O Fantástico na literatura brasileira: saiba mais sobre esse elemento narrativo
O fantástico está presente em diversas manifestações literárias.
A presença do fantástico na literatura brasileira é um tema fascinante que permeia diversas obras e gêneros literários ao longo da história do país. O fantástico, enquanto elemento narrativo, transcende a realidade cotidiana e introduz elementos sobrenaturais, mágicos ou inexplicáveis nas tramas, desafiando as fronteiras entre o real e o imaginário.
Grosso modo, o fantástico pode ser entendido como qualquer elemento literário relacionado ao sobrenatural e ao extraordinário. A seguir, analisaremos a influência e a manifestação desse elemento na literatura brasileira, desde suas raízes folclóricas até suas expressões contemporâneas.
O Fantástico nas Vanguardas Literárias
No contexto das vanguardas literárias do século XX, o fantástico também marcou presença na literatura brasileira. O Modernismo, por exemplo, trouxe uma ruptura com as formas tradicionais de narrativa e abriu espaço para a experimentação e a inserção de elementos fantásticos nas obras.
Autores como Mário de Andrade, com seu livro “Macunaíma“, e Guimarães Rosa, com suas narrativas repletas de elementos mágicos e surreais, exploraram o fantástico de maneira inovadora, enriquecendo o cenário literário nacional.
O Realismo Mágico na literatura contemporânea
O Realismo Mágico, movimento literário que teve grande impacto na literatura latino-americana, também deixou sua marca na literatura brasileira. Autores como Jorge Amado, com obras como “Gabriela, Cravo e Canela”, e Gabriel García Márquez, com seu célebre livro “Cem Anos de Solidão”, incorporaram elementos fantásticos em narrativas realistas, criando universos ficcionais ricos em simbolismo e magia. Essa fusão entre o real e o fantástico continua a influenciar escritores contemporâneos, que exploram novas formas de representar a realidade por meio do maravilhoso e do inexplicável.
O Fantástico e a identidade nacional
A presença desse elemento na literatura brasileira também se relaciona com a construção da identidade nacional. Ao incorporar elementos folclóricos, mágicos e sobrenaturais em suas obras, os escritores brasileiros contribuem para a valorização e a preservação de uma herança cultural única. Essa literatura fantástica, muitas vezes, reflete as aspirações, os medos e as contradições de uma sociedade em constante transformação, servindo como um espelho para a compreensão de si mesma.
Ferramenta de crítica social
Além de sua função estética e identitária, esse elemento, nas obras brasileiras, também pode ser utilizado como uma ferramenta de crítica social. Ao criar mundos ficcionais onde o insólito e o extraordinário coexistem com o cotidiano, os autores têm a oportunidade de refletir sobre questões sociais, políticas e éticas de maneira indireta e simbólica. Essa abordagem permite que temas delicados ou controversos sejam abordados de forma mais acessível e palatável para o leitor, promovendo uma reflexão mais profunda sobre a realidade.
O fantástico nas obras brasileiras
Algumas obras brasileiras que trazem esse elemento fantástico incluem:
- “A luneta mágica” de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882): Nesta obra, o elemento fantástico é a luneta mágica, um objeto sobrenatural que permite ao protagonista ver o passado e o futuro.
- “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis (1839-1908): O fantástico nesta obra consiste no fato de a história ser narrada por um morto, o defunto Brás Cubas, apresentando um caráter sobrenatural, embora utilizado de forma irônica pelo autor.
- “Sítio do Picapau Amarelo” de Monteiro Lobato (1882-1948): Nesta obra infantil, o elemento fantástico é a presença de personagens mitologicos brasileiros, como o Saci-Pererê, o Curupira e a Iara, que interagem com as crianças no Sítio.
- “Macunaíma” de Mário de Andrade (1893-1945): Neste romance modernista, o herói Macunaíma possui poderes mágicos e passa por transformações sobrenaturais ao longo da narrativa.
- “Incidente em Antares” de Erico Verissimo (1905-1975): Nesta obra, o elemento fantástico é a ressurreição dos mortos, que voltam à vida para testemunhar e comentar os acontecimentos da cidade de Antares.
- “O coronel e o lobisomem” de José Cândido de Carvalho (1914-1989): Neste romance, o elemento fantástico é a presença do lobisomem, uma criatura sobrenatural da mitologia brasileira, que assombra o coronel Ponciano.
- “A guerra no Bom Fim” de Moacyr Scliar (1937-2011): Nesta obra, o elemento fantástico está presente na figura do Golem, uma criatura da mitologia judaica, que ganha vida para proteger a comunidade judaica do Bom Fim, em Porto Alegre.
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