Fábula – o gênero que transmite uma mensagem moral

Veja como o gênero utiliza histórias curtas com animais falantes para transmitir mensagens morais e reflexões atemporais.

Desde a Antiguidade, as fábulas ocupam um lugar especial na literatura como uma forma encantadora de transmitir ensinamentos importantes. Com personagens geralmente representados por animais que falam e agem como seres humanos, esse gênero é conhecido por encerrar lições morais que atravessam gerações. Mais do que simples histórias para entreter, as fábulas refletem valores, comportamentos e escolhas, convidando o leitor a refletir sobre atitudes e consequências de maneira lúdica e atemporal.

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Fábula: que gênero é esse?

A fábula é um tipo de narrativa em que os protagonistas costumam ser animais dotados de características humanas, como a fala e a capacidade de raciocínio. Mais do que entreter, essas histórias possuem um objetivo educativo: ensinar uma lição moral, que normalmente é apresentada de maneira explícita no final da história. Essa moral é uma analogia com situações da vida real, tornando o aprendizado acessível e aplicável ao cotidiano.
Muito presente na literatura infantil, a fábula é uma ferramenta que, através das experiências dos personagens animais, transmite ensinamentos valiosos sobre comportamento, ética e valores humanos.

Sua função educativa

O gênero fábula é conhecido por ser composto de narrativas curtas e diretas, nas quais os personagens principais, geralmente animais, são antropomorfizados — isto é, recebem características tipicamente humanas, como pensar, falar e agir com intenções complexas. Sua estrutura simples conduz o leitor a uma conclusão que apresenta uma reflexão ou ensinamento moral.
Entre as principais características das fábulas, destacam-se:

  • Animais como protagonistas: eles são usados para representar qualidades humanas — como a esperteza de um coelho, a astúcia de uma raposa ou a bravura de um leão.

  • Objetivo educativo: A fábula é escrita com a intenção de ensinar valores e atitudes éticas de maneira lúdica e impactante.

  • Lição moral: no desfecho da história, a moral é apresentada de forma clara, reforçando o aprendizado extraído das ações e consequências enfrentadas pelos personagens.

  • Reflexão sobre o cotidiano: as situações vividas pelos animais se assemelham aos dilemas humanos, permitindo que o leitor se identifique e tire suas próprias conclusões.

  • Importância na literatura infantil: devido à sua linguagem simples e ao uso de personagens encantadores, as fábulas se tornaram populares entre o público infantil, funcionando como meio de educação e formação de valores.

Em suma, a fábula é um gênero que combina a simplicidade narrativa com a profundidade de grandes ensinamentos, utilizando o mundo animal como espelho para as virtudes e defeitos da humanidade.

Fábula – o gênero que transmite uma mensagem moral (Foto: Unsplash).
Fábula – o gênero que transmite uma mensagem moral (Foto: Unsplash).

A origem da fábula

O surgimento da fábula remonta às antigas civilizações do Oriente Médio, como os sumérios, assírios e babilônios. Desde cerca de 1500 a.C., já eram contadas histórias protagonizadas por animais que carregavam mensagens morais em suas tramas. Embora muito antiga, a fábula ganhou forma definitiva na Grécia Antiga, principalmente através de autores como Esopo, Hesíodo e Arquíloco. Naquele contexto, em que a liberdade de expressão era limitada, as fábulas foram um meio criativo de fazer críticas sociais, políticas e culturais.

Ao utilizar animais como personagens, os autores podiam emitir opiniões e fazer denúncias de forma velada, sem sofrerem diretamente as consequências da censura. As fábulas atribuídas a Esopo, transmitidas inicialmente de forma oral, eram ricas em mensagens que questionavam relações de poder, exaltando a astúcia dos fracos diante da força dos poderosos.

Já no século I a.C., o escritor romano Fedro refinou o gênero, dando-lhe um estilo próprio e maior consistência literária. Posteriormente, no século XVI, Leonardo da Vinci também se aventurou na criação de fábulas, embora suas versões tenham permanecido mais restritas ao público italiano.

No século XVII, o francês Jean de La Fontaine renovou o gênero, adaptando as antigas fábulas de Esopo e dando-lhes nova vida. Além de educar, La Fontaine caracterizou ainda melhor os animais de acordo com suas personalidades e aparência, criando composições memoráveis como “A Cigarra e a Formiga”, “A Raposa e as Uvas” e “A Lebre e a Tartaruga”.

Com o passar do tempo, muitos ensinamentos contidos nas fábulas se cristalizaram em provérbios e máximas populares, que continuam ensinando gerações até hoje.

As principais características

O gênero fábula apresenta algumas marcas registradas:

  • Narração alegórica, seja em forma de prosa ou de poesia épica;

  • Uso de personagens animais dotados de comportamentos e sentimentos humanos;

  • Representação simbólica de virtudes e defeitos humanos;

  • Existência de diversas versões das mesmas histórias, devido à tradição oral;

  • Criação de “personagens tipo”, que simbolizam grupos ou comportamentos coletivos, e não indivíduos específicos;

  • Encerramento com uma moral explícita, transmitindo uma lição de vida.

Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “A beleza e origem das palavras aportuguesadas”, ou seja, termos que nasceram em outros idiomas, mas que, ao longo do tempo, foram abraçados pela nossa língua com novas formas, pronúncias e sentidos.

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