Descrição objetiva e subjetiva: entenda as diferenças no texto

Aprenda como usar cada uma para enriquecer seus textos com clareza e emoção.

Ao escrever um texto, descrever algo pode parecer simples; basta dizer como é, certo? Nem sempre. A forma como descrevemos um objeto, uma pessoa, uma cena ou uma emoção pode mudar completamente a maneira como o leitor interpreta o conteúdo. É aí que entram a descrição objetiva e a descrição subjetiva.

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Enquanto a primeira se baseia em fatos concretos e observáveis, a segunda é carregada de impressões pessoais, sentimentos e interpretações. Hoje, aqui conosco, você vai entender de forma clara as diferenças entre esses dois tipos de descrição, ver exemplos práticos e aprender a aplicá-los de forma eficaz para tornar seus textos mais ricos e expressivos. Preparado? Vamos lá!

Para que servem a descrição objetiva e subjetiva?

A descrição é uma ferramenta fundamental na construção de qualquer narrativa, seja ela literária, jornalística ou mesmo cotidiana. Seu papel principal é o de apresentar ao leitor (ou ouvinte) as características de algo ou alguém com riqueza de detalhes, permitindo que esse interlocutor visualize, sinta e compreenda melhor o que está sendo exposto. Ao descrever, o autor desenha com palavras, criando verdadeiras imagens mentais — e isso pode ser feito de duas formas distintas: por meio da descrição objetiva ou da subjetiva.

Em ambos os casos, o intuito é retratar de maneira vívida os elementos que compõem a cena, o ambiente, os personagens ou até os sentimentos envolvidos em determinado momento da narrativa. O texto descritivo, portanto, é como uma lente que aproxima e detalha tudo o que compõe a história, oferecendo ao leitor a sensação de estar dentro dela.

Quando, por exemplo, um autor quer apresentar um personagem, ele pode mencionar sua estatura, cor dos olhos, tipo de cabelo, estilo de vestir e até mesmo suas emoções ou atitudes mais marcantes. Essas descrições permitem que o leitor construa, mentalmente, a imagem daquele indivíduo — e esse processo é chamado de descrição. No entanto, essa representação pode se desenvolver de formas diferentes, dependendo da abordagem escolhida: objetiva, quando o foco está na realidade concreta e observável; ou subjetiva, quando o texto carrega a visão pessoal, os sentimentos e a interpretação de quem escreve.

Como elaborar uma boa descrição

De modo geral, descrever é o ato de representar algo ou alguém com palavras, evidenciando seus detalhes físicos, emocionais ou contextuais. No campo linguístico, costuma-se dizer que a descrição é uma espécie de “fotografia verbal”, que transforma palavras em imagens na mente de quem lê ou escuta.

Mesmo em situações cotidianas, utilizamos descrições com frequência. Imagine que você presenciou um acidente de trânsito e, ao contar o ocorrido, precisa explicar com precisão o que viu, ouviu e sentiu. Ao relatar o som da batida, os gestos dos envolvidos, o clima tenso e até sua reação emocional, você está descrevendo — permitindo que outra pessoa compreenda uma situação da qual não participou, apenas por meio da sua narrativa.

Nos textos, esse mesmo princípio se aplica. O objetivo é provocar no leitor uma sensação de presença e envolvimento com aquilo que está sendo contado. E isso depende diretamente da capacidade descritiva do autor, ou seja, da forma como ele organiza e transmite as informações.

Para isso, é fundamental que o texto descritivo contenha alguns elementos essenciais, como:

  • Características físicas: altura, cor dos olhos e cabelos, tipo de corpo, aparência geral;

  • Cores, formas e dimensões: do objeto ou do espaço descrito;

  • Aspectos emocionais ou psicológicos: sentimentos, atitudes, temperamento;

  • Informações sobre o ambiente: temperatura, clima, tipo de vegetação, sons, aromas, paisagens;

  • Localização geográfica: urbano ou rural, presença de mar, rios, casas, montanhas etc.;

  • Textura, cheiro e sensação térmica: quando aplicáveis;

  • Vocabulário rico em adjetivos e locuções adjetivas: essenciais para qualificar e especificar.

Além disso, os tempos verbais mais comuns em descrições são o presente e o pretérito imperfeito, justamente por serem tempos que sugerem continuidade ou permanência, ajudando a sustentar a imagem na mente do leitor.

Vale lembrar também que toda descrição é, de certa forma, atravessada pela percepção de quem a realiza. Ainda que o objetivo seja ser fiel aos fatos, há sempre uma dose de interpretação, pois cada pessoa enxerga o mundo de forma única. Isso nos leva à diferença essencial entre a descrição objetiva e a subjetiva.

 Objetiva vs. subjetiva

A descrição objetiva é aquela que se baseia em dados concretos, observações neutras e ausência de julgamento pessoal. Ela busca relatar exatamente o que se vê, sem interferência das emoções ou impressões de quem escreve. É comum em textos científicos, jornalísticos ou em narrativas que requerem distanciamento e clareza.

Já a descrição subjetiva é marcada pela presença do autor no texto. Nela, há espaço para emoções, sensações, opiniões e experiências pessoais. A descrição não se limita ao que é visível, mas se aprofunda no que é sentido, sugerido, intuído. É mais comum em textos literários, poéticos ou em relatos pessoais, onde a intenção é despertar empatia, emoção ou reflexão.

Descrição objetiva e subjetiva: entenda as diferenças no texto (Foto: Unsplash).
Descrição objetiva e subjetiva: entenda as diferenças no texto (Foto: Unsplash).

Para compreender melhor essa diferença, vejamos dois exemplos:

Descrição objetiva:

“O rapaz era branco, de olhos verdes. Mostrava-se comunicativo e bem-humorado. Entrou na sala, interagiu com os presentes e foi selecionado para o cargo.”

Neste caso, a narrativa é direta, sem expressar qualquer juízo de valor ou interpretação emocional. Apenas os fatos visíveis são relatados. Esse tipo de descrição é especialmente comum quando falamos de objetos ou itens técnicos, como neste exemplo:

“O ventilador de mesa possui cor preta, três níveis de velocidade, seis hélices, grade removível, ajuste vertical de inclinação e compartimento para enrolar o fio.”

Observe que o discurso é desprovido de sentimentos — trata-se apenas de listar as características do produto de forma clara e objetiva.

Descrição subjetiva:

Ao contrário, quando a subjetividade entra em cena, o narrador imprime sua visão pessoal sobre aquilo que está sendo descrito. Emoções, lembranças, preferências e sentimentos se entrelaçam ao texto. Veja este exemplo, retirado de “A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa:

“Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.”

Aqui, o que temos não é apenas uma descrição do pai do narrador, mas sim um retrato carregado de sentimento, memória e subjetividade. A visão do filho, somada às opiniões alheias, constrói uma imagem complexa, emocional e pessoal da figura paterna.

Portanto, ao escrever um texto descritivo, é importante ter clareza sobre o tipo de descrição que se quer usar. A objetiva é mais técnica e informativa, enquanto a subjetiva é mais sensível e interpretativa — ambas, porém, enriquecem a narrativa de formas diferentes, conforme a intenção do autor.

Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “Criando filhos leitores – 4 dicas para incentivar a leitura”, já que o hábito da leitura estimula a criatividade, melhora o desempenho escolar e fortalece o vínculo familiar.

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