Linguagem – função conativa, o que é e para que serve

Saiba como ela se manifesta e sua importância em discursos persuasivos.

O que você sabe sobre função conativa? A comunicação é uma ferramenta essencial na interação humana, e a linguagem possui diversas funções que influenciam a maneira como transmitimos e recebemos mensagens. Entre essas funções, a função conativa (ou apelativa) se destaca por seu objetivo persuasivo, direcionado ao interlocutor. Presente em discursos publicitários, políticos e até em conversas do dia a dia, essa função busca influenciar, convencer ou motivar uma ação específica.

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Mas como ela se manifesta na prática? E qual sua importância nos diferentes contextos da comunicação? Neste artigo, exploramos o conceito e as aplicações da função conativa na linguagem.

A função conativa no português

A linguagem desempenha um papel essencial na comunicação, e suas diferentes funções determinam a forma como as mensagens são transmitidas e recebidas. Entre essas funções, a função conativa, também conhecida como apelativa, se destaca por seu foco no receptor da mensagem. Seu principal objetivo é persuadir, orientar ou influenciar a audiência, incentivando-a a adotar determinada atitude ou comportamento.

Essa função da linguagem se manifesta, principalmente, por meio do uso do vocativo – que chama diretamente o interlocutor –, e de verbos no modo imperativo, que indicam ordens, pedidos ou sugestões. Expressões comuns em campanhas publicitárias, discursos políticos e textos instrucionais são exemplos claros da aplicação da função conativa.

Como a função conativa se manifesta?

A função conativa pode ser encontrada em diferentes contextos do cotidiano. No universo publicitário, por exemplo, slogans como “Compre agora!”, “Experimente grátis!” ou “Não perca essa oportunidade!” são elaborados com o intuito de convencer o consumidor a tomar uma ação imediata.

Nos discursos políticos, essa estratégia é amplamente utilizada para mobilizar eleitores. Frases como “Vote em mim e juntos construiremos um futuro melhor!” direcionam-se ao público-alvo e buscam gerar adesão às ideias do orador.

Além disso, textos instrucionais, como manuais de uso e receitas, utilizam-se da função conativa para orientar o leitor na execução de tarefas. Expressões como “Misture os ingredientes até obter uma massa homogênea” ou “Pressione o botão para iniciar o processo” exemplificam seu uso nesses contextos.

As características

Para identificar a função conativa em um texto, é possível observar algumas características marcantes:

  • Foco no receptor: a mensagem é direcionada diretamente ao interlocutor, buscando envolvê-lo ou convencê-lo.

  • Uso do vocativo: o leitor ou ouvinte é chamado diretamente, criando proximidade e atenção.

  • Verbos no modo imperativo: as ações são indicadas de forma clara e objetiva, orientando ou persuadindo o receptor.

Linguagem – função conativa, o que é e para que serve (Foto: Unsplash).
Linguagem – função conativa, o que é e para que serve (Foto: Unsplash).

A função na cultura pop

A função conativa também pode ser encontrada em letras de músicas, como na canção “Admirável Chip Novo”, de Pitty, onde os verbos no imperativo são utilizados para sugerir ações, refletindo a influência da linguagem publicitária:

“Pense, fale, compre, beba,
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva”

Nesse trecho, há uma sucessão de comandos que remete ao consumo e ao comportamento influenciado pela mídia, reforçando o caráter persuasivo da função conativa.

As funções da linguagem, segundo Roman Jakobson

O estudo sobre a comunicação e suas funções foi aprofundado pelo linguista, que teorizou a existência de seis funções da linguagem. Cada uma delas está relacionada a um dos elementos essenciais do processo comunicativo e desempenha um papel fundamental na forma como as mensagens são construídas e interpretadas.

  1. Conativa (ou apelativa) – está centrada no receptor da mensagem e tem como principal objetivo influenciá-lo ou induzi-lo a uma ação. Essa função é comum em discursos persuasivos, como propagandas, campanhas políticas e comandos diretos, utilizando verbos no imperativo e expressões que incentivam uma resposta ativa.

  2. Referencial (ou denotativa) – tem foco no contexto da comunicação e busca transmitir informações de maneira objetiva, clara e imparcial. É a função predominante em textos jornalísticos, científicos e informativos.

  3. Emotiva (ou expressiva) – prioriza o emissor, enfatizando seus sentimentos, opiniões e emoções. Comum em discursos subjetivos, diários pessoais e poesias, essa função permite que o falante ou escritor revele suas impressões e estados de espírito.

  4. Fática – está ligada ao canal de comunicação e tem como principal propósito testar, estabelecer ou encerrar a comunicação. Expressões como “alô”, “está me ouvindo?” e “certo?” são exemplos dessa função, que ocorre frequentemente em conversas informais, ligações telefônicas e interações cotidianas.

  5. Metalinguística – foca no código da linguagem, ou seja, a própria estrutura da comunicação. Um exemplo clássico dessa função é quando utilizamos a linguagem para explicar a própria linguagem, como em dicionários, gramáticas e definições conceituais.

  6. Poética – seu foco está na mensagem em si, valorizando sua estética e estrutura. Predominante em textos literários, músicas e poesias, essa função explora a criatividade, as figuras de linguagem e a sonoridade das palavras para provocar impacto e envolvimento emocional.

Compreender essas funções da linguagem é essencial para analisar diferentes tipos de textos e discursos, identificando suas intenções e efeitos no receptor.

Em resumo

A função conativa da linguagem é um recurso poderoso utilizado em diversas esferas da comunicação. Seja na publicidade, na política ou em instruções do dia a dia, sua presença é constante e influencia diretamente o comportamento dos interlocutores. Compreender seu uso e aplicação nos ajuda a interpretar melhor as mensagens que recebemos e a utilizá-la de forma estratégica na produção de textos e discursos.

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