Eça de Queirós: quem foi, suas obras e legado
Autor de obras clássicas como "O Primo Basílio" e "Os Maias", Eça é conhecido por suas críticas sociais e retratos incisivos da burguesia do século XIX. Explore sua vida e legado literário.
Eça de Queirós foi um renomado escritor português do século XIX, vinculado ao movimento Realista, que se opôs ao Romantismo. Entre suas obras mais conhecidas destaca-se o romance “O Primo Basílio”.
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Quem foi Eça de Queirós?
Em resumo, ele nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, Portugal. Ele cursou Direito, atuou como advogado, serviu como cônsul e se destacou como um dos mais renomados escritores portugueses. Sua carreira diplomática o levou a viver em Cuba, Inglaterra e França.
O escritor, que faleceu em 16 de agosto de 1900, em Paris, é conhecido por suas obras realistas, caracterizadas pelo antirromantismo, pela objetividade e por uma crítica incisiva à sociedade portuguesa do século XIX. Essas qualidades estão presentes em “O Primo Basílio”, um de seus romances mais reconhecidos.
Biografia do autor
Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845, na cidade portuguesa de Póvoa de Varzim. Ele era filho de José Maria de Almeida Teixeira de Queirós (1820–1901) e Carolina Augusta Pereira de Eça (1826–1908), que não eram casados na época do nascimento do escritor.
Eça foi criado por sua ama de leite e madrinha, Ana Joaquina Leal de Barros. Em 1855, ingressou no colégio da Lapa, no Porto, e, em 1861, começou a estudar Direito na Universidade de Coimbra. Após concluir o curso em 1866, mudou-se para Lisboa para viver com seus pais, que se casaram quatro anos após seu nascimento.
Ainda em 1866, Eça de Queirós começou a colaborar com o jornal Gazeta de Portugal. No final desse ano, mudou-se para Évora, onde atuou como advogado e dirigiu o jornal Distrito de Évora. No entanto, em 1867, voltou para Lisboa. Em 1869, realizou viagens à Palestina, Síria e Egito, e em 1870 foi nomeado administrador do concelho de Leiria.
Em 1872, assumiu o cargo de cônsul em Havana. No ano seguinte, visitou o Canadá, Estados Unidos e América Central após solicitar licença ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em 1874, foi transferido para o consulado em Newcastle upon Tyne, na Inglaterra, e em 1878, para o consulado em Bristol. Em 1880, começou a colaborar com o jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro.
Em 1883, foi eleito sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Dois anos depois, em 1885, ficou noivo de Emília de Castro (1857–1934), com quem se casou no ano seguinte. Em 1887, o casal se mudou para a França, onde Eça foi nomeado cônsul em Paris.
Apesar dos compromissos diplomáticos, Eça continuou a escrever e publicar. Em 1897, por razões de saúde, passou um período em Plombières, e em 1900, foi para o sul da França, também por motivos de saúde. O escritor faleceu em 16 de agosto de 1900, em Paris.
Características das obras
Eça de Queirós foi um dos principais autores do Realismo em Portugal. Suas obras se destacam por incorporar características como:
- Uma perspectiva antirromântica;
- Realismo social;
- Linguagem objetiva e precisa;
- Descrições minuciosas;
- Crítica aos costumes da época;
- Análise profunda da sociedade;
- Crítica à burguesia;
- Análise psicológica dos personagens;
- Temática recorrente do adultério.
As obras
- “O mistério da estrada de Sintra” (1870);
- “O crime do Padre Amaro” (1875);
- “A tragédia da Rua das Flores” (1878);
- “O primo Basílio” (1878);
- “O mandarim” (1880);
- “A relíquia” (1887);
- “Os Maias” (1888);
- “Uma campanha alegre” (1891);
- “A correspondência de Fradique Mendes” (1900);
- “Dicionário de milagres” (1900);
- “A ilustre casa de Ramires” (1900);
- “A cidade e as serras” (1901);
- “Contos” (1902);
- “Prosas bárbaras” (1903);
- “Cartas de Inglaterra” (1905);
- “Ecos de Paris” (1905);
- “Cartas familiares e bilhetes de Paris” (1907);
- “Notas contemporâneas” (1909);
- “Últimas páginas” (1912);
- “A capital” (1925);
- “O conde de Abranhos” (1925);
- “Alves & Companhia” (1925);
- “Correspondência” (1925);
- “O Egito” (1926);
- “Cartas inéditas de Fradique Mendes” (1929).
Análise da obra “O primo Basílio”
“O primo Basílio” narra a história de Luísa, uma mulher que, buscando viver a fantasia de um amor romântico, envolve-se em um caso extraconjugal com seu primo, Basílio. Ela anseia por uma paixão digna dos romances que lê, mas rapidamente percebe que a realidade não corresponde às suas expectativas. Basílio revela-se um homem egoísta, manipulador e sem escrúpulos. Para complicar, a empregada de Luísa, Juliana, descobre o caso e começa a chantageá-la. O narrador, assim, expõe a realidade da burguesia lisboeta do século XIX.
Jorge, o marido de Luísa, é um engenheiro de minas, um homem sério, mas comum. Em contraste, Basílio é sedutor, de caráter duvidoso e movido pelo prazer, capaz de despertar em Luísa uma paixão avassaladora. A jovem, imatura e vulnerável, ignora a razão e se entrega ao desejo, enfrentando severas consequências por suas escolhas.
Juliana, de posse de cartas comprometedoras, transforma a vida de Luísa em um tormento, humilhando-a constantemente. Ambiciosa e vingativa, Juliana faz de sua patroa uma prisioneira do medo. Quando finalmente se livra da chantagista, Luísa adoece gravemente.
Nesse romance realista, Eça de Queirós critica o ideal romântico, revelando a verdadeira natureza dos relacionamentos na vida real. Ele desmonta a idealização da família burguesa e expõe o mito do final feliz, tão presente nas obras românticas, como uma mera ilusão literária.