Memórias Póstumas de Brás Cubas: resumo e análise da obra
Este é um romance inovador de Machado de Assis, narrado por um protagonista que conta sua própria história após a morte.
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Memórias Póstumas de Brás Cubas
Os personagens
Brás Cubas: narrador-personagem, protagonista da história;
Virgília: amante de Brás Cubas e filha do conselheiro Dutra;
Conselheiro Dutra: ocupa um cargo de político e é pai de Virgília;
Lobo Neves: político e marido de Virgília;
Sabina: esposa de Cotrim e irmã de Brás Cubas;
Cotrim: marido de Sabina e tio de Nhã-Loló;
Nhã-Loló: pretendente de Brás Cubas e sobrinha de Cotrim;
Luís Dutra: primo de Virgília;
Dona Plácida: testemunha da relação entre Virgília e Brás Cubas; empregada de Virgília;
Quincas Borba: amigo de infância de Brás Cubas que se tornou filósofo e morador de rua;
Marcela: se envolveu com Brás Cubas na juventude;
D. Eusébia: amiga da família de Brás Cubas;
Eugênia: filha de D. Eusébia, conhecida por ser manca;
Prudêncio: escravo de Brás Cubas.
Resumo da história
O livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” começa com o protagonista, Brás Cubas, anunciando sua própria morte e narrando sua história. A pneumonia é a causa de sua morte, uma doença que Brás Cubas acreditava poder ser curada com um remédio imaginário chamado “emplasto”. Sem a realização desse remédio, Brás Cubas inicia seu relato descrevendo sua morte e o velório, que reuniu onze amigos, além de nove ou dez outras pessoas, segundo sua contagem.
O autor-defunto não se limita a falar sobre seu enterro. Ele também descreve sua vida com um olhar irônico e pessimista, abordando temas como a hipocrisia e a natureza humana.
Brás Cubas revisita eventos de sua infância, juventude e vida adulta, destacando sua relação com seu escravo, Prudêncio, e seu amigo de escola, Quincas Borba. O protagonista exibe uma atitude de superioridade em relação a Prudêncio e descreve o trágico destino de Borba, que se transforma em um filósofo, mas acaba como mendigo.
Entre as histórias que narra, está seu envolvimento com Marcela, uma mulher mais velha por quem se apaixonou na juventude. Apesar de o relacionamento ter sido baseado em interesses, Brás Cubas ressalta que Marcela o amou por alguns meses. Preocupado com essa situação, o pai de Brás Cubas decide mandá-lo estudar fora do país.
Cubas relata que se mudou para Coimbra, em Portugal, onde se formou em Direito. No entanto, ao retornar ao Brasil, ele se apaixonou por Virgília. Infelizmente, ela se casou com Lobo Neves, um homem de grande influência política, para melhorar sua posição social.
Apesar disso, o narrador revela que ele e Virgília continuavam a se encontrar secretamente em uma casa alugada para esse propósito, com a ajuda de Dona Plácida, empregada de Virgília, que acobertava seus encontros.
Eventualmente, o narrador também ingressa na política em busca de status, embora reconheça a mediocridade de seu trabalho. Ele percebe e comunica ao leitor que, no final das contas, as aparências eram o que mais importava.
Estilo literário
A obra de Machado de Assis marcou o início do realismo no Brasil, contrastando com o romantismo, que exaltava a vida burguesa. O realismo, em contrapartida, apresentava uma visão crítica e, no caso de Machado, uma abordagem irônica em relação à burguesia, o que resultou na rejeição dessa literatura por parte da classe burguesa. Além disso, o surgimento do realismo no Brasil ocorreu em um período político marcado por fortes tensões entre conservadores e progressistas, culminando na Abolição da Escravatura em 1888 e na Proclamação da República em 1889.
Dentro desse cenário, Machado de Assis, através de sua obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, conseguiu retratar a decadência da burguesia do Rio de Janeiro, associada ao conservadorismo. Com isso, o escritor ironizou os costumes da classe burguesa da época e criticou a futilidade e a hipocrisia presentes entre essas pessoas.
Análise literária
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” é narrado por um personagem que conta sua história após a morte, assumindo o papel de um “defunto-autor”. O narrador se dirige diretamente ao leitor, criando uma sensação de diálogo, um recurso conhecido como “interlocução”. A obra alterna entre o tempo cronológico, que segue os eventos da vida de Cubas, e o tempo psicológico, focado nas reflexões e memórias do narrador.
A história se passa principalmente no Rio de Janeiro, com destaque para o bairro da Gamboa, e inclui passagens em Coimbra, onde o protagonista estuda. O enredo é rico em metáforas, eufemismos e ironias, utilizados para criticar a burguesia da época. Além disso, a narrativa apresenta uma estrutura que evolui do início ao fim, refletindo uma nova fase literária de Machado.