Veja o que é economia linguística e se é possível evitar

Aprenda como esse fenômeno se manifesta na fala e na escrita, influenciando a escolha de termos e a estrutura das frases para otimizar a clareza e a rapidez na comunicação.

Em resumo, a economia linguística é um fenômeno caracterizado pela eliminação ou redução de determinados termos na língua. Esse recurso tem como objetivo simplificar a comunicação, tornando-a mais eficiente. Neste artigo, abordaremos dois processos resultantes desse fenômeno: a composição por aglutinação e a abreviação.

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O que é economia linguística?

 

Economia linguística é um termo que recobre uma gama de processos que se caracterizam por representar mecanismos de mudança que tentam reagir positivamente a dois impulsos: (a) poupar a memória, o processamento mental e a realização física da língua, eliminando os aspectos redundantes e as articulações mais exigentes; (b) preencher lacunas na gramática da língua, de modo a torná-la mais eficiente como instrumento de interação sociocomunicativa. “Gramática Pedagógica do Português Brasileiro”, de Marcos Bagno.

De maneira simplificada, esse princípio envolve a tendência dos falantes de selecionar, na maioria das vezes, as palavras e expressões mais curtas para transmitir suas ideias. Esse fenômeno é marcado pela busca da máxima eficiência comunicativa, ou seja, transmitir a maior quantidade de informações utilizando o menor número de palavras possível. Agora, vamos explorar como essa tendência se manifesta na prática cotidiana.

Aglutinação

A aglutinação é um processo linguístico no qual dois elementos se combinam para formar uma única palavra, criando um novo termo. Aqui estão alguns exemplos:

  • Pernalta: combinação de “perna” e “alta”;
  • Planalto: junção de “plano” e “alto”;
  • Vinagre: mistura de “vinho” e “acre”;
  • Aguardente: fusão de “água” e “ardente”;
  • Pontiagudo: combinação de “ponta” e “aguda”.

Esse processo também é visível em expressões do dia a dia. Por exemplo, as palavras “vambora” e “simbora” surgem da união de “vamos” e “embora”.

Veja o que é economia linguística e se é possível evitar (Foto: Unsplash).
Veja o que é economia linguística e se é possível evitar (Foto: Unsplash).

Abreviação

A abreviação, ou redução, é o processo de encurtar palavras extensas para criar formas mais curtas e fáceis de pronunciar ou escrever. Aqui estão alguns exemplos:

  • Moto – motocicleta;
  • Foto – fotografia;
  • Pneu – pneumático;
  • Quilo – quilograma;
  • Metro – metropolitano.

Na linguagem cotidiana, também podemos encontrar abreviações. Exemplos incluem “parça” para parceiro, “Floripa” para Florianópolis, “japa” para japonês, “comuna” para comunista e “cê” para você.

Abreviação e abreviatura

Embora os termos “abreviação” e “abreviatura” pareçam similares, eles se referem a conceitos diferentes.

A abreviação é um processo que busca economizar na linguagem, reduzindo uma palavra ao ponto em que seu significado ainda seja claro. Essa redução cria uma nova palavra que é menor que a original.

Exemplos incluem “pornô” para “pornografia” e “otorrino” para “otorrinolaringologista”.

Por outro lado, uma abreviatura é uma forma de representar uma palavra através de suas sílabas ou letras iniciais.

Exemplos são “núm.” para “número”, “apt.” para “apartamento”, “ex.” para “exemplo”, “adj.” para “adjetivo”, e “Ltda” para “limitada”. Geralmente, abreviaturas terminam em consoantes, enquanto abreviações frequentemente terminam em vogais.

Derivação imprópria

Outro aspecto relevante no processo de formação de palavras, influenciado pelo princípio da economia linguística, é a derivação imprópria. Isso ocorre, especificamente, quando um advérbio é substituído por um adjetivo. Para ilustrar, consideremos o seguinte exemplo:

Exemplo: “Independente do que aconteça, você deve estar preparado.”

Neste caso, o adjetivo “independente” está sendo utilizado no lugar do advérbio “independentemente”. A escolha pelo adjetivo, que é gramaticalmente mais curto e, portanto, mais econômico em termos de uso linguístico, reflete a tendência dos falantes em preferir formas mais compactas e simples ao expressar suas ideias. Isso demonstra como a economia de esforço na comunicação pode influenciar a forma como as palavras são empregadas e adaptadas ao longo do tempo.

Fala ou escrita

A economia linguística se manifesta de forma mais pronunciada na fala, e isso se deve a várias razões.

  • Eficiência comunicativa: na fala, os interlocutores frequentemente buscam maneiras mais rápidas e diretas de se comunicar, o que leva a uma simplificação das formas linguísticas. Isso pode incluir a omissão de palavras, a substituição de termos mais longos por formas mais curtas e a utilização de formas gramaticais mais simples.
  • Recursos contextuais: também na fala, o contexto imediato e as pistas não verbais (como gestos e entonação) ajudam a transmitir o significado de forma mais eficiente. Isso permite aos falantes usar formas mais curtas e menos precisas, pois a comunicação é facilitada pelo contexto visual e auditivo.
  • Normas e formalidade: a escrita tende a seguir normas mais rígidas e formais, especialmente em contextos acadêmicos e profissionais. A fala, por outro lado, é mais flexível e adaptativa, refletindo a natureza mais espontânea e informal da comunicação falada.
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