Hora literária – conheça “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães

Uma obra clássica do romantismo brasileiro que retrata amor, luta e liberdade no período do Segundo Reinado.

A “Escrava Isaura” é um romance regionalista do escritor mineiro Bernardo Guimarães. A narrativa, com forte viés abolicionista, acompanha Isaura, uma escrava branca que sofre constantes investidas de Leôncio, seu senhor por herança e dono de uma fazenda. Determinada, Isaura resiste às investidas do antagonista e consegue fugir.

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Durante sua jornada, ela conhece Álvaro, um jovem rico e defensor da abolição, que surge como sua única esperança de liberdade e proteção contra Leôncio. A obra, publicada em formato folhetim, reflete elementos marcantes do Romantismo, como a exaltação da figura feminina e um amor idealizado que enfrenta grandes desafios para triunfar.

A escrava Isaura

Personagens da obra 

  • Álvaro: o namorado de Isaura.
  • André: um pajem.
  • Belchior: trabalha como jardineiro.
  • Comendador Almeida: pai de Leôncio.
  • Ester: esposa do comendador.
  • Geraldo: amigo de Álvaro.
  • Henrique: irmão de Malvina.
  • Isaura: protagonista da história.
  • Juliana: mãe de Isaura.
  • Leôncio: proprietário da escrava Isaura.
  • Malvina: mulher de Leôncio.
  • Martinho: um estudante que também é sócio em uma taverna.
  • Miguel: o pai de Isaura.
  • Rosa: uma escrava.

Do que se trata?

A “Escrava Isaura” narra a história de Isaura, uma jovem escrava de pele clara e grande beleza, que vive em uma fazenda no interior do Rio de Janeiro durante o Segundo Reinado. Educada e com modos refinados graças ao tratamento recebido da esposa do Comendador Almeida, Isaura cresce como uma figura distinta entre os escravos, mas ainda assim marcada pela condição de cativeiro.

Após a morte da esposa do Comendador, Leôncio, o filho do fazendeiro, assume a administração da fazenda. Cruel e obcecado por Isaura, Leôncio tenta seduzi-la e a persegue de todas as formas, impondo-lhe sofrimentos e abusos emocionais. Isaura, por sua vez, é virtuosa e determinada, rejeitando as investidas de seu opressor.

O destino da protagonista parece mudar quando Álvaro, um jovem abolicionista, cruza seu caminho. Álvaro se apaixona por Isaura, admirando sua coragem e caráter. Ele se torna uma figura central em sua luta pela liberdade, desafiando Leôncio e a sociedade escravocrata.

Hora literária – conheça "A escrava Isaura", de Bernardo Guimarães (Foto: Unsplash).
Hora literária – conheça “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães (Foto: Unsplash).

O romance aborda o conflito de Isaura com sua condição social, seus ideais de liberdade e justiça, e as dificuldades de encontrar felicidade em um contexto marcado pela desigualdade e pela violência. A trama mescla o drama pessoal de Isaura com uma crítica à escravidão e ao sistema opressor da época. Ao final, Isaura consegue superar as adversidades, conquistando sua alforria e encontrando um novo começo ao lado de Álvaro.

O enredo, marcado por elementos típicos do Romantismo, exalta valores como o amor idealizado, a virtude e a luta pela dignidade, ao mesmo tempo em que faz um apelo à causa abolicionista.

Tempo da narrativa

A história é ambientada “nos primeiros anos do reinado do Sr. D. Pedro II”, conforme o narrador. Esse período corresponde ao Segundo Reinado, que ocorreu entre 1840 e 1889.

Espaço em “A escrava Isaura”

Grande parte da trama ocorre em uma fazenda situada em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Outra parte da narrativa se desenrola em Recife.

Narrador da obra 

A história é narrada por um narrador onisciente, que demonstra um profundo conhecimento dos personagens. No entanto, ele também assume um papel de observador em diversos momentos, interagindo com o leitor e convidando-o a explorar os espaços narrativos.

Características principais 

Composta por 22 capítulos, a obra apresenta uma estrutura cronológica, ou seja, os eventos são relatados de forma linear, mas incluem alguns momentos de retrospectiva. Como parte do movimento do Romantismo no Brasil, o livro pertence ao gênero regionalista, evidenciando aspectos culturais e sociais do interior brasileiro.

A narrativa destaca as paisagens rurais e o estilo de vida dos habitantes do campo, que possuíam valores morais mais conservadores em comparação aos dos centros urbanos. Além disso, o livro idealiza o amor e a figura feminina, ao mesmo tempo, em que exibe traços de crítica abolicionista.

Tem contexto histórico

A obra foi criada e situada no contexto do Segundo Reinado (1840–1889), um período marcado por eventos de grande relevância histórica, como a promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850, que proibiu o tráfico de escravizados, e a Guerra do Paraguai, conflito que contribuiu para a decadência da monarquia brasileira.

Até a Abolição da Escravatura, em 1888, o movimento abolicionista buscou assegurar direitos aos escravizados, resultando em conquistas como a Lei do Ventre Livre, de 1871, e a Lei dos Sexagenários, de 1885. Assim, na segunda metade do século XIX, o tema da libertação dos escravizados foi amplamente debatido na sociedade.

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