Estudo para concursos: como manter sua saúde mental?
Saiba como equilibrar rotina de estudos, descanso e bem-estar emocional para alcançar melhores resultados sem comprometer sua qualidade de vida.
Você também estuda para concursos? Sabemos que estabilidade e uma boa remuneração são algumas das vantagens oferecidas por uma carreira no serviço público; no entanto, o caminho até a aprovação exige uma rotina de sacrifícios e incertezas que muitas vezes afeta a saúde mental dos candidatos. Nessa jornada desafiadora, a psicóloga Simone Lemos é uma referência em preparação mental para concursos.
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Após enfrentar e superar os desafios dessa vida, ela agora se dedica à psicologia e atua como Analista de Comércio Exterior no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Nesta entrevista, ela compartilha sua experiência sobre o “vale da sombra” nos estudos e oferece conselhos práticos para manter uma rotina produtiva e equilibrada, sem permitir que a busca pelo concurso afete a saúde mental.
Concursos e saúde mental
Estudar para concursos é, por natureza, um processo que desafia intensamente o bem-estar emocional. A rotina exige sacrifício, provoca desgaste físico e mental, e muitas vezes envolve alta autocobrança. Além disso, funções fisiológicas, como o sono, podem ser comprometidas, e atividades prazerosas e momentos de descanso geralmente ficam em segundo plano. Essa situação se agrava à medida que o tempo de estudo se prolonga.
Portanto, ao abordar saúde mental no contexto de estudos para concursos, o foco está mais na minimização de danos do que na busca por um bem-estar pleno. Dessa forma, é fundamental que o estudante encontre um equilíbrio básico entre os estudos e aspectos como a vida social, relacionamentos, hobbies e descanso. Esses elementos funcionam como válvulas de escape que aliviam a pressão e ajudam a manter o estudante no processo por mais tempo, sem comprometer a saúde mental e emocional.
Digo sempre que o concurseiro precisa identificar o que lhe traz satisfação e alimenta sua alma, considerando uma frequência mínima que não comprometa o cronograma de estudos. Esse processo exige autoconhecimento para encontrar a medida certa.
Autoestima
A maioria das pessoas teve uma educação escolar deficiente, com poucas oportunidades ou incentivos para desenvolver suas habilidades intelectuais. Quando resolvem estudar para concursos, dedicando-se de verdade a aprender, muitas acabam percebendo não apenas que conseguem assimilar o conteúdo, mas também que possuem uma inteligência que não haviam reconhecido antes.
Essa descoberta gera uma transformação profunda em sua autoimagem e na forma como se relacionam com o mundo. Frequentemente vejo relatos emocionantes de pessoas que se sentem felizes e orgulhosas por finalmente entenderem português, aplicarem matemática no dia a dia e realizarem cálculos que jamais imaginariam conseguir fazer. Sem essa preparação para concursos, talvez nunca tivessem feito tais descobertas sobre si mesmas.
Adeus, procrastinação
Para lidar com a rotina monótona dos estudos, o primeiro passo é aceitar que, em muitos momentos, ela será repetitiva e desgastante. Faz parte desse processo dedicar várias horas, até mesmo centenas ou milhares, à prática e ao estudo constante. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a tornar essa jornada mais interessante.
Uma delas é variar as matérias ao longo do dia ou da semana. Por exemplo, após uma hora de estudo em direito, trocar para uma hora de matemática. Além disso, definir metas menores ao longo do caminho traz uma sensação de realização mais imediata, tornando o estudo mais motivador. Cada meta concluída gera uma pequena recompensa, o que ajuda a manter o ritmo.
Outra abordagem é “gamificar” o processo, criando desafios e recompensas para si mesmo, como prêmios ao completar tarefas e pequenas penalidades para as que ficarem pendentes. Avaliar a quantidade e a qualidade do tempo de estudo ou das questões resolvidas também pode ajudar a transformar o aprendizado em algo mais envolvente e até divertido. Essa estratégia é útil para combater a procrastinação, pois os pequenos desafios vão gerando uma sensação de progresso e incentivam a continuidade.
Por fim, um método eficaz para superar a procrastinação é o “apenas 5 minutos”: em vez de focar em horas de estudo, propõe-se iniciar a tarefa por cinco minutos. Muitas vezes, apenas começar ativa o “modo estudo” no cérebro, e o que parecia difícil inicialmente se torna mais fácil de continuar após esse pequeno passo.