Hora literária – conheça “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto
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![Hora literária – conheça "Morte e vida severina", de João Cabral de Melo Neto (Foto: Unsplash).](https://www.pensarcursos.com.br/blog/wp-content/uploads/2024/07/mel-poole-lBsvzgYnzPU-unsplash-750x430.jpg)
“Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, é uma peça teatral escrita em 1955, considerada uma das obras mais emblemáticas da literatura brasileira. Trata-se de um auto de Natal, estruturado em versos de redondilha maior, que acompanha a dura jornada de Severino, um retirante nordestino que abandona sua terra natal em busca de melhores condições de vida.
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No entanto, ao longo de sua travessia, ele se depara com uma realidade marcada pela miséria e pela morte, consequência da seca implacável que assola a região. Diante desse cenário desolador e da falta de perspectivas, Severino chega ao extremo de cogitar o suicídio, refletindo o desespero de tantos migrantes nordestinos.
Resumo de “Morte e vida severina”
Como mencionado, “Morte e Vida Severina”, escrito pelo pernambucano João Cabral de Melo Neto em 1955, é um dos textos mais marcantes da literatura brasileira. Trata-se de um auto de Natal que acompanha a jornada de um retirante nordestino em meio à dura realidade da seca e da miséria. A narrativa se passa em diversas vilas do Nordeste e culmina em Recife, retratando com profundidade o sofrimento dos migrantes da região.
O protagonista, Severino, representa a figura do sertanejo anônimo, um entre tantos Severinos que enfrentam as adversidades do sertão em busca de uma vida melhor. No entanto, em sua travessia, ele se depara constantemente com a pobreza extrema e a morte, refletindo a dura condição social do Nordeste. Desencantado com a própria existência, ele chega a considerar o suicídio, mas, ao final, a vida se impõe de maneira simbólica, reafirmando sua força mesmo diante das dificuldades.
A obra está inserida na Geração de 1945 do Modernismo brasileiro, destacando-se por sua linguagem econômica e objetiva, além da estrutura em versos de redondilha maior, que conferem musicalidade e ritmo ao texto.
Personagens
- Severino – Retirante protagonista da história.
- Dois homens carregando um defunto – Simbolizam a onipresença da morte no caminho do protagonista.
- Severino Lavrador – Primeiro defunto encontrado pelo protagonista.
- Severino, o segundo defunto – Mais um exemplo da repetição da tragédia sertaneja.
- Mulher na janela – Rezadora que dá notícias sobre trabalho e as dificuldades do sertão.
- Dois coveiros – Refletem sobre as diferenças entre ricos e pobres até na morte.
- Seu José – Morador de um mocambo à beira do rio, que simboliza a esperança ao final da história.
- Duas ciganas – Mulheres que fazem previsões sobre o futuro do recém-nascido.
Tempo da narrativa
Não exibe um tempo definido, o que a torna atemporal, reforçando a ideia de que a trajetória de Severino poderia ocorrer em qualquer época.
Espaço da obra
Os eventos se desenrolam em diferentes vilas do Nordeste brasileiro, passando pela Zona da Mata até chegar a Recife, onde o desfecho acontece.
Enredo
A história se inicia com a apresentação do protagonista, Severino, um retirante que deixa sua terra natal para tentar uma vida melhor. Ele logo encontra dois homens carregando um defunto, identificado como Severino Lavrador, o primeiro de muitos que ele verá ao longo de sua jornada. Seguindo o curso do rio Capibaribe, Severino percebe que o rio desapareceu devido à seca, mas continua caminhando por diversas vilas. Ele presencia o velório de mais um Severino, reafirmando a ideia de que sua história não é única, mas compartilhada por muitos outros sertanejos.
Cansado da viagem, o protagonista busca trabalho e pergunta a uma mulher na janela sobre oportunidades na região. Ela informa que há trabalho, mas não na lavoura, pois a seca devastou tudo. Sem opções, ele segue até a Zona da Mata, onde assiste ao enterro de um trabalhador rural e, em seguida, parte para Recife.
Já na capital, exausto, Severino se detém próximo ao muro de um cemitério e ouve a conversa de dois coveiros, que discutem sobre as diferenças entre os enterros de ricos e pobres. Isso apenas reforça seu sentimento de desesperança. Ele então caminha até um dos cais do rio Capibaribe e pensa em se jogar nas águas para pôr fim ao seu sofrimento.
No entanto, antes que tome sua decisão, é interrompido por Seu José, um morador de um mocambo à beira do rio. Severino pergunta se o rio é fundo, insinuando sua intenção suicida. Mas a conversa é interrompida por uma mulher que anuncia a José que ele acaba de se tornar pai. Os vizinhos e amigos comemoram o nascimento do bebê, trazendo presentes humildes, mas carregados de significado.
Entre os presentes, duas ciganas fazem previsões para o futuro da criança, descrevendo-a como frágil e magra, mas, ainda assim, símbolo de esperança. Seu José, percebendo o desespero de Severino, sugere que o recém-nascido é uma prova de que, apesar de todas as dificuldades, a vida sempre encontra um caminho para continuar.
O desfecho da obra contrapõe morte e vida, resignação e esperança, mostrando que, mesmo diante da miséria, há sempre um motivo para seguir em frente.
Características principais
Estrutura
A peça teatral “Morte e Vida Severina” é composta em versos de redondilha maior, com cada linha contendo sete sílabas poéticas. O texto é organizado em 18 fragmentos, que desempenham a função de cenas dentro da narrativa dramática.
Estilo literário
A obra se insere no contexto da terceira geração do Modernismo brasileiro, também conhecida como Geração de 1945. Entre suas principais características, destacam-se:
- Estrutura formal rigorosa;
- Enfoque no realismo social;
- Forte crítica sociopolítica;
- Valorização da cultura popular e das manifestações regionais.
Mensagem central
Apesar de toda a adversidade e sofrimento retratados na obra, a esperança persiste: no fim, a vida sempre triunfa.