Conto fantástico – principais autores, características e obras

Explore suas principais características, autores icônicos e obras que desafiam a lógica e despertam a imaginação, misturando o real e o sobrenatural.

O conto fantástico é uma narrativa breve caracterizada pela inserção de elementos sobrenaturais, os quais não têm explicações lógicas ou racionais. Esse gênero literário também abrange romances, novelas e até poemas. Entre os autores que se destacam nesse tipo de conto estão Edgar Allan Poe, Gabriel García Márquez, Machado de Assis e Murilo Rubião.

Leia também: Literatura – análise de “Dois irmãos”, de Milton Hatoum

Conto fantástico – o que é?

Um conto é uma forma narrativa breve que se distingue tanto do romance quanto da novela. Enquanto o romance se caracteriza por uma estrutura extensa e detalhada, a novela ocupa uma posição intermediária, com um desenvolvimento maior que o conto, mas sem a complexidade do romance.

No conto, a história é mais compacta e objetiva, conduzindo o leitor rapidamente ao clímax e à resolução. Como toda narrativa, o conto conta com personagens, cujas ações são o motor da trama, e se desenrola em um tempo e lugar específicos. Além disso, toda narrativa exige um narrador, que pode ser um personagem da história, uma figura onisciente que sabe tudo sobre os eventos, ou um observador externo que apenas descreve os acontecimentos.

Conto fantástico – principais autores, características e obras (Foto: Unsplash).
Conto fantástico – principais autores, características e obras (Foto: Unsplash).

Literatura fantástica

A literatura fantástica abrange obras que introduzem elementos impossíveis ou sobrenaturais, desafiando as leis naturais do mundo real. Os eventos e personagens que a compõem muitas vezes possuem características que transcendem a realidade, mergulhando em mundos surreais ou mitológicos.

Esse gênero literário inclui uma variedade de formas, como contos, novelas, romances e até poemas, sempre com a presença de elementos fantásticos. Sua origem remonta aos séculos XVIII e XIX, com muitas narrativas infantis, juvenis e de terror explorando essa dimensão imaginativa e fantástica.

Resumo sobre o conto fantástico

  • O conto, como uma narrativa curta, possui personagens, ações, tempo e espaço definidos.
  • O conto fantástico, especificamente, é marcado pela inclusão de elementos sobrenaturais, mitológicos ou surreais.
  • Edgar Allan Poe, autor norte-americano, é um dos principais nomes que se destacam nesse gênero.
  • No Brasil, autores como José J. Veiga e Murilo Rubião também são referências na literatura fantástica.

Quais são as características?

O conto fantástico é uma narrativa breve que se caracteriza pela presença de elementos sobrenaturais, situações que desafiam a explicação lógica e racional, personagens provenientes de mitos e lendas, fenômenos irreais e a quebra de sentido comum, com um toque de absurdo.

Essas histórias têm o poder de gerar surpresa, medo e até mesmo emoções intensas; no entanto, o gênero fantástico também pode ser uma ferramenta poderosa para provocar reflexão sobre temas sociais, culturais e políticos. Assim, vai além do simples entretenimento, oferecendo uma oportunidade para a crítica e a introspecção.

Autores de conto fantástico no mundo

AUTOR CONTO ANO
Irmãos Grimm

(alemães)

O príncipe sapo 1812
Hans Christian Andersen

(dinamarquês)

A pequena sereia 1837
Edgar Allan Poe

(estado-unidense)

Ligeia 1838
Oscar Wilde

(irlandês)

O fantasma de Canterville 1887
W. W. Jacobs

(inglês)

A mão do macaco 1902
F. Scott Fitzgerald

(estado-unidense)

O curioso caso de Benjamin Button 1922
Russel Maloney

(estado-unidense)

Lógica inflexível 1940
Jorge Luis Borges

(argentino)

O outro 1975
Gabriel García Márquez

(colombiano)

Maria dos Prazeres 1979

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Exemplo de conto fantástico

Nesse dia, o andar firme, seguiu em linha reta, evitando as ruas transversais, pelas quais passava sem se deter. Atravessou o centro urbano, deixou para trás a avenida em que se localizava o comércio atacadista. Apenas se demorou uma vez — assim mesmo momentaneamente — defronte a um cinema, no qual meninos de outros tempos assistiam a filmes em série. Fez menção de comprar entrada, o que deveras me alarmou. Contudo, sua indecisão foi breve e prosseguiu a caminhada. Enfiou-se pela rua do meretrício, parando a espaços, diante dos portões, espiando pelas janelas, quase todas muito próximas do solo.

Em frente a uma casa baixa, a única da cidade que aparecia iluminada, estacionou hesitante. Tive a intuição de que aquele seria o instante preciso, pois se Cris retrocedesse, não lograria outra oportunidade. Corri para seu lado e, sacando do punhal, mergulhei-o nas suas costas. Sem um gemido e o mais leve estertor, caiu no chão. Do seu corpo magro saiu a lua. Uma meretriz que passava, talvez movida por impensado gesto, agarrou-a nas mãos, enquanto uma garoa de prata cobria as roupas do morto. A mulher, vendo o que sustinha entre os dedos, se desfez num pranto convulsivo. Abandonando a lua, que foi varando o espaço, ela escondeu a face no meu ombro. Afastei-a de mim, e, abaixando-me, contemplei o rosto de Cris. Um rosto infantil, os olhos azuis. O sorriso de massa.

RUBIÃO, Murilo. A Lua. In: ______. Obra completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.