Afinal, o que é verso? Para que serve e onde usá-lo

Saiba onde utilizá-lo para potencializar a expressividade dos textos. Leia agora!

O verso é um dos pilares da poesia, mas seu uso vai muito além dos poemas clássicos. Ele pode estar presente em músicas, slogans publicitários e até na prosa, conferindo ritmo e musicalidade ao texto. Mas, afinal, o que define um verso? Como ele se diferencia da prosa e qual a sua função na construção de significados e emoções?

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No artigo de hoje, nós vamos explorar o conceito de verso, suas aplicações e como ele pode ser utilizado para enriquecer diferentes formas de expressão escrita.

O que é verso?

O verso corresponde a cada linha que forma um poema. Ele pode variar em estrutura e é classificado conforme a quantidade de sílabas poéticas que contém. Eles se organizam em estrofes, que recebem denominações específicas de acordo com o número de versos que possuem.

Classificação dos versos

Nome do Verso Número de Sílabas Poéticas
Monossílabo 1 sílaba
Dissílabo 2 sílabas
Trissílabo 3 sílabas
Tetrassílabo 4 sílabas
Pentassílabo ou Redondilha Menor 5 sílabas
Hexassílabo 6 sílabas
Heptassílabo ou Redondilha Maior 7 sílabas
Octossílabo 8 sílabas
Eneassílabo 9 sílabas
Decassílabo 10 sílabas
Hendecassílabo 11 sílabas
Dodecassílabo ou Alexandrino 12 sílabas
Bárbaro Mais de 12 sílabas

Classificação das estrofes

Nome da Estrofe Número de Versos
Monóstico 1 verso
Dístico 2 versos
Terceto 3 versos
Quadra ou Quarteto 4 versos
Quinteto ou Quintilha 5 versos
Sexteto ou Sextilha 6 versos
Sétima ou Septilha 7 versos
Oitava 8 versos
Novena ou Nona 9 versos
Décima 10 versos

Nota: estrofes com mais de dez são incomuns, mas, se existirem, são simplesmente chamadas pelo número de versos que têm (por exemplo, uma estrofe de 11 versos).

Afinal, o que é verso? Para que serve e onde usá-lo (Foto: Unsplash).
Afinal, o que é verso? Para que serve e onde usá-lo (Foto: Unsplash).

Versificação

O verso é a unidade que compõe um poema. O processo de escrever um texto dessa forma é chamado de “versificação”. Assim, um poema pode ser estruturado com diferentes tipos de versos.

  • Versos livres

Os versos livres são aqueles que não seguem uma métrica ou rima fixa. Um exemplo disso é o poema “O cacto”, de Manuel Bandeira:

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas…
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

Versos brancos

Versos brancos são compostos com uma métrica, mas sem rima. Veja o exemplo de “Circular”, de Paulo Henriques Britto:

Originalidade não tem vez
neste mundo, nem tempo, nem lugar.
O que você fizer não muda coisa
alguma. Perda de tempo dizer
[…]

Versos regulares

Versos regulares possuem tanto métrica quanto rima. O poema “As cismas do destino”, de Augusto dos Anjos, ilustra bem esse tipo:

E a saliva daqueles infelizes
Inchava, em minha boca, de tal arte,
Que eu, para não cuspir por toda a parte,
Ia engolindo, aos poucos, a hemoptísis!

Metrificação

A metrificação de um poema envolve a criação de versos com o mesmo número de sílabas. Para isso, contamos as sílabas do verso até a última sílaba tônica. Quando a última sílaba de uma palavra termina com som de vogal e a primeira sílaba da palavra seguinte começa com som de vogal, elas são unidas na contagem, caso sejam átonas.

Vamos revisar a estrofe de Augusto dos Anjos para entender melhor:

E a- sa-li-va- da-que-les- in-fe-

  • -zes
    In-cha-va, em- mi-nha- bo-ca,- de- tal- [ar]-te,
    Que eu,- pa-ra- não- cus-pir- por- to-da a- [par]-te,
    Ia en-go-lin-do,- aos- pou-cos,- a he-mop-[tí]-sis!

    Nesse exemplo, os versos são decassílabos (dez sílabas), e a contagem é feita até a última sílaba tônica (marcada entre colchetes). A união de sílabas está destacada no texto.

    Exemplos de versos

    Agora, vamos analisar uma estrofe do poema “Dez”, de Cecília Meireles, observando a metrificação e a classificação de cada verso:

    Pa-ra- quem- tra-ba-lha o- fla-me-jan-te u-ni-VER-so?
    (verso alexandrino)
    Pa-ra- quem- se a-fa-di-ga a-ma-nhã- o- cor-po- do ho-mem- tran-si-TÓ-rio?
    (verso bárbaro)

    Pa-ra- quem- es-ta-mos- pen-san-do,- na- so-bre-hu-ma-na- NOI-te,
    (verso bárbaro)
    nu-ma- ci-da-de- tão- lon-ge,- nu-ma- ho-ra- sem- nin-GUÉM?
    (verso bárbaro)
    Pa-ra- quem- es-pe-ra-mos- a- re-pe-ti-ção- do- DI-a,
    (verso bárbaro)
    e- pa-ra- quem- se- re-a-li-zam- es-tas- me-ta-mor-FO-ses,
    (verso bárbaro)
    to-das- as- me-ta-mor-FO-ses,
    (redondilha maior)
    no- fun-do- do- mar- e- na- ro-sa- dos- VEN-tos,
    (verso hendecassílabo)
    nu-ma- vi-gí-lia hu-ma-na e- na- ou-tra- vi-GÍ-lia,
    (verso alexandrino)
    que- é- sem-pre a- mes-ma,- sem- di-a,- sem- NOI-te,
    (verso hendecassílabo)
    in-cóg-ni-ta e e-vi-DEN-te?
    (verso hexassílabo)

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