Hora literária – conheça os heterônimos de Fernando Pessoa

Veja suas personalidades literárias únicas que transformaram a literatura portuguesa.

Os heterônimos de Fernando Pessoa são invenções que despertam o interesse de leitores ao redor do globo. Esse escritor português, nascido em 1888, criou diversos autores fictícios que assumem a autoria de algumas de suas obras. Cada um desses heterônimos apresenta traços únicos, tanto no estilo literário quanto em suas personalidades. Durante sua vida, Fernando Pessoa publicou apenas um livro em língua portuguesa com sua própria assinatura: “Mensagem”, lançado em 1934, um ano antes de sua morte.

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Quem foram os heterônimos de Fernando Pessoa?

  • Ricardo Reis
  • Joaquim Moura Costa
  • Frederico Reis
  • António Mora
  • Alexander Search
  • Coelho Pacheco
  • Vicente Guedes
  • Faustino Antunes
  • Jean Seul
  • Raphael Baldaya
  • Pantaleão
  • Henry More
  • Thomas Crosse
  • António Seabra
  • Carlos Otto
  • Pêro Botelho
  • Barão de Teive
  • Charles James Search
  • Alberto Caeiro
  • Charles Robert Anon
  • Frederick Wyatt
  • Álvaro de Campos
  • I. I. Crosse
  • Bernardo Soares
  • Maria José
Hora literária – conheça os heterônimos de Fernando Pessoa (Foto: Unsplash).
Hora literária – conheça os heterônimos de Fernando Pessoa (Foto: Unsplash).

Veja as principais particularidades

Alberto Caeiro

Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em abril de 1889. Passou grande parte da vida no campo, o que influenciou profundamente sua poesia, marcada por uma simplicidade bucólica, linguagem descomplicada e versos livres. Não seguiu uma carreira profissional e teve apenas educação primária. Após perder os pais, foi morar com uma tia-avó. Esse heterônimo era descrito como louro, de olhos azuis e altura mediana.

Aderia às ideias do sensacionismo e do paganismo, buscando expressar em sua obra o conceito de locus amoenus (um lugar de tranquilidade). Antes de falecer em Lisboa, em 1915, vítima de tuberculose, escreveu “O Guardador de Rebanhos” e deixou inacabado “O Pastor Amoroso”.

Álvaro de Campos

Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890, à tarde. Estudou engenharia na Universidade de Glasgow, na Escócia, onde se formou. Era um homem magro, moreno, com 1,75 m de altura, cabelo liso e repartido, e costumava usar um monóculo. Modernista e futurista, também seguia o sensacionismo. É conhecido pelo poema “Opiário”.

Ricardo Reis

Ricardo Reis nasceu em 19 de setembro de 1887, sendo sua cidade natal Lisboa ou Porto, embora o local exato seja incerto. Era um homem de pele morena que estudou em um colégio jesuíta e se formou em Medicina. Monarquista e tradicionalista, mudou-se para o Brasil em 1919, após a transformação de Portugal em uma república.

Seguidor de Alberto Caeiro, possuía uma sólida formação clássica e se identificava com o epicurismo, o estoicismo e o neopaganismo. Sua poesia se destaca pela estrutura rigorosa e traços neoclássicos, abordando temas como a transitoriedade da vida e o amor idealizado.

Bernardo Soares

Bernardo Soares, um homem magro de aproximadamente 30 anos, perdeu a mãe quando ainda era bebê. Sua aparência, com um rosto pálido e sofrido, refletia sua personalidade introspectiva e solitária. Levava uma vida modesta em Lisboa, onde trabalhava como ajudante de guarda-livros. Apesar de comer pouco, tinha o hábito de fumar. No silêncio do seu quarto alugado, escrevia à noite. Seus textos, marcados pelo estilo modernista, eram fragmentados e traziam reflexões profundas, carregadas de niilismo e confissões pessoais.

A vida de Fernando Pessoa

Ele é amplamente reconhecido como um dos maiores escritores de Portugal e uma figura central do modernismo português. Nascido em 13 de junho de 1888, na cidade de Lisboa, sua infância foi marcada por uma mudança significativa em 1896, quando passou a viver na África do Sul devido ao segundo casamento de sua mãe. Foi lá que ele desenvolveu uma fluência notável na língua inglesa, o que influenciaria parte de sua produção literária. Em 1905, Pessoa retornou a Portugal, fixando-se novamente em Lisboa, onde iniciou sua trajetória como escritor e editor.

Em 1918, ele publicou seus primeiros livros, ambos escritos em inglês: “35 Sonnets” e “Antinous”. Apesar de seu talento, sua tentativa de empreender no mercado editorial, com a criação de uma editora própria, foi de curta duração. Mesmo assim, sua produção literária seguiu adiante, e ele consolidou sua reputação como o principal nome do modernismo português. Sua obra em língua portuguesa começou a ganhar destaque com a publicação de “Mensagem”, em 1934, único livro em português publicado em vida.

A maior parte de seu legado literário, no entanto, só veio a público após sua morte, ocorrida em 30 de novembro de 1935, em Lisboa. Sua vasta e complexa obra, incluindo os escritos sob seus famosos heterônimos como Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, continua a inspirar leitores e estudiosos ao redor do mundo, imortalizando Fernando Pessoa como um dos maiores gênios da literatura.

Por que os heterônimos foram criados?

Conforme relatado por pelo autor em uma carta a Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), sua criação de um universo fictício teve início na infância. Aos seis anos, ele deu vida ao seu primeiro heterônimo, Chevalier de Pas, com quem estabeleceu uma correspondência imaginária.

Foi somente por volta de 1912 que surgiu o primeiro heterônimo literário de Pessoa, o poeta Ricardo Reis. O próprio autor afirmou que o surgimento dos heterônimos não foi fruto de um planejamento prévio. Eles representaram, assim, um fenômeno espontâneo de sua criatividade, marcando de forma singular o estilo deste renomado poeta português.

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