José Álvares de Azevedo: quem foi o autor, obras e mais
Conheça a vida, as principais obras e curiosidades sobre o autor romântico que marcou a literatura brasileira.
Conhecido como “o poeta da dúvida”, José Álvares de Azevedo (1831-1852) destacou-se também como escritor e contista da Segunda Geração Romântica no Brasil. Suas poesias revelam profundos dilemas e angústias, levando muitos a acreditar que refletem seus próprios conflitos internos.
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Patrono da cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras, sua obra mais célebre é o livro “Lira dos Vinte Anos”. Apesar de sua morte precoce aos 20 anos, José de Alencar deixou um legado significativo através de seus escritos.
O grande José Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de setembro de 1831, na cidade de São Paulo; contudo, aos dois anos, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro. Em 1836, enfrentou a perda do irmão mais novo, o que seria o primeiro de muitos contatos com a morte, um tema que viria a permear suas obras no futuro.
Em 1840, começou seus estudos no Colégio Stoll, onde logo se destacou como um aluno exemplar, recebendo elogios do diretor. Aos nove anos, já escrevia cartas em inglês para sua mãe, e aos dez, dominava o francês e o latim.
Em 1844, precisou se mudar para São Paulo com um tio, a fim de realizar um tratamento de saúde. No ano seguinte, retornou ao Rio de Janeiro e ingressou no colégio interno Pedro II.
Amigo de Bernardo Guimarães
Em 1848, Álvares de Azevedo iniciou o curso de Direito em São Paulo, onde desenvolveu uma forte amizade com os escritores Bernardo Guimarães (1825-1884) e Aureliano Lessa (1828-1861). Juntos, eles compartilhavam noites boêmias e uma profunda paixão pela literatura romântica.
Com Guimarães, fundou a Sociedade de Ensaio Filosófico Paulistano.
Ainda assim, seu amigo mais próximo era Luiz Antônio da Silva Nunes (1830-1911), que, após sua morte, organizou e publicou “O Conde Lopo”, uma das obras de Álvares de Azevedo. Durante seus anos de faculdade, o jovem poeta estava imerso nos livros e dedicava-se à escrita, com suas obras frequentemente refletindo a solidão e a melancolia que sentia pela distância da família. Em 1851, sua saúde começou a deteriorar devido à tuberculose, forçando-o a abandonar a faculdade, a apenas um ano de sua conclusão. No ano seguinte, sofreu um acidente a cavalo. Embora tenha sido operado, não resistiu, falecendo precocemente em 25 de abril de 1852, aos 20 anos.
Álvares de Azevedo não chegou a ver suas obras publicadas em vida. No dia de seu funeral, Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) leu o poema “Se Eu Morresse Amanhã”, escrito por ele pouco antes de sua morte.
Características literárias das obras
As obras de José Álvares de Azevedo inserem-se na segunda fase do romantismo brasileiro, também conhecida como ultrarromantismo. Por essa razão, apresentam as seguintes características literárias marcantes:
- angústia existencial;
- sentimentalismo exagerado;
- escapismo;
- amor idealizado;
- idealização da figura feminina;
- morbidez;
- nostalgia;
- pessimismo.
Em seus poemas, o autor explora temas como desilusões amorosas, monotonia e morte. A idealização extrema é uma característica recorrente, sendo que a mulher em seus versos é frequentemente retratada como um anjo ou figura fatal, porém sempre distante e inalcançável.
Nos textos de Azevedo, é perceptível o reflexo de uma juventude marcada por conflitos e frustrações. Além da tristeza e sofrimento, o poeta também revela uma faceta irônica, com toques de romantismo e senso de humor.
Obras de José Álvares de Azevedo
Todas as obras foram publicadas postumamente. Elas incluem:
- “O livro de Fra Gondicário” (1942);
- “Lira dos Vinte Anos” (1853);
- “Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos” (1853);
- “Noite na Taverna” (1855);
- “Macário (1855)”;
- “Poema do Frade” (1862);
- “O Conde Lopo” (1866).
Frases do autor
Aqui estão algumas frases de Álvares de Azevedo que merecem destaque, algumas extraídas das cartas que o poeta escreveu ao seu grande amigo, Luiz Antonio da Silva Nunes.
- “É bem doce o pensamento de ter-se um amigo ainda que ausente.”
- “Se nós morrermos num beijo, acordaremos no céu.”
- “Cada qual dá o que tem — dar-te-ei versos, já que só isso tenho.”
- “A vida é noite!”
- “Enquanto houver vida em minha alma, haverá nela uma lembrança tua.”
- “É uma sina minha que eu amasse muito, e que ninguém me amasse.”
- “Quando o tédio vem de dentro, não é o sorrir dos bailes que possa adoçá-lo.”
- “Assim como eu te amo, ama-me.”
- “O poeta acorda na terra.”
- “Nos mesmos lábios onde suspirava a monodia amorosa, vem a sátira que morde.”