Dúvidas de Português: “infarto” ou “enfarte”? Qual é o correto?
Você sabe qual é o a forma correta?
A língua portuguesa, conhecida por sua riqueza e complexidade, muitas vezes nos leva a questionar o uso correto de certas palavras. Um desses casos é a dúvida entre “infarto” e “enfarte”. Ambas as palavras estão corretas? Ou apenas uma?
Infarto e Enfarte: Entendendo os Termos
As palavras “infarto” e “enfarte” são usadas para descrever a mesma condição médica: a consequência máxima da falta de oxigenação de um órgão ou parte dele. Isso acontece, por exemplo, quando há uma lesão em uma artéria que diminui ou interrompe a irrigação sanguínea de um determinado órgão. Se essa obstrução não for rapidamente resolvida, o órgão começa a sofrer de isquemia, que é a redução do fluxo sanguíneo, e, eventualmente, ocorre o infarto ou enfarte, resultando na morte das células afetadas.
O exemplo mais conhecido e temido desse processo é o infarto do miocárdio, popularmente chamado de ataque cardíaco. Ele ocorre quando uma das artérias coronárias, responsáveis por levar sangue ao coração, é bloqueada, impedindo que o músculo cardíaco receba oxigênio suficiente. Se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente, o tecido do coração começa a morrer, causando danos permanentes ao órgão.
Embora o termo “infarto” seja amplamente associado ao coração, ele pode ocorrer em qualquer órgão do corpo que sofra de isquemia prolongada. Por exemplo, podemos falar de infarto pulmonar, cerebral ou renal, dependendo do órgão afetado.
Afinal é “infarto” ou “enfarte”?
Para responder a essas perguntas, é necessário entender a origem, o significado e o uso dessas palavras. De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras, tanto “infarto” quanto “enfarte” são formas corretas e têm o mesmo significado. No entanto, a escolha entre uma e outra pode variar de acordo com o contexto geográfico e o uso popular. Neste texto, vamos explorar essas variações e entender mais sobre o que essas palavras representam.
A Diferença no Uso: Brasil e Portugal
Apesar de “infarto” e “enfarte” serem sinônimos, o uso de cada termo varia entre o Brasil e Portugal. No Brasil, “infarto” é a forma mais comum e popularmente utilizada, tanto na linguagem médica quanto no cotidiano. A palavra “infarto” deriva do latim infarctus, que significa “entupido” ou “preenchido”. Essa forma acabou prevalecendo no português brasileiro, talvez por ser considerada mais próxima do original em latim e por influência dos termos médicos internacionais, como o inglês “infarction”.
Por outro lado, em Portugal, o termo “enfarte” é mais comum. A palavra “enfarte” também deriva do latim, mas passa por uma adaptação diferente, refletindo a tendência do português europeu de modificar certos sons e formas. A escolha por “enfarte” no português de Portugal pode estar ligada a essa evolução linguística e a uma preferência por formas verbais mais consonantes com o português falado na região.
Essa diferença de uso entre Brasil e Portugal é semelhante ao que ocorre com outras palavras na língua portuguesa, onde variações regionais influenciam a escolha de termos. Exemplos disso incluem o uso de “ônibus” no Brasil e “autocarro” em Portugal, ou “trem” no Brasil e “comboio” em Portugal. No entanto, ao contrário desses exemplos, onde uma palavra é usada exclusivamente em uma região, tanto “infarto” quanto “enfarte” podem ser compreendidos e utilizados em ambos os países, ainda que com preferências diferentes.
Qual Usar?
Então, diante da pergunta “infarto” ou “enfarte”, qual é o correto? A resposta é que ambos os termos são corretos e têm o mesmo significado. No entanto, a escolha entre um e outro depende do contexto geográfico e das preferências linguísticas de cada região. No Brasil, “infarto” é a forma mais comum e aceita, enquanto em Portugal, “enfarte” prevalece.
Se você estiver escrevendo para um público brasileiro, é recomendável usar “infarto”, pois é a forma que ressoa mais naturalmente com os leitores. Se estiver se comunicando com um público português, “enfarte” seria a escolha mais apropriada. E se o seu texto for destinado a um público amplo, incluindo pessoas de diferentes países de língua portuguesa, ambas as formas são válidas, e você pode optar por usar a que achar mais adequada ou até mencionar as duas para evitar confusões.
Em última análise, a língua portuguesa nos oferece a liberdade de escolha, desde que respeitemos as normas e compreendamos as variações que fazem parte da sua riqueza. Seja “infarto” ou “enfarte”, o mais importante é garantir que a comunicação seja clara e eficiente, transmitindo a mensagem de forma precisa e adequada ao contexto.