Escansão: definição, exemplos e como fazer

Entenda a diferença com a métrica na análise de versos.

Você provavelmente já ouviu falar que a beleza de um poema não se resume apenas ao seu tema ou conteúdo. Existem outros aspectos essenciais que contribuem para a qualidade dessa forma de expressão artística, e a escansão é um deles. Por meio da escansão, é possível compor versos com a mesma quantidade de sílabas poéticas, garantindo uniformidade na estrutura do poema. Em termos mais simples, a escansão é o processo que mantém os versos bem alinhados e proporciona uma cadência sonora mais fluida e harmoniosa.

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Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que é escansão, detalhando seu conceito e oferecendo um guia prático para aplicá-la corretamente. Continue lendo para descobrir mais!

Entenda o que é escansão

A escansão é uma técnica utilizada para contar as sílabas poéticas em cada verso de um poema, essencial para avaliar a métrica e, assim, determinar a estrutura do poema, classificando-o em formas como soneto, ode ou sátira, por exemplo. Trata-se de um processo meticuloso que não apenas conta as sílabas, mas também analisa como elas são organizadas em relação ao som e ao ritmo.

Diferente da separação silábica convencional ensinada na escola, a escansão segue suas próprias regras, baseando-se na sonoridade dos versos, e não estritamente nas normas gramaticais. Isso torna fundamental que o leitor ou poeta saiba distinguir entre a divisão silábica comum e a poética. Nesse caso, o que realmente importa é o som produzido pelas palavras, sendo que a última sílaba tônica de um verso marca o fim da contagem das sílabas poéticas. Assim, nem sempre haverá uma correspondência exata com a separação silábica gramatical.

Embora o conceito possa parecer complexo à primeira vista, o processo é mais simples do que se imagina. Algumas regras básicas facilitam a compreensão:

  • As sílabas poéticas situadas após a última sílaba tônica de um verso não são contadas. Ou seja, a escansão se encerra na última sílaba tônica.
  • Vogais de palavras consecutivas podem ser unidas, formando uma única sílaba poética, quando se trata de vogais átonas ou tônicas.
  • Ditongos, por sua vez, sempre contam como uma única sílaba poética.

Vamos ilustrar com um exemplo:

“Minha terra tem palmeiras” – 7 sílabas poéticas.

A princípio, pode parecer que o verso contém 8 sílabas, mas na verdade, a contagem termina na sílaba tônica “mei”, desconsiderando a última sílaba “ras”.

Outro exemplo:

“Só a leve esperança porto da vida” – 11 sílabas poéticas.

Neste caso, a contagem vai até a sílaba tônica “vi”. Além disso, observamos a junção de vogais em “le-ve-es” e “da-a”, formando uma única sílaba poética em cada caso.

Dessa forma, a escansão ajuda não só na apreciação técnica de um poema, mas também no entendimento de como o som e o ritmo se alinham com a estrutura desejada pelo poeta.

Classificação dos versos

A escansão é o processo que analisa e classifica os versos de acordo com o número de sílabas poéticas. Cada tipo de verso recebe um nome específico conforme essa contagem:

  • 1 sílaba: monossílabo
  • 2 sílabas: dissílabo
  • 3 sílabas: trissílabo
  • 4 sílabas: tetrassílabo
  • 5 sílabas: pentassílabo ou redondilha menor
  • 6 sílabas: hexassílabo
  • 7 sílabas: heptassílabo ou redondilha maior
  • 8 sílabas: octossílabo
  • 9 sílabas: eneassílabo
  • 10 sílabas: decassílabo, também conhecido como heroico ou sáfico
  • 11 sílabas: hendecassílabo
  • 12 sílabas: dodecassílabo ou alexandrino
  • 13 sílabas ou mais: versos bárbaros ou não classificados

Quando os versos apresentam a mesma quantidade de sílabas poéticas, eles são chamados de versos isométricos. Por outro lado, se a contagem de sílabas varia de um verso para outro, esses versos são conhecidos como heterométricos.

Além disso, existem os versos livres, que não seguem um padrão fixo quanto ao número de sílabas. Esse estilo de escrita é frequentemente utilizado em poemas modernistas, que priorizam a liberdade formal e a expressão individual do poeta.

Diferença entre métrica e escansão

Embora muitas vezes confundidos, os termos “métrica” e “escansão” possuem significados distintos, ainda que relacionados. A métrica refere-se à estrutura rítmica do poema, ou seja, ao padrão de sílabas poéticas que confere ao verso seu ritmo e cadência. Já a escansão é o processo técnico de contar essas sílabas poéticas, além de identificar a posição das sílabas tônicas para determinar o tipo de métrica utilizada no verso.

Essas ferramentas são essenciais para compreender a sonoridade, o ritmo e a organização formal dos poemas, permitindo uma leitura mais atenta e apreciativa da poesia.

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