A literatura de informação: definição e onde encontrar
Veja quais narrativas envolventes oferecem uma visão única sobre eventos históricos, culturais e sociais.
A literatura de informação surge como uma forma de expressão que transcende os limites da ficção tradicional, trazendo à tona narrativas que se entrelaçam com eventos e fatos verídicos. Em contraste com a ficção puramente imaginativa, essa modalidade literária busca fundir o poder da narrativa com o compromisso com a realidade, explorando temas contemporâneos e oferecendo uma perspectiva única sobre o mundo em que vivemos.
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Ao adentrar o universo da literatura de informação, somos convidados a refletir sobre questões sociais, políticas e culturais de maneira mais direta e impactante, mergulhando em histórias que ecoam a complexidade e diversidade da experiência humana contemporânea.
Literatura de informação
No período do Brasil-Colônia, surgiram os primeiros registros literários em território brasileiro. Essas obras, predominantemente de origem portuguesa a partir do século XVI, foram produzidas pelos exploradores com o intuito de documentar as descobertas tanto marítimas quanto terrestres.
É importante destacar que antes das Grandes Navegações, os povos europeus percebiam-se como o centro do mundo, considerando as partes desconhecidas como elementos fantasiosos. Com o início das grandes expedições marítimas, essa visão foi alterada drasticamente.
Essas expedições trouxeram à tona uma nova realidade, substituindo as fantasias por fatos concretos, especialmente com a conquista e colonização de novas terras. As implicações econômicas, políticas e morais dessas descobertas tornaram-se cada vez mais significativas aos olhos de Portugal.
Assim, as obras produzidas durante esse período têm um caráter predominantemente informativo, e ao conjunto desses relatos, atribuímos o nome de Literatura de Informação ou Literatura dos Cronistas e Viajantes. Esses textos, todos escritos em prosa, eram bem-recebidos tanto em Portugal quanto na Espanha, pois as paisagens exuberantes e os costumes exóticos relacionados à natureza do povo brasileiro satisfaziam plenamente os interesses econômicos, principalmente dos colonizadores.
Obras produzidas
Entre esses materiais, destacam-se as seguintes como as mais importantes:
- Carta de Pero Vaz de Caminha, endereçada ao rei D. Manuel, descrevendo o descobrimento e as principais impressões da nova terra já habitada por indígenas;
- Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza (1530);
- Tratado da terra do Brasil e história da Província de Santa Cruz, conhecido como Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo (1576);
- Narrativa epistolar e Tratado das terras e das gentes do Brasil, de Fernão Cardim (1583);
- Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Souza (1587);
- Cartas escritas pelos jesuítas durante os dois primeiros séculos da catequese;
- História da conversão dos gentios, do Padre Manuel da Nóbrega;
- História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627);
- Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden (1557);
- Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry (1578).
A literatura de informação surge como uma resposta à crescente necessidade de explorar e compreender a complexidade do mundo contemporâneo. Em meio a um contexto marcado por rápidas mudanças sociais, políticas, tecnológicas e culturais, os escritores começaram a buscar novas formas de representar e interpretar a realidade. A ascensão da era da informação e o aumento do acesso a diversas fontes de notícias e conhecimento influenciaram diretamente a forma como os autores percebiam e abordavam o mundo ao seu redor.
Essa forma de literatura surge, portanto, da confluência entre a ficção e a realidade, buscando romper as fronteiras entre esses dois domínios. Ao incorporar elementos da vida real em suas narrativas, os escritores da literatura de informação buscam não apenas entreter, mas também informar, educar e provocar reflexões sobre temas relevantes e urgentes. Essa abordagem permite que os leitores mergulhem em histórias que refletem não apenas a imaginação do autor, mas também a complexidade e diversidade do mundo contemporâneo, promovendo uma maior conscientização sobre questões sociais, políticas, culturais e ambientais.