Home office ou trabalho híbrido? Saiba quais são as disputas em torno da volta ao escritório em 2024
Nos últimos anos, o modelo de trabalho remoto ganhou popularidade em todo o mundo. Com o avanço da tecnologia e a pandemia de Covid-19, muitas empresas adotaram o home office como uma solução temporária para manter suas operações. No entanto, à medida que a vida volta ao normal, surgem disputas em torno do retorno ao escritório.
O surgimento do home office
Na década de 90, o teletrabalho era apenas uma ideia distante. Embora os computadores estivessem se tornando mais comuns nas empresas e nas casas, o modelo de trabalho remoto ainda não era amplamente adotado. No entanto, a pandemia de Covid-19 mudou tudo isso.
Com as restrições impostas pelo distanciamento social, muitas empresas foram forçadas a adotar o home office como uma medida temporária. O resultado foi surpreendente. As empresas perceberam que o trabalho remoto trazia benefícios, como maior flexibilidade, economia de custos e a possibilidade de contratar talentos de qualquer lugar do mundo.
O “novo normal” que não se concretizou
No final de 2020, com a perspectiva de uma vacina contra a Covid-19, muitas pessoas acreditavam que o home office se tornaria o “novo normal”. Algumas empresas até cogitaram abandonar seus escritórios permanentemente. No entanto, três anos depois, essa perspectiva não se concretizou.
Em 2024, muitas empresas já anunciaram a volta ao trabalho presencial, em algum formato. Até mesmo as empresas de tecnologia, que foram as primeiras a adotar o trabalho remoto, desejam o retorno ao escritório. No entanto, esse retorno não será fácil e enfrentará resistência por parte de alguns funcionários e especialistas.
Flexibilidade e negociação: a chave para criar um novo modelo de trabalho
Embora muitas empresas queiram voltar ao trabalho presencial, é consenso entre os especialistas que será necessário ter flexibilidade e negociação para criar um novo modelo de trabalho. Caso contrário, as empresas correm o risco de perder talentos importantes que valorizam a qualidade de vida e a proximidade com a família.
Maria Eduarda Silveira, headhunter da consultoria de recrutamento Bold HRO, destaca que as empresas se beneficiaram muito com o home office, especialmente na contratação de talentos. Portanto, é importante que a flexibilidade esteja no radar dos departamentos de recursos humanos.
“A gestão das empresas precisa avaliar as novas modalidades de trabalho antes de simplesmente voltar tudo como era antes”, afirma Maria Eduarda. “Ao optar por voltar 100%, a empresa pode colocar em risco a qualidade de seu quadro de funcionários, tendo que buscar pessoas que estejam dispostas a voltar ao trabalho presencial.”
O desafio de reter talentos
Um dos desafios mais complicados será negociar a permanência de funcionários que se mudaram para outras cidades durante o período de trabalho remoto. Isso exigirá não apenas flexibilidade, mas também uma transformação na liderança das empresas. É importante encontrar um equilíbrio, pois há benefícios tanto no trabalho presencial quanto no remoto.
Camila Magalhães, psiquiatra e cofundadora da Caliandra Saúde Mental, destaca que não há uma regra única para todos. Alguns funcionários preferem trabalhar em equipe, enquanto outros se sentem mais produtivos trabalhando sozinhos. Portanto, é importante construir um modelo de trabalho que leve em consideração a diversidade de preferências e necessidades dos funcionários.
Bruno Carone, CEO do Férias & Co, empresa de benefícios de viagens, destaca que muitos funcionários não desejam mais trabalhar presencialmente o tempo todo. Alguns estão dispostos a ganhar menos para ter a liberdade de trabalhar de onde se sentem melhor. Segundo ele, o importante é avaliar os resultados entregues pelos funcionários, independentemente de onde eles estejam trabalhando.
A necessidade de revisar o modelo gerencial
Renata Rivetti, consultora da Reconnect Happiness at Work, destaca que a maior disputa no pós-Covid será rever o modelo gerencial das empresas. É importante focar na produtividade e encontrar um equilíbrio entre o trabalho presencial e remoto.
Estudos indicam que tanto o trabalho 100% remoto quanto o 100% presencial têm suas limitações. Portanto, é fundamental encontrar um modelo que combine o melhor dos dois mundos. O trabalho híbrido, que mescla dias de trabalho presencial com dias de trabalho remoto, tem se mostrado uma opção viável para muitas empresas.
Exemplos de novas modalidades de trabalho
Algumas empresas já estão testando novas modalidades de trabalho. O Google, por exemplo, adotou um modelo híbrido em 2021. A maioria de seus funcionários passa aproximadamente três dias por semana no escritório e o restante do tempo trabalhando de onde quiserem.
O Itaú Unibanco também implementou um modelo de trabalho híbrido, estabelecendo uma quantidade mínima de dias presenciais para suas equipes. Essa transição será feita em duas fases, permitindo que os funcionários tenham tempo para se adaptar e para que a empresa possa avaliar os resultados.
O impacto no mercado imobiliário
As mudanças nas empresas também estão refletindo no mercado imobiliário, principalmente no setor de escritórios. Consultorias imobiliárias apontam que a ocupação dos prédios de escritórios está aumentando em 2024. Empresas do setor financeiro e de serviços estão liderando esse movimento, enquanto empresas de tecnologia ainda preferem o trabalho remoto.
A demanda por escritórios tem aumentado, mas ainda há incertezas sobre o futuro do trabalho presencial. Algumas empresas estão optando por manter o home office devido à falta de espaço físico para acomodar todos os funcionários. Por outro lado, há empresas que pretendem reduzir o trabalho remoto devido à perda de produtividade e engajamento.
Produtividade
A disputa entre o home office e o trabalho híbrido ainda está em andamento. Embora muitas empresas desejem voltar ao trabalho presencial, é necessário encontrar um equilíbrio que atenda às necessidades dos funcionários e promova a produtividade. A flexibilidade, a negociação e a revisão do modelo gerencial são fundamentais nesse processo.
O futuro do trabalho ainda é incerto, mas uma coisa é certa: a pandemia de Covid-19 acelerou a adoção do trabalho remoto e trouxe à tona discussões importantes sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a importância da flexibilidade e o valor do trabalho em equipe. Cabe às empresas e aos funcionários encontrarem um modelo que atenda a todas essas demandas.