Maria Firmina dos Reis: Vida e obra
Considerada a primeira romancista brasileira, a escritora esteve a frente de seu tempo
Maria Firmina dos Reis, nascida em 1822 em São Luís do Maranhão, é uma figura fundamental, porém pouco conhecida, da literatura brasileira do século XIX. Como uma das primeiras escritoras negras do país, sua obra desafia os padrões literários da época e dá voz a personagens marginalizados, especialmente mulheres e escravos.
Apesar de seu pioneirismo e da qualidade de sua escrita, Firmina dos Reis permaneceu no anonimato por décadas, sendo redescoberta apenas no final do século XX. Atualmente, a escritora é reconhecida justamente pelo seu pioneirismo e suas obras podem ser cobradas em provas de vestibulares e também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira abaixo um breve resumo sobre a escritora!
Maria Firmina: Vida e superação
Nascida em 11 de março de 1822 e falecida em 11 de novembro de 1917, Maria Firmina dos Reis fazia parte de uma família humilde, filha de uma escrava liberta e de um pai desconhecido. Desde cedo, enfrentou os desafios da pobreza e do preconceito racial em uma sociedade escravocrata. No entanto, sua inteligência e determinação a levaram a abrir uma escola para meninas em São Luís, tornando-se uma das primeiras professoras negras do Brasil.
Firmina dos Reis começou a escrever poesia ainda jovem, publicando seus primeiros trabalhos em jornais locais. Seu primeiro romance, “Úrsula”, publicado em 1859, é considerado o primeiro romance abolicionista e um dos primeiros romances escritos por uma mulher negra no Brasil. A obra narra a história de uma escrava que se apaixona por seu senhor, revelando as crueldades do sistema escravocrata e a luta pela liberdade.
Pioneirismo na literatura
“Úrsula” é um marco na literatura brasileira por diversas razões. Em primeiro lugar, a obra apresenta uma perspectiva inédita sobre a escravidão, dando voz a uma personagem feminina negra em um período em que as mulheres eram silenciadas e marginalizadas. Firmina dos Reis retrata a escravidão de forma crua e realista, sem romantizá-la, e mostra como o sistema desumanizava tanto os escravos quanto seus senhores.
Além disso, o romance se destaca pela qualidade literária. A prosa de Firmina dos Reis é fluida e poética, com descrições vívidas e diálogos convincentes. Ela utiliza recursos estilísticos como a ironia e a metáfora para criticar a sociedade escravocrata e defender a igualdade racial e de gênero.
Outro aspecto notável de “Úrsula” é a representação positiva da mulher negra. Ao contrário dos estereótipos comuns na época, Firmina dos Reis retrata suas personagens femininas como inteligentes, corajosas e dignas de respeito. A protagonista, Úrsula, é uma mulher forte e determinada que luta pela própria liberdade e pela de sua família.
Anonimato e resgate
Apesar de sua importância histórica e literária, Maria Firmina dos Reis caiu no esquecimento após sua morte em 1917. Sua obra não foi reeditada por décadas, e seu nome foi apagado dos manuais de literatura brasileira. Somente no final do século XX, com o crescimento dos estudos afro-brasileiros e feministas, sua obra foi redescoberta e resgatada do anonimato.
Em 1975, o pesquisador Horácio de Almeida publicou um artigo sobre Firmina dos Reis, trazendo-a de volta à atenção do público. Desde então, sua obra tem sido reeditada e estudada por pesquisadores e leitores interessados na história da literatura brasileira e na luta contra o racismo e o sexismo.
Hoje, Maria Firmina dos Reis é reconhecida como uma pioneira da literatura afro-brasileira e uma precursora da literatura feminista no país. Sua obra inspira escritoras contemporâneas e serve como um lembrete de que a história da literatura brasileira é muito mais diversa e plural do que tradicionalmente se apresenta.
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