O que conforto tem a ver com aprendizagem?

Você sabe qual é um dos recursos mais eficazes para a aprendizagem? É a sensação de conforto. E por quê?

Simplesmente porque é através do conforto que ficamos mais aptos a aprender algo. E quem diz isso não sou eu. Quando estamos mais confortáveis, nosso cérebro aprende melhor e mais rápido.

Quando somos colocados em um ambiente em que não estamos acostumados, ou não nos sentimos seguros, não ficamos confortáveis. E em termos de cérebro, isso significa o que?

 

Agindo por instintos

Quando sentimos medo ou receio de uma situação – um simples seminário no colégio – nosso cérebro para de operar racionalmente. Os instintos começam a funcionar.

Ou seja, a área mais primitiva do nosso cérebro começa se ativa. Tudo nos parece ser uma ameaça em potencial. Sentimos os calafrios e os músculos enrijecendo.

Isso é herança de nosso passado, quando humanos precisavam fugir de predadores. O corpo era “preparado” pelo organismo, para uma situação de extremo esforço físico.

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Além disso, instintos são uma resposta automática, a uma situação geneticamente aprendida. Vemos um cachorro rosnando: no nosso inconsciente, existe a ideia de que um cachorro pode atacar, logo, não temos tempo de pensar, precisamos só agir.

Isso é parte das raízes da indisciplina escolar.

 

O ambiente hostil da escola

A escola não deveria ser um ambiente hostil. Mas muitas vezes ela é. Mesmo que seja uma escola humanista, construtivista, afinal, o público de uma escola são crianças, e elas ainda não têm o cérebro totalmente formados.

Então, os cérebros infantis só carregam as heranças genéticas da humanidade pré-histórica. As informações sobre a sociedade “humana”, propriamente dita, são construídas ao longo dos primeiros 20 anos de vida, mais ou menos.

Logo, uma situação simples – o primeiro dia de aula – se torna ameaçadora, em alguma escala: é um ambiente novo, pessoas novas, situações novas.

Então, a criança age como seu cérebro, ainda instintivo orienta: gritas, chamar pela mãe, eventualmente correr e se esconder, em alguns casos “atacar”. Outro detalhe é: se adaptar a essas mudanças não é algo que acontece de um dia para o outro.

Assim, mesmo um adolescente de quinze anos ainda pode passar por essas reações.

 

Alunos difíceis ou alunos acuados?

Alunos “complicados”, por vezes, são apenas jovens amedrontados. Claro que há aqueles em que o componente social (vulnerabilidades e similares) influencia a personalidade. Mas de qualquer modo, o principal aqui é essa ideia: a do medo.

Esses alunos, que por vezes são chamados de “difíceis”, “complicados”, entre tantos outros termos, na verdade são alunos acuados.

Estão vivenciando situações novas, e sem saber como lidarem com elas, e mais importante até, sem sentirem conforto nelas, respondem instintivamente.

Enfrentar esse medo não é tarefa simples. E não significa “deixar fazer o que quiser”. Antes, é um trabalho de educação social, para que o aluno sinta a escola, enfim, como sua “segunda casa”, de fato.

Quando o aluno se sente confortado, ele, ao menos, estará mais apto a responder racionalmente às situações de desconforto.

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