma crônica argumentativa é um tipo de texto que combina características da crônica, que geralmente é uma narrativa curta e informal sobre acontecimentos do cotidiano, com a estrutura argumentativa, que visa persuadir o leitor sobre determinado ponto de vista ou tema.
Ao contrário da crônica tradicional, que muitas vezes se limita a relatar eventos de maneira mais descritiva ou reflexiva, a crônica argumentativa utiliza recursos argumentativos para defender uma posição, apresentar uma análise crítica ou propor uma reflexão profunda sobre um assunto específico.
É comum encontrar crônicas argumentativas em jornais, revistas e outros meios de comunicação, onde os escritores utilizam esse formato para discutir temas da atualidade, políticas públicas, questões sociais, entre outros assuntos relevantes.
Como fazer a sua?
Para escrever uma crônica argumentativa de maneira autêntica, é essencial selecionar um tema contemporâneo, como segurança pública, política, gravidez na adolescência, violência, entre outros assuntos pertinentes. Após a escolha do tema, é fundamental realizar uma pesquisa detalhada, organizar ideias e selecionar argumentos robustos. A presença de argumentos sólidos é crucial para diferenciar uma crônica argumentativa de um texto puramente informativo.
Uma característica distintiva das crônicas é a presença marcante de críticas, frequentemente embaladas com humor, sarcasmo e ironia, portanto, é importante ser criativo ao redigir sua crônica argumentativa. No caso de uma crônica desse tipo, é comum apresentar uma pequena história com personagens, cenários e um enredo definido. Esse tipo de crônica pode incorporar diferentes estilos de discurso, como direto, indireto e indireto livre.
O que uma boa crônica argumentativa deve ter?
- Temas do dia a dia e polêmicos;
- Linguagem coloquial, simples e direta;
- Fusão do estilo jornalístico e literário;
- Crítica, humor e ironia;
- Subjetividade e criatividade;
- Induz a reflexão;
- Argumentação e persuasão;
- Textos relativamente pequenos;
- Caráter contemporâneo;
- Poucos personagens, se houver;
- Tempo e espaço limitados.
Exemplo de crônica argumentativa
Um autor amplamente reconhecido na crônica argumentativa é Contardo Calligaris, renomado escritor e psicanalista, conhecido por suas colunas na Folha de São Paulo. Abaixo estão alguns excertos de sua crônica intitulada “O segredo da vida de um casal”, que foi publicada em 2007 e está disponível para leitura no site da UOL.
“EM GERAL, na literatura, no cinema e nas nossa fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta). No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um ‘viveram felizes para sempre’, que seria a ‘óbvia’ consequência da paixão. No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível.
O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitar-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família? Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal. O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville – às vezes, para conto de terror, à la ‘Dormindo com o Inimigo’.”
Como é possível perceber, na primeira seção, observa-se que o autor introduz a crônica argumentativa, apresentando o tema e contextualizando o leitor sobre o assunto a ser discutido ao mesmo tempo em que utiliza referências literárias para enriquecer a compreensão do leitor.