Derivação: definição do processo e como se dá

Derivação é um processo morfológico na língua portuguesa que consiste na formação de novas palavras a partir de uma palavra base, por meio do acréscimo de afixos, como prefixos e sufixos. Esse processo amplia o vocabulário, permitindo a criação de termos com novos significados a partir de uma raiz já existente.

Leia também: Sufixos: uma análise mais minuciosa

Entenda a derivação

Observe as palavras em destaque na música:

“Chuva, chuvisco, chuvarada
(Cocoricó)

Chove, mas como chove
Chuva, chuvisco, chuvarada
Por que é que chove tanto assim?”

Perceba que todas essas palavras possuem o mesmo radical, “chuv-“. No entanto, algumas têm sufixos diferentes, como “chuvisco” e “chuvarada”. Essas palavras, formadas pela adição de um sufixo ao radical, são chamadas de palavras derivadas. O processo de criação de palavras através da adição de afixos (prefixos e sufixos) é conhecido como derivação. A derivação pode ocorrer de várias formas, como prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. Vamos explorar cada uma delas a seguir.

Derivação prefixal

Trata-se do processo de criação de palavras em que se adiciona um prefixo à palavra original. Esses prefixos carregam significados que alteram o sentido da palavra base. Por exemplo:

• montar – desmontar (o prefixo “des-” indica negação ou reversão)

Os prefixos utilizados na língua portuguesa têm origem grega ou latina. Veja abaixo alguns exemplos de como esses prefixos são aplicados no processo de derivação:

Lista dos prefixos latinos

Prefixos	Significados	Exemplos
ab-	afastamento	abdicar
ambi-	duplicação	ambidestro
ante-	anterioridade	antepor
bem-, ben-	bem	bendito, beneficente
bi-, bis-	dois	biênio, bisneto
contra-	oposição	contradizer
in-, i-	negação	ingrato, ilegal
pos-	posição	posterior
semi-	metade	semicírculo
tri-	três	triângulo

Lista do Toda Matéria.

Lista dos prefixos gregos

Prefixos	Significados	Exemplos
anti-	oposição	antipatia
arce-	superioridade	arcebispo
cata-	movimento para baixo	cataclismo
dis-	dificuldade	dispneia
en-	posição interior	encéfalo
epi-	posterioridade	epílogo
eu-	bem, bom	eufonia
hiper-	excessivo	hipertensão
para-	proximidade	paralelo
pro-	anterioridade	prólogo

Lista do Toda Matéria.

Derivação sufixal

A derivação sufixal é o processo de criar novos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios através da adição de um sufixo ao radical de uma palavra.

Neste processo, existem dois principais tipos de sufixos: os nominais e os verbais.

Os sufixos nominais formam novos substantivos e adjetivos, ou ainda geram formas aumentativas e diminutivas, ao serem adicionados a radicais de nomes ou verbos.

Por outro lado, os sufixos verbais se ligam a radicais nominais para dar origem a novos verbos.

A seguir, veja exemplos de palavras formadas com sufixos nominais e verbais:

Tipo de sufixo	Sufixos	Exemplos
Sufixos aumentativos	-ão	casarão (de casa), mulherão (de mulher)
	-zão	portão (de porta), pezão (de pé)
	-aço	cabeçorra (de cabeça), buraço (de buraco)
	-eirão	caseirão (de casa), amigão (de amigo)
Sufixos diminutivos	-inho	casinha (de casa), amorzinho (de amor)
	-zinho	florzinha (de flor), pezinho (de pé)
	-ico	momentico (de momento), livrico (de livro)
	-ote	filhote (de filho), ribeirote (de ribeiro)

 

Derivação parassintética

A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são adicionados simultaneamente a um radical, formando uma nova palavra. Importante ressaltar que, se retirarmos qualquer um dos afixos, a palavra restante não tem sentido ou não existe na língua. Exemplos incluem:

• “Repatriar” – As formas “repátria” e “patriar” não são palavras válidas.
• “Desalmado” – As formas “desalma” e “almado” não existem na língua.

Derivação regressiva
A derivação regressiva se dá pela redução de uma palavra derivada, resultando em uma forma simplificada. Por exemplo:

Palavra derivante	Palavra derivada
abalar	abalo
amparar	amparo
sustentar	sustento
amostrar	amostra

 

Derivação imprópria

Ocorre quando uma palavra muda de classe gramatical sem alteração em sua forma. Os tipos mais comuns são:

a) De substantivos próprios para comuns: exemplos incluem “damasco” e “quixote”.

b) De substantivos comuns para próprios: como “Coelho” e “Leão”.

c) De adjetivos para substantivos: por exemplo, “capital”, “circular” e “veneziana”.

d) De substantivos para adjetivos: como “burro” e “colégio-monstro”.

e) De substantivos, adjetivos e verbos para interjeições: tais como “Silêncio!” e “Viva!”.

f) De verbos e advérbios para conjunções: por exemplo, “quer…quer” e “já…já”.

g) De particípios presentes e passados para preposições: como “mediante” e “salvo”.

h) De verbos para substantivos: exemplos incluem “afazer”, “jantar” e “prazer”.

i) De particípios passados para substantivos e adjetivos: como “conteúdo”, “absoluto” e “resoluto”.