O movimento Arcadista: principais características

Iniciado em 1768, o movimento também é conhecido como Neoclassicismo.

Arcadismo é um termo que remonta à antiga Grécia, referindo-se a uma região pastoral idílica localizada na península do Peloponeso. No entanto, o conceito de arcadismo transcendeu as fronteiras geográficas e históricas, tornando-se um tema recorrente na literatura, na arte e na filosofia ao longo dos séculos. Sendo assim, o movimento arcadista chegou ao Brasil, tornando-se uma das principais escolas literárias.

O arcadismo é frequentemente associado a uma visão idealizada e utópica da natureza e da vida simples, em contraste com a civilização e a modernidade. Além disso, o movimento visava retomar as temáticas da Antiguidade greco-latina e pela ênfase em descrições bucólicas da natureza. Entenda mais a seguir.

Entendendo o movimento arcadista

A região de Arcádia era vista como um lugar de beleza natural e harmonia, onde os pastores viviam em simbiose com a natureza. A mitologia grega retratava a Arcádia como um paraíso terrestre, onde os deuses viviam em paz e harmonia com os mortais. O mito de Pan, o deus da natureza e da caça, é um exemplo da relação entre os humanos e a natureza na Arcádia. 

Arcadismo na Renascença

Na Renascença, houve uma redescoberta do mito arcádico, que influenciou a arte e a literatura da época. Artistas como Rafael e Ticiano retrataram a Arcádia como um local de beleza e harmonia, onde os humanos viviam em paz com a natureza. A Arcádia também foi retratada como um local de inspiração e criatividade, onde os artistas e os intelectuais podiam se reunir e compartilhar suas ideias. 

Arcadismo na literatura e na arte moderna

A ideia de arcadismo continuou a influenciar a literatura e a arte moderna, especialmente no Romantismo do século XIX. Poetas como William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge retrataram a natureza como um local de inspiração e beleza, em oposição à civilização e à modernidade. Na arte moderna, o arcadismo foi retratado em obras de artistas como Pablo Picasso e Henri Matisse, que retrataram a natureza e a vida simples como uma fonte de inspiração e beleza. 

Arcadismo e filosofia

O arcadismo tem uma relação estreita com a filosofia, especialmente com a busca pela simplicidade e a harmonia com a natureza. Filósofos como Henry David Thoreau e Ralph Waldo Emerson defendiam a vida simples e a harmonia com a natureza como uma forma de encontrar a felicidade e a realização pessoal. O movimento também tem uma relação estreita com o transcendentalismo, uma filosofia que enfatiza a busca pela verdade e a espiritualidade através da natureza e da introspecção. 

Arcadismo no Brasil

No Brasil, o movimentocomeçou em 1768 com a publicação de “Obras Poéticas” de Cláudio Manuel da Costa. O movimento teve três tipos de manifestações literárias no Brasil: líricas, satíricas e épicas.

 As obras líricas, como “Marília de Dirceu” de Tomás Antônio Gonzaga, seguem alguns preceitos latinos, como a necessidade de fugir da cidade para atingir a plenitude e a felicidade, a exaltação do ambiente rural e a busca pelo equilíbrio do ouro. Já as obras satíricas, como as cartas de Tomás Antônio Gonzaga, contêm críticas ferozes indiretamente voltadas ao governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses. No entanto, o Arcadismo brasileiro também teve duas obras de teor épico: “O Uraguai”, de Basílio da Gama, e “Caramuru”, de Santa Rita Durão. 

“O Uraguai” relata um episódio de combate, enquanto “Caramuru” é uma obra que antecipa a figura do índio heroico, elemento que aparecerá na fase indianista do romantismo brasileiro. Alguns dos principais autores do Arcadismo brasileiro são Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. 

O Arcadismo no Brasil também teve uma forte relação com a música, especialmente com a música sacra. Músicos como José Maurício Nunes Garcia e Sigismundo da Silva e Oliveira, conhecido como Frei José Marinho, compuseram obras inspiradas no Arcadismo, como oratórios e cantatas. A música arcádica brasileira é caracterizada por uma harmonia simples e uma melodia suave, em contraste com a música barroca anterior.

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