Monteiro Lobato: quem foi, obras e características
Saiba mais sobre suas obras, que vão da literatura infantojuvenil à adulta, e suas principais características, como o realismo social e a crítica política.
Monteiro Lobato (1882-1945) é amplamente reconhecido como um dos maiores autores da literatura brasileira, especialmente no gênero infantojuvenil. Ao longo de seus 66 anos, ele se dedicou intensamente à escrita, sendo uma figura de destaque do pré-modernismo no Brasil.
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Sua obra mais famosa é a coleção “O Sítio do Picapau Amarelo”, composta por 23 volumes.
Além de autor de livros infantis, Lobato também foi contista, tradutor e ensaísta. Suas obras voltadas ao público adulto são conhecidas pelas fortes críticas sociais e políticas, enquanto seus livros para crianças misturam fantasia com elementos do folclore, ciência e história.
O grande Monteiro Lobato
José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté, São Paulo. Aos 13 anos, retirou o nome “Renato” de seus documentos, pois queria utilizar a bengala do pai, que trazia as iniciais “J B M L”.
Desde pequeno, Lobato demonstrava grande interesse pela língua portuguesa. Aos seis anos, em 1888, foi alfabetizado em casa por sua mãe, e no ano seguinte, começou a frequentar o Colégio Kennedy.
Em 1895, mudou-se para São Paulo para estudar. Após a morte do pai, em 1898, e da mãe, em 1899, foi morar com suas irmãs na casa do avô materno, no Visconde de Tremembé. Foi sob a influência do avô que Lobato, em 1900, ingressou no curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, concluindo sua formação em 1904.
Carreira literária
Durante esse período, Lobato se dividia entre suas duas grandes paixões: o desenho e a escrita. Ele pintava e também escrevia para jornais, como o acadêmico “O Onze de Agosto”, além de colaborar com os periódicos “O Povo” e “O Combatente”. Em 1905, retornou a Taubaté e iniciou um relacionamento com Maria da Pureza (1885-1959). No ano seguinte, assumiu o cargo de promotor público interino da cidade. Em 1907, mudou-se para Areias, onde também trabalhou como promotor.
Casou-se com Maria da Pureza em 1908, e em 1911, herdou terras após a morte de seu avô. Optou por viver na fazenda em Taubaté, parte da herança que recebeu.
Lobato ganhou destaque em 1914, ao publicar a carta “Uma velha praga” no jornal “Estado de São Paulo”. Logo depois, criou o famoso personagem Jeca Tatu. Três anos mais tarde, abandonou a vida na fazenda e se mudou para São Paulo, onde escreveu o artigo “Paranoia ou mistificação”, criticando o movimento modernista. Em 1918, adquiriu a Revista Brasil e, em 1920, fundou sua própria editora, Monteiro Lobato & Cia.
Em 1925, vendeu a Revista Brasil e, após enfrentar dificuldades financeiras, declarou falência de sua editora. Nesse mesmo ano, tornou-se sócio da Companhia Editora Nacional e mudou-se para o Rio de Janeiro. Dois anos depois, mudou-se para Nova York, onde assumiu o cargo de adido comercial. No entanto, com a crise econômica de 1929, precisou vender suas ações da editora.
Em 1930, perdeu o cargo de adido comercial após a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
Características das obras
Monteiro Lobato escreveu tanto para o público adulto quanto para o infantojuvenil. Em suas obras para crianças, destacam-se elementos como a criatividade, o espírito de aventura e uma abordagem educativa. Já suas obras voltadas para adultos se alinham ao movimento pré-modernista, com características como:
- determinismo;
- retratos de questões sociais;
- personagens rurais;
- influências do naturalismo;
- falta de idealizações;
- estilo direto e objetivo.
Lobato também se notabilizou como um contador de histórias, algumas delas controversas. Um exemplo é “O Presidente Negro”, que traz aspectos racistas dentro de uma narrativa naturalista. Além disso, o autor manteve-se, por certo período, vinculado a modelos realistas e abordou em seus textos temas de caráter nacionalista e de crítica social e política.
Principais obras de Lobato
Ao longo de sua carreira, Monteiro Lobato escreveu diversos contos, ensaios, cartas e crônicas. A seguir, estão alguns de seus títulos mais conhecidos voltados para o público adulto:
- “Urupês” (1918) – coletânea de contos;
- “Cidades Mortas” (1919) – coletânea de contos;
- “Negrinha (1920)” – coletânea de contos;
- “O Macaco que se Fez Homem” (1923) – coletânea de contos;
- “O Presidente Negro (1926)” – romance futurista;
- “Ideias de Jeca Tatu (1919)” – artigos e crônicas;
- “Mr. Slang e o Brasil (1927)” – série de artigos;
- “O Escândalo do Petróleo (1936)” – livro;
- “O Poço do Visconde (1937)” – livro;
- “A barca de Gleyre (1944)” – correspondência literária entre Lobato e Godofredo Rangel, acumulada por 40 anos.