Na semântica – afinal, o que é neologismo semântico?

Explore exemplos e entenda a importância da criação de novos significados em nosso vocabulário.

O neologismo semântico é um tipo de neologismo em que uma palavra já existente em uma língua ganha um novo sentido ou uso, ampliando seu significado original. Diferente do neologismo lexical, que cria termos totalmente novos, o neologismo semântico aproveita palavras que já fazem parte do vocabulário para expressar ideias novas ou adaptadas a contextos modernos.

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Esse fenômeno ocorre constantemente na língua, geralmente impulsionado por mudanças culturais, avanços tecnológicos ou a influência de outras línguas, como acontece quando palavras do inglês assumem significados específicos em português. O uso de neologismos semânticos demonstra a flexibilidade e adaptabilidade da língua, permitindo que se mantenha sempre atual e em sintonia com a evolução da sociedade.

Neologismo semântico

A língua, enquanto um sistema profundamente social, demonstra seu caráter dinâmico por meio de transformações constantes que refletem a diversidade e as necessidades de seus falantes. Mais do que um simples meio de expressar pensamentos e ações, a língua se torna um elo de interação que permite aos indivíduos se conectarem e se comunicarem de maneira única com o “outro”. Essa troca contínua reforça e solidifica as relações interpessoais, enriquecendo o convívio social e permitindo que a língua evolua conforme os contextos e experiências compartilhadas por seus usuários.

Pode-se afirmar que essa transformação está intimamente ligada à própria evolução da sociedade e às influências das variações sociolinguísticas a que os falantes estão expostos, especialmente no que diz respeito às mudanças históricas. Um exemplo clássico disso é a palavra “você”, que passou por uma série de modificações ao longo dos séculos: de “vossa mercê” a “vosmecê”, e então a “você”, “cê” e, por fim, “vc”, na escrita digital.

Novos sentidos

Outro aspecto que reflete o dinamismo da língua é a atribuição de novos sentidos a palavras já existentes, de maneira informal e sem a necessidade de um processo oficial de validação. Esse reconhecimento oficial ocorre apenas quando os termos se tornam amplamente utilizados e são incorporados aos dicionários, seguindo a mesma trajetória de muitos vocábulos que hoje consideramos parte do português corrente.

Independentemente de serem oficialmente reconhecidos, esses fenômenos linguísticos são reais e passíveis de análise e compreensão. Para entender melhor como funcionam, podemos examinar um exemplo comum de neologismo semântico, representado pela palavra “arara”:

  • “Nossa! O chefe ficou uma arara quando soube dos últimos acontecimentos.”

À primeira vista, “arara” remete a um tipo de pássaro. Contudo, ao considerar o contexto da fala e o efeito pretendido pelo emissor, percebemos que aqui o termo não descreve o animal, mas sim uma reação humana: um estado de extrema irritação.

Na semântica – afinal, o que é neologismo semântico? (Foto: Unsplash).
Na semântica – afinal, o que é neologismo semântico? (Foto: Unsplash).

Casos semelhantes ocorrem em outras expressões, como em:

  • “Não sei como aquela garota se presta a este papelão, pois parecia ser tão idônea!”

Neste caso, “papelão” em seu sentido literal se refere a um material grosso e resistente. Mas na frase, ele carrega a conotação de um comportamento vergonhoso ou desprezível. Essas mudanças de significado surgem e se consolidam com o tempo, enriquecendo a língua com nuances e possibilidades expressivas que refletem o cotidiano e as relações humanas.

Devido a um ato ilegal — uma ligação clandestina — o inquilino recebeu uma multa. Neste caso, a expressão “fazer um gato” refere-se à instalação direta na rede elétrica, o que além de perigoso, constitui uma infração legal, visto que o usuário se isenta do pagamento de tarifas obrigatórias. Curiosamente, a palavra “gato”, que originalmente designa o animal, assume nesse contexto um significado figurado.

Esse exemplo ilustra a profunda influência da língua nas relações sociais, ao refletir a cultura de uma comunidade e moldar a forma como ideias e pensamentos se expressam. O entendimento que o falante possui do vocabulário e das estruturas da língua, aliado ao contexto em que o discurso se realiza, permite que sentidos novos e informais surjam, enriquecendo o idioma e revelando traços culturais únicos.

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