Medicina no Brasil: com 175 mil alunos, ainda vale investir na carreira?
Com a crescente quantidade de faculdades, surge a preocupação sobre a qualidade do ensino oferecido.

Nos últimos tempos, o Brasil tem registrado um aumento significativo no número de faculdades de medicina. Essa expansão foi principalmente no setor privado, responsável por mais de 80% das instituições de ensino. Diante dessa expansão, muitos se questionam: será que ainda vale a pena investir na carreira médica? Confira mais detalhes a seguir.
A concorrência e qualidade de ensino
Especialistas alertam que a expansão rápida pode comprometer a formação dos futuros médicos. Além disso, a forte concorrência por vagas nas universidades públicas tem levado muitos estudantes a optarem por instituições privadas, uma alternativa que nem sempre garante o mesmo nível de excelência acadêmica e prática.
A demanda por profissionais da saúde
O programa Mais Médicos, lançado em 2013, pelo governo federal, incentivou a abertura de novas vagas em faculdades de medicina, contribuindo ainda mais para a saturação do mercado. Com 175 mil estudantes matriculados em cursos de medicina, a pressão sobre o setor se intensifica.
O excesso de oferta e suas consequências
A crescente oferta de cursos de medicina tem gerado preocupações tanto entre estudantes quanto investidores. O alto custo do investimento, que pode ultrapassar R$ 500 mil, e a incerteza em relação à remuneração futura têm levado muitos a questionar a viabilidade da carreira.
Muitos alunos terminam a graduação com dívidas consideráveis, o que pode se tornar um peso em um cenário econômico desafiador, com altas taxas de juro.
A judicialização do ensino de medicina
Em 2018, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu a criação de novos cursos de medicina e a ampliação de vagas nas instituições existentes, justificando que as metas de expansão haviam sido atingidas.
Essa decisão resultou na judicialização do ensino, com muitas instituições recorrendo à Justiça para abrir novos cursos, o que gerou liminares que permitiram a atuação de faculdades sem a autorização do MEC.
Buscando melhores critérios de avaliação
O Inep anunciou recentemente mudanças na forma como os cursos da área da saúde serão avaliados, com foco em visitas presenciais para analisar a prática de formação dos alunos. Atualmente, a avaliação dos cursos é feita por meio do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), realizado ao final da graduação.
Uma ideia que tem sido cada vez mais discutida é a criação de um exame de qualificação para médicos formados, inspirado no modelo da prova da OAB para os advogados. No entanto, essa ideia ainda enfrenta resistência significativa por parte da sociedade e de diversos setores da área médica.
A perspectiva do mercado de trabalho
Imagem: Canva
As expectativas em relação ao mercado de trabalho para médicos são mistas. Enquanto a demanda por profissionais de saúde continua alta, a oferta excessiva de cursos pode levar a um cenário de desvalorização da profissão.
A necessidade de uma regulamentação mais rígida e critérios de qualidade mais claros é cada vez mais evidente. O verdadeiro desafio será equilibrar a oferta de cursos com a garantia de padrões elevados de formação.
O que esperar do futuro?
Investir na carreira de medicina no Brasil é uma decisão que deve ser bem ponderada. Apesar da alta demanda por profissionais, a saturação do mercado e as incertezas financeiras exigem uma análise cuidadosa. É fundamental que os futuros médicos estejam cientes dos desafios e das oportunidades que a profissão oferece.
A escolha por essa carreira envolve não apenas a paixão pela medicina, mas também uma reflexão sobre os custos financeiros da formação, as perspectivas de remuneração, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e as oportunidades de crescimento em um mercado que pode estar em constante transformação.