Derivação imprópria – definição, principais usos, exemplos e mais
Veja como funciona, seus principais usos e exemplos práticos que mostram a riqueza e a flexibilidade da língua portuguesa!
Já ouviu falar de derivação imprópria? A língua portuguesa é um vasto universo de possibilidades, e a derivação imprópria é uma das ferramentas que a tornam tão rica e dinâmica. Também conhecida como conversão, essa forma de derivação ocorre quando uma palavra muda de classe gramatical sem sofrer alterações em sua estrutura. Em outras palavras, um mesmo termo pode desempenhar diferentes papéis numa frase, adaptando-se ao contexto e ao significado desejado.
Leia também: Vamos praticar? 5 exercícios (com gabarito) sobre formação de palavras
Aqui, vamos explorar a definição de derivação imprópria, seus principais usos e as formas como ela aparece no dia a dia. Além disso, traremos exemplos claros e práticos que ilustram como esse fenômeno contribui para a flexibilidade e expressividade da língua portuguesa. Venha entender como uma simples palavra pode se reinventar e trazer novas nuances à comunicação!
A derivação imprópria
A derivação imprópria, frequentemente chamada de conversão, é um dos fenômenos linguísticos mais interessantes no estudo da formação de palavras. Esse tipo de derivação ocorre quando uma palavra muda sua classe gramatical sem que sua estrutura original seja alterada. Em outras palavras, o termo mantém sua forma, mas assume uma nova função gramatical no contexto em que é utilizado.
Esse processo resulta na criação de uma nova palavra, não pela adição de prefixos ou sufixos, mas pela mudança de sua função dentro da frase. Por exemplo:
- “Joana tem um andar muito determinado.” (substantivo)
- “Essa tarde podemos andar no parque.” (verbo)
Perceba que, no primeiro caso, “andar” exerce a função de substantivo, enquanto no segundo funciona como verbo. Apesar de sua forma permanecer intacta, o contexto define o papel que a palavra desempenha.
A derivação imprópria é singular justamente por não incluir modificações estruturais como acontece em outros processos de formação de palavras, como a derivação sufixal ou prefixal. Aqui, a transformação acontece no significado e na função gramatical, adaptando a palavra às necessidades do discurso.
Esse processo é apenas uma das várias formas de derivação presentes na língua portuguesa. Além dela, temos a derivação prefixal, sufixal, parassintética e regressiva, cada uma com suas próprias características e regras.
Exemplos de derivação imprópria
A seguir, veja como a derivação imprópria atua em diferentes contextos, modificando o papel das palavras:
- “Nosso jantar estava ótimo.” (substantivo)
“Vamos jantar na casa da Fabiana?” (verbo) - “O olhar da garota era profundo.” (substantivo)
“Ao olhar os preços das camisas, resolvemos ir à feira.” (verbo) - “O conceito de belo nas artes é encontrado na Grécia Antiga.” (substantivo)
“O Coliseu de Roma é muito belo.” (adjetivo) - “Pedro é o mais alto da turma.” (adjetivo)
“A professora falava muito alto.” (advérbio) - “Sofia é a cabeça da classe.” (adjetivo)
“Minha cabeça dói muito hoje.” (substantivo)
A derivação imprópria é um recurso poderoso e versátil que demonstra a riqueza e a flexibilidade da língua portuguesa. Ao compreender como ela funciona, conseguimos não apenas ampliar nosso vocabulário, mas também apreciar a dinâmica que rege a comunicação em diferentes contextos.
Teste o que aprendeu aqui!
Questão I
(UFMG) Em que alternativa a palavra destacada resulta de derivação imprópria?
a) Às sete horas da manhã começou o trabalho principal: a votação.
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo… Voto secreto … Bobagens, bobagens!
c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições continuariam sendo uma farsa!
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se entenderam.
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de raiva.
Resposta certa:
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se entenderam.
Questão II
(UFG) Na frase “Ela tem um quê misterioso”, o processo de formação da palavra destacada chama-se:
a) composição
b) aglutinação
c) justaposição
d) derivação imprópria
e) parassíntese
Resposta certa:
d) derivação imprópria
Questão III
(FUVEST-SP) Leia os versos abaixo, pertencentes a uma cantiga de amigo, do trovadorismo português.
“Ai, flores, ai flores do verde ramo
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é”
(sabedes = sabeis; u = onde)
Encontre no trecho acima um exemplo de derivação imprópria.
Resposta certa:
No exemplo acima, podemos identificar dois casos de derivação imprópria:
- “novas”: originalmente um adjetivo, utilizado com função de substantivo.
- “amado”: particípio do verbo “amar”, desempenhando também o papel de substantivo.