Dúvidas de Português: quando usar a vírgula antes do “e”? Você sabe?

O uso da vírgula é um dos pontos que mais gera dúvida na língua portuguesa

A vírgula é um dos sinais de pontuação mais importantes na língua portuguesa. Embora seja pequena, ela pode mudar completamente o sentido de uma frase, tornando a comunicação mais clara ou, quando usada de maneira errada, gerando confusões. Um dos maiores desafios que muitas pessoas enfrentam ao escrever é saber quando usar a vírgula antes do “e”. Afinal, o “e” é uma conjunção coordenativa aditiva, utilizada para conectar elementos que desempenham a mesma função sintática. Por essa razão, muitos acreditam que a vírgula nunca deve ser usada antes do “e”. No entanto, existem situações específicas em que essa pontuação é necessária. Conheça a seguir, três situações em que a vírgula antes do “e” é recomendada e como usá-la corretamente.

1. Quando o “e” Indica Oposição (Equivale a “mas”)

Uma das situações em que o uso da vírgula antes do “e” é necessário é quando essa conjunção está sendo utilizada com o sentido de oposição, funcionando como um “mas”. Nesses casos, a vírgula é usada para separar ideias contrastantes.

Exemplo:

  • Frase sem vírgula: “Estudei muito e não aprendi.”
  • Frase com vírgula: “Estudei muito, e não aprendi.”

Na primeira frase, sem a vírgula, o sentido da frase sugere uma continuidade, como se a pessoa tivesse estudado e, em consequência disso, não tivesse aprendido. Já na segunda frase, com a vírgula, fica claro que a segunda oração apresenta uma ideia contrastante em relação à primeira. Aqui, o “e” funciona como um “mas”, indicando uma oposição entre as duas ideias: a pessoa estudou muito, mas mesmo assim, não aprendeu.

Portanto, quando o “e” está sendo usado para introduzir uma ideia oposta ou contrastante, a vírgula deve ser colocada antes dele para indicar essa mudança de sentido.

Dica:

Uma maneira de testar se a vírgula é necessária nesse caso é substituir o “e” por “mas”. Se a frase ainda fizer sentido, o uso da vírgula é indicado.

2. Quando os Sujeitos São Diferentes

Outra situação em que a vírgula é necessária antes do “e” é quando as orações coordenadas têm sujeitos diferentes. Mesmo que o “e” seja usado para adicionar uma ideia, a mudança de sujeito torna o uso da vírgula obrigatório para evitar ambiguidades.

Exemplo:

  • Frase sem vírgula: “O pai trabalha e o filho estuda.”
  • Frase com vírgula: “O pai trabalha, e o filho estuda.”

Na primeira frase, sem a vírgula, a leitura pode se tornar mais rápida e menos clara, fazendo parecer que as ações de trabalhar e estudar estão ligadas diretamente sem uma pausa reflexiva. Já na segunda frase, com a vírgula, há uma separação clara entre as ações de dois sujeitos diferentes: o pai e o filho. Isso ajuda a estruturar melhor a frase e a tornar o sentido mais preciso.

Essa regra é importante porque o uso da vírgula antes do “e” ajuda a evitar confusões quando há sujeitos diferentes realizando ações distintas. Assim, a vírgula age como um sinal de que uma nova ação está sendo introduzida, realizada por um sujeito diferente.

Dica:

Sempre que estiver escrevendo uma frase em que dois sujeitos diferentes aparecem antes e depois do “e”, considere o uso da vírgula para separar claramente as ideias.

Uso da Vírgula: aprenda como usar de uma vez por todas!
Uso da Vírgula: aprenda como usar de uma vez por todas! Imagem: Medium

3. Quando Há Repetição do “e” (Polissíndeto)

A terceira situação em que a vírgula deve ser usada antes do “e” é quando há repetição dessa conjunção em uma sequência de ações ou características. Essa repetição, chamada de polissíndeto, é uma figura de linguagem que traz ritmo e destaque ao texto. Nessa situação, a vírgula é utilizada antes de cada “e” para indicar a separação das ações ou ideias. Exemplo:

  • Frase sem vírgula: “Ele corre e pula e grita e sorri.”
  • Frase com vírgula: “Ele corre, e pula, e grita, e sorri.”

Na primeira frase, sem as vírgulas, a leitura pode parecer apressada, sem pausas adequadas para refletir as diferentes ações realizadas. Já na segunda frase, com as vírgulas, cada ação ganha uma pausa, dando mais ênfase e ritmo ao texto. Isso é especialmente útil em textos literários, discursos ou outras situações em que se deseja destacar cada ação ou ideia de maneira mais enfática.

O polissíndeto é uma técnica estilística usada para criar um efeito cumulativo e, ao adicionar vírgulas antes de cada “e”, o autor consegue transmitir a ideia de que as ações estão se acumulando ou se intensificando.

Dica:

Sempre que utilizar o “e” repetidamente para criar ritmo ou ênfase em uma frase, lembre-se de usar a vírgula antes de cada “e” para garantir que a leitura seja pausada e as ações sejam destacadas individualmente.

Agora que você já sabe quando usar a vírgula antes do “e”, que tal revisar seus textos e aplicar esse conhecimento? Com prática e atenção aos detalhes, seu domínio da língua portuguesa só tende a melhorar!

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