Dúvidas de Português: “tinha pego” ou “tinha pegado”?
Será que as duas formas estão corretas?
Você já se pegou na dúvida entre “tinha pego” e “tinha pegado”? Pois é, o Português tem dessas pegadinhas que deixam qualquer um confuso e, por que não dizer, um pouco desanimado. Afinal, só a língua portuguesa para transformar um verbo aparentemente inocente em um verdadeiro labirinto gramatical! Neste texto, você irá entender de uma vez por todas essa dúvida e, quem sabe, evitar que alguém seja “pego” (ou seria “pegado”?) desprevenido em uma conversa ou redação.
Então, prepare-se para desvendar esse mistério linguístico e rir um pouco da confusão que ele causa!
Tinha pego ou tinha pegado?
Em primeiro lugar, é importante entender que o verbo “pegar” possui duas formas de particípio: “pegado”, que é o particípio regular, e “pego”, o particípio irregular. Ou seja, o verbo “pegar” é um verbo abundante, o que significa que possui duas formas de particípio com funções distintas, dependendo do contexto e do verbo auxiliar que o acompanha. Portanto, “tinha pego” e “tinha pegado” estão corretos.
E então, como usar cada um?
A forma regular “pegado” é frequentemente usada com os auxiliares ter e haver. Quando a frase está na voz ativa, ou seja, quando o sujeito da ação está em destaque, recomenda-se o uso de “pegado”. Veja alguns exemplos:
- “Ele disse que já tinha pegado a documentação no consulado.”
- “Você foi ao correio, mas seu irmão já havia pegado a encomenda.”
Além disso, a escolha de “pegado” é preferida em situações onde a norma culta da língua é mais exigida, como textos formais e na escrita de documentos. Essa preferência pela forma regular ajuda a evitar ambiguidades e mantém o padrão gramatical considerado mais formal.
Por outro lado, a forma “pego” é utilizada na voz passiva, especialmente com os auxiliares ser e estar. Esse uso ocorre quando o foco está em uma ação que foi realizada no sujeito, em vez de algo que o sujeito fez diretamente. Exemplos disso são:
- “Ele foi pego de surpresa.”
- “Tenho medo de ser pego em flagrante.”
Afinal, tinha pego ou tinha pegado?
Agora que você já entendeu a a diferença entre “pegado” e “pego”, fica mais fácil escolher entre “tinha pego” e “tinha pegado”. Veja alguns exemplos:
- “Eu ainda não tinha pegado covid-19.”
- “Eu ainda não tinha pego covid-19.”
Ambas as frases acima estão corretas e são compreensíveis. No entanto, a forma “tinha pegado” é mais indicada para uma escrita formal, enquanto “tinha pego” soa mais natural na linguagem coloquial.
Havia pego ou havia pegado?
A mesma regra se aplica para o uso do verbo auxiliar “haver”. Em frases na voz ativa, “haver” pede a forma regular, ou seja, “pegado”. Observe os exemplos a seguir:
- “Ela já havia pegado a documentação na semana passada.”
- “Ela já havia pego a documentação na semana passada.”
A primeira construção (“havia pegado”) é a mais recomendada na norma culta, embora ambas sejam amplamente compreendidas.
Como pronunciar corretamente “pego”?
Além de dúvidas sobre o uso gramatical, a pronúncia de “pego” também causa confusão. Há duas possibilidades: pronunciar o “e” de “pego” de forma fechada (pêgo) ou de forma aberta (pégo). Alguns estudiosos defendem que a pronúncia com “e” fechado (pêgo) é mais correta no caso do particípio, enquanto a pronúncia com “e” aberto (pégo) é usada no presente do indicativo, como em “eu pego”.
No entanto, na prática, ambas as pronúncias são aceitas, variando conforme a região do Brasil. Esse tipo de variação é comum na língua portuguesa, que é rica em diferenças regionais.
“Pego” no presente do indicativo
A palavra “pego” também aparece no presente do indicativo, conjugada na primeira pessoa do singular: “eu pego”. Nesse caso, a pronúncia correta é com “e” aberto, ou seja, pégo. Observe alguns exemplos do uso de “pego” no presente do indicativo:
- “Eu te pego às sete horas.”
- “Eu pego a encomenda amanhã.”
- “Eu pego esse ônibus todos os dias.”
Existem outros verbos nesta mesma situação?
Além do verbo “pegar”, há outros verbos na língua portuguesa que também possuem duas formas de particípio, conhecidas como particípios duplos. Estes verbos abundantes possuem uma forma regular e outra irregular, como mostra a tabela abaixo:
Verbo no Infinitivo | Particípio Regular | Particípio Irregular |
---|---|---|
Pegar | Pegado | Pego |
Pagar | Pagado | Pago |
Ganhar | Ganhado | Ganho |
Morrer | Morrido | Morto |
Extinguir | Extinguido | Extinto |
Esses verbos também seguem a mesma lógica: a forma regular é preferida com os auxiliares “ter” e “haver”, enquanto a forma irregular é usada com “ser” e “estar” em contextos de voz passiva.